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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Teologia: " A morte de Deus!"

A morte de Cristo não é entendida por muitos. Outros rejeitam à interpretação apresentada. Trata-se de um paradoxo! Ora, não existe lógica na teologia do sacrifício. Apenas aceitação. Isto requer motivação e confiança nas promessas. Do contrário, o sofrimento e sacrifício perdem o sentido. Temos nossas causas, dores, sofrimentos, lutas e injustiças. Afinal, quem clamaria por um Deus derrotado, fraco e morto? Deus abriu espaço abdicou de seu poder e se fez fraco, “…isto é o meu corpo que é partido por vós;… E por amor, Ele se aproximou de nós. De fato, é uma questão expressiva e necessária para nossa compreensão:

Para iluminar nosso entendimento, podemos dizer que estamos diante de nosso primeiro elemento:

De acordo com Dietrich Bonhoeffer, em suas cartas da prisão, falando acerca da “morte de Deus”, (devido expressões estranhas de: Ludwig Feuerbach - Deus é alienação, de Laplace – Deus é uma hipótese desnecessária e de Nietzsche - Deus morreu! Deus continua morto! E nós o matamos!!,) Bonhoeffer argumenta… “…na direção da autonomia do homem… completou-se, de certa forma, em nossa época. O homem aprendeu a lidar com todas as questões de importância sem recorrer a Deus como uma hipótese funcional… Cada vez torna mais evidente que tudo funciona normalmente sem Deus. Já se admite que o conhecimento e a vida são perfeitamente possíveis sem ele.” Dietrich Bonhoeffer, Cartas da Prisão,Nova York: Mc Millan 1962, 208

Pois bem, nosso segundo elemento e primeira tentativa encontra força no argumento do teólogo Juan Segundo, citando Santo Agostinho:

“Pode, assim, recolher a citada frase de Paulo (Qual? II Coríntios 5:15,16) - E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo.) (inserção e grifo meu). Sobre o duplo conhecimento de Cristo e levar esta notável asserção até as últimas conseqüências, numa das frases mais radicais escritas a propósito do condicionamento humano assumido pelo Deus-verdade com uma Encarnação: “O próprio Senhor, enquanto se dignou ser nosso caminho, não quis nos reter, apenas quis passar” Para que nós caminhássemos, era, pois, necessário que ele se perdesse de vista…”

Nestas conjunções e articulações, Jon Sobrinho traz uma contribuição para nossa segunda tentativa:

“O negativo da história não pode ser aprendido sem mais no horizonte de uma história universal, pois a negatividade é precisamente o que impossibilita a compreensão totalizante da história. Não se pode incluir o negativo na totalidade como se fosse um elemento a mais, mas é na superação do negativo concreto que se vai abrindo a história, sem poder decidir de antemão em que consiste a totalidade. Enquanto houver a dor, a miséria e a injustiça a história não pode ser compreendida em sua totalidade, a não ser ao modo de esperança contra a esperança, e isso inclusive depois da ressurreição de Jesus. Pretender conhecer a totalidade ignorando eficazmente o clamor da negatividade não é possível na teologia cristã.” (grifo meu).

O apóstolo Paulo em (I Coríntios 15:28,31) escreveu: “E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor.”

Neste ponto, preciso confessar que alegro meu coração: Pois, segundo Brian Mclaren, “Paulo abandona a descrição clara em forma de prosa e lança mão novamente da metáfora da colheita. Este corpo terreno de carne e sangue, diz ele, é plantado na morte como uma semente no solo. O ‘corpo celestial’ que cresce da semente é tão diferente (ainda que estejam relacionados) de nosso corpo atual como um pé de trigo é diferente (embora também relacionado) da semente da qual germinou. Existe continuidade, mas também existe continuidade. O que é perecível, desonroso e fraco, é ressuscitado imperecível, glorioso e poderoso”. Mclaren, D. Brian. A Mensagem Secreta de Jesus. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007.

Pois bem, firmamos nossas convicções de conciliar o sofrimento, a frustração e a derrota com a esperança de um final feliz. A ressurreição é um acontecimento escatológico irrevogável. Paul Tillich disse que “A Cruz é um fato altamente provável, a ressurreição é uma experiência misteriosa de uns poucos” A história se reorganiza porque Deus continua ativo… Isto é, fundamental, pois justamente na ressurreição Jesus responde nossas dúvidas. Então, mesmo sendo contraditório, acreditamos nAquele que morreu para, enfim, vivermos. Na Cruz, vimos Jesus em fraqueza por amor aos filhos de Deus. Inclusive, foi predito pelo profeta (Isaías 52:13) – “Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.”

Amém.

Chagas,francisco. Vibrações da alma, Icthus. p.137

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