Vou usar o Rubinho, e a velha questão da “fé e da dúvida”, levantada em seu Blog como gancho para dar início a esse novo espaço.
O problema todo se localiza em que nem toda certeza é fé, ou mais sério ainda, nem toda certeza é realmente certa. Daí o antigo debate teológico e filosófico entre a fé e a razão.
Dúvida e razão casam-se bem. Normalmente a dúvida é o sinal de fome do intelecto. (Exatamente hoje cientistas europeus estão dando início a uma pesquisa no valor de US$ 8.000.000.000, tida como o experimento mais caro do mundo, para satisfazer essa fome de saber).
Teria a fé um elemento intelectual? Evidentemente sim. Mas também é óbvio que ela não para só no intelecto, se não seria puro saber, e não fé. Além disso, sabemos que a fé se aventura em assuntos, lá não muito racionais para boa parte das pessoas. A fé tem um forte elemento espiritual. Assim como o amor é espiritual.
Outro exemplo: os primeiros discípulos (como Tomé) creram em Jesus ressuscitado, pois eles tiveram uma experiência empírica com o Senhor ressurreto. Ou seja, uma fé, naquilo que viram e experimentaram. Não uma fé irracional. Com certeza aqueles primeiros discípulos não exigiam que outros que não tiveram a mesma experiência que eles, cressem assim cegamente. Afinal eles mesmos não acreditaram no início... Por isso, segundo o Novo Testamento, os milagres acompanharam a pregação, como confirmador (empírico) da mensagem.
É verdade, certas experiências com Deus produzem uma fé, que não deixa mais espaço para a dúvida (em determinada área). Mas como não somos oniscientes, permanecem ainda muitos pontos de interrogação em outras áreas. E boa parte dessas dúvidas é saudável. Algumas de fato não levam a lugar nenhum e outras podem até mesmo levar ao tropeço.
Porém o maior perigo não está na dúvida, mas na certeza. Pois os certos, geralmente não mudam de opinião. E correm o risco de também não mudarem de assunto, tornando-se assim em perfeitos fanáticos. De gente assim, seitas de todo tipo, em todo mundo, estão cheias.
Bom prólogo! Quero mais! Vocês não vão parar agora, né? Vamos lá: fé, dúvida, crença, razão, confiança, espiritualidade, experiência, ... cavem mais que tem mais coisa aí!!!
ResponderExcluirAh, Roger, eu sabia que vc não ia se afastar da net... e não era fé!!!
Rubinho,
ResponderExcluirte invejo por conseguir criar um Blog longe destas questões religiosas. E só atracar nelas de vez em quando.
Já o Alysson, o Luiz ou o Beto, eu invejo pois são escritores literatos, com talento nato para trabalharem e brincarem com nossa língua mãe. O Brabo, nem se fala...
Outros como o Felipe, Vítor, Volney, Lou e Alex, são teólogos. Gente que já estudou e leu bastante coisa da matéria desde criancinha.
Mas quando deixo a inveja de lado, e enquanto tiver gente assim por perto, não tem jeito mesmo de parar.
Bem aventurada a fé cheia de dúvidas. Mais um bom blog no pedaço :-)
ResponderExcluirTenho crido que a teologia é mesmo libertadora por definição. Ela deve ser o produto de experiências libertadoras.
ResponderExcluirValeu pelo novo espaço.
Abração.
Gostei muito Roger!
ResponderExcluirComeçou perfeitamente!
Roger,
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pela coragem de iniciar este novo projeto! Espero estar mais perto agora.
Aliás, sobre o que você escreveu aqui, gostaria de comentar algumas coisas.
Quando se olha para uma definição, como essa descrita no primeiro versículo do capítulo 11 de Hebreus, a primeira coisa que nos vem à mente é uma pergunta. Se há um texto nos dizendo que fé é alguma coisa, é porque alguém perguntou “o que é fé?”. Portanto, a fé já nasce com um questionamento, com uma dúvida.
Opa! Mas aqui tem uma palavra contrária à dúvida, que é “certeza”. Certeza de quê, afinal? “Daquilo que esperamos”, nos responde as Escrituras. Prova? De quê? “Das coisas que não vemos”, nos responde novamente as Sagradas Escrituras.
Como pode haver dúvida e certeza juntas? Apenas através da fé. Através desta palavra, da fé, nos sentimos tocados por algo que ultrapassa as nossas dúvidas e certezas. Por mais necessário que seja, ter dúvida apenas ou ter certeza apenas não é o mais importante. É preciso dúvida, é preciso certeza, e as duas convivem juntas numa relação de aprendizado do que é fé.
Se fé não estiver para além de todas as nossas dúvidas e certezas, sinto dizer que aquela luz no finalzinho do túnel ainda não foi visualizada por nós. Falta algo na nossa vida por causa disso. O amanhã fica mais e mais sombrio.
Não prendamos a fé à certeza, porque isto se torna idolatria. Não prendamos a fé à dúvida, porque isto se torna indiferença. Simplesmente deixemos a certeza transformar-se em dúvida e a dúvida transformar-se em certeza. Assim, estaremos regando aquela sementinha de mostarda, sobre a qual Jesus falara (Lc 17,6), que crescerá e dará frutos.
Um abraço.
Já estou gostando dessa nova plataforma, só de ver o rosto de vocês ao lado dos comentários já é uma alegria a parte.
ResponderExcluirTuco, Alysson, Vitor e Felipe, obrigado pelas generosas palavras.
Estamos aqui também para apoiá-los nessa saga de fé intelectual e questionadora de ser um cristão consciente.
Grande beijo,
Roger
PS: Vítor, seu penúltimo Post no Bereanos já me fez escarafunchar nas bibliotecas aqui e descobrir os livros do Rudolfo. Quaquer dia eu encaro, nem que seja um capítulo dele.