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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Screwtape: O demônio mentor *

“Morra! Antes de morrer, não há nenhuma chance de morrer depois.”

C. S. Lewis

A libertação plena começa abandonando o clamor da vontade própria, uma vez feito isso, a natureza humana encontrará restauração e satisfação em Deus.

Fronteiriço, cito o termo fronteiriço – sem conhecer a definição – porém, entendo, de forma leiga, tratar-se de uma área da psicologia que reza sobre um círculo da mente desequilibrada, uma espécie de transtorno psíquico, e a normalidade.

Quem é você? O que levaria uma pessoa ao descontrole? Podemos destacar vários sintomas evidenciados: falta de afetividade, falta de relacionamentos saudáveis e, conseqüentemente, falta de aceitação, crise nervosa, críticas, julgamento etc. Daí percebe-se, em algumas pessoas, esconderem-se sob a aparência saudável. Recorrem à dissimulação benevolente, como se não conseguissem penetrar nos motivos de sua conduta. ² Ou distúrbios internos não resolvidos, portanto, dominados pela supremacia do prazer individual reagem, às vezes, de forma agressiva. Na verdade, há um controle implícito. Uma amarra potencialmente perigosa. Suscetível a qualquer influência ou estímulo o qual pode ativar um comportamento nocivo.

Não obstante, indivíduos cujas ações beiram barbáries, tragédias familiares, mentes criminosas e o acúmulo de tensões nervosas que, mais tarde, explodem sob a forma selvagem. Simulacros andantes infiltrados. Um impostor. Ora, nas palavras de Brennan Manning:

“Os impostores se preocupam com a aceitação e a aprovação. Por causa da sufocante necessidade de agradar outros, não conseguem dizer não com a mesma confiança que dizem sim. Por isso fazem das pessoas, dos projetos e das causas uma extensão de si mesmos, motivados não pelo comprometimento pessoal, mas pelo medo de não atingir as expectativas dos outros. (…) O falso eu se vale de experiências externas para construir uma fonte pessoal de significado. A busca por dinheiro, poder, glamour, proezas sexuais, reconhecimento e status realça o mérito pessoal e cria a ilusão de sucesso. O impostor é o que faz.”.³

Estou ciente que o tema é amplo. Porém, sem negar a responsabilidade humana, quero apontar com muita prudência, outro aspecto. Nos tempos longínquos, antigos orientais, especificamente o Egito antigo, relatam fatos estranhos de possessão demoníaca. Além das condições psíquico-sociais, portanto, racionalmente possíveis.

De espaço a espaço, de tempos em tempos, de concessão a concessão a natureza humana , enfim, revela-se. Obscuridade! Nem sempre. Ora, a palavra diabo possui origem da raiz lançar. Ou seja, aquele que lança sobre a abertura para nos tornar quem somos. Aquele que desvia o caminho e tenta nos seduzir pelas estradas laterais da vida.

Nessa altura, não possuo resposta simples, mas diante das circunstâncias devemos perguntar quem é realmente o inimigo. Aonde está. Ou, talvez, perguntar quem é o mentor.

(1) Personagem título em Cartas do Diabo ao seu jovem aprendiz de C. S Lewis

(2) Nietzsche. Humano, Demasiado Humano.

(3) Brennan Manning, O impostor que vive em mim. Textus, p.39

2 comentários:

  1. Roger,

    Puxa, você conseguiu juntar C. S Lewis, Nietzsche e Brennan Manning, no texto. Gostei.

    Abraço.

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  2. Oi Juber,
    que bom vc gostou, mas as honras vão para o Chagas!
    Um grande abraço virtual para vocês dois!
    Roger

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