Para os olhares mais atentos dos que estiveram acompanhando meu Blog, ficou claro que estou fazendo uma releitura de Gênesis. Devo também ter deixado transparecer como é lenta essa leitura, uma espécie de slow food.
Gênesis é aliás um livro para não apressados, ou seja, para ninguém que nasceu depois da invenção do automóvel ou dos aviões, para nenhum de nós que já descobrimos que é Tempo demais o que o Senhor do Tempo exige (e não tem palavra melhor) da gente.
- A primeira barreira que encontro é:
“Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.”
- Leis?! Estatutos?!! Abraão?!!! Não haveria algo de anacrônico aqui? Será que Moisés já não começou a inserir algumas coisas para ir preparando o espírito do povo para a “pedrada”, com todo respeito, que viria nos volumes seguintes de sua pentalogia?
- Sejamos sinceros e objetivos: Abrão não recebeu, não conheceu e por isso não podia observar lei nenhuma!
- Mas não. Deus não chama as coisas que não são como se já fossem?
- Hummmm… (não convence!)
- Então pensemos o seguinte: quem ama cumpriu a lei! (e negócio fechado, bola pra frente).
- Vamos à segunda barreira:
“…porque o SENHOR o abençoava. E engrandeceu-se o homem, e ia enriquecendo-se, até que se tornou mui poderoso.”
Pera aí! Então a teologia da prosperidade está correta? (Nisso Gênesis é uma verdadeira corrida de obstáculos.) Nos faz pensar Como Zaqueu (se ele não tivesse encontrado Jesus), e não tirar a razão da turma da prosperidade (Igreja Cristã Inclusiva: seja você mesmo, as bênçãos de Estevam para setembro, Sara Nossa Terra: independência?, Marco Feliciano: programa do dia 06/09), ou pelo menos ficar abismado de como Deus armou uma arapuca muito bem armada, ou forneceu material de sobra para o diabo fazer do primeiro livro da Bíblia um campo minado, quase sem saída, para os espertalhões.
- Mas nem tudo é um mar de rosas:
“[Esaú tomou duas mulheres] E estas foram para Isaque e Rebeca uma amargura de espírito.”
Agora (no último versículo) o capítulo começa a falar nossa língua, a realidade dura e cruel do dia a dia, um drama familiar (que, diga-se de passagem, está sempre presente em Gênesis): duas noras atormentando sogro e sogra.
Se isso tem a ver ou não com administração de empresas e igrejas, eu não estou bem certo. Mas tudo deixa transparecer de forma conclusiva, pra mim, que entre Deus e o homem, e entre os homens, esse jogo de influências e poder (no melhor sentido que essas palavras podem ainda ter) não possui regras fixas e exatas:
um capítulo que começa com fome, é recheado com a aparição do próprio Deus e prosperidade, termina com amargura de espírito.
"- Sejamos sinceros e objetivos: Abrão não recebeu, não conheceu e por isso não podia observar lei nenhuma!"
ResponderExcluirAbraão era amigo de Deus e batia altos papos com Ele, será que nesses papos rolava o que? :P
Creio que o pai da fé recebeu sim as leis de Deus "informalmente", ou as promessas eram por alto? Mesmo assim, foi justificado pela fé, porque era homem como qualquer um outro.
“…porque o SENHOR o abençoava. E engrandeceu-se o homem, e ia enriquecendo-se, até que se tornou mui poderoso.”
É, os lobos vão usar isso como teologia, mas pra mim, este ponto entre a bênção e o poder, faz muita diferença.
Abraço fraterno
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ResponderExcluirBoa tentativa, Janete,
ResponderExcluirmas o dia que algum amigo, seja ele quem for, vier com um compêndio de leis durante um prazeroso papo, será o início do fim de uma amizade.
Abraços pra ti também.
E Cristo também não nos deu sua lei? Aliás, um tanto mais difícil que a outra...
ResponderExcluirSim, Janete.
ResponderExcluirMas o texto de Gênesis me passa a idéia de, no mínimo, um levítico completo (estatutos, leis), acho que os dez mandamentos já seria muito para Abraão naquela época!
A lei de Cristo foi passada, a meu entender, não como um regulamento a ser observado, mas muito mais como um exemplo a ser seguido (por isso mais difícil e mais complexa). É a diferença entre a letra e o espírito, entra a morte e a vida.
(engraçado esses diálogos, divergentes, escritos, nunca conseguirei imprimir e transmitir o correto tom de voz...)
Abrçs!!
Desculpe, eu também gosto de falar olhando nos olhos, assim a pessoa entende não só através do tom de voz, mas a pode sentir nossa intenção, não é mesmo? :)
ResponderExcluirQuando Jesus disse aos discípulos: Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu mando, te parece que foi apenas um exemplo?
Acho que em sua primeira pergunta se esconde a resposta para a segunda.
ResponderExcluirGaroto esperto! :P
ResponderExcluirAbração!