Se os escritos lúcidos brotam da paz de espírito, os revolucionários, da alma angustiada. Mas se como lembrou bem a Gabi,
"da alma angustiada brota a paz de espírito. Onde estará a paz senão na luta (agonia) de viver?"
Ela está, segundo meu insignificante parecer, corretíssima: agonia e paz são duas inimigas que andam sempre de mãos dadas. Afinal não seria assim com outros sentimentos? Coragem e medo, virtude e vício, fé e desesperança, amor e ódio?
Por não se ter mais medo, não ressuscita-se a coragem. Sem o perigo dos vícios, elimina-se as virtudes. Onde tudo é certo e previsível, não necessita-se de fé. (Não digo fé, no sentido de se operar um milagre; nem no sentido de resignar-se frente às supostas "inexplicáveis razões" do Todo Poderoso.)
Também amor e ódio andam de mãos dadas no coração humano. Não pensemos que o brado de Cristo no calvário tenha sido uma pergunta filosófica: "Deus meu por que me desamparaste?" Ainda que envolta no contexto piedoso do salmo 22, dela se extraí toda a história do conflito de ódio entre Deus e homem, entre homem e homem. Não seria essa ao mesmo tempo uma história de paixão?
Algumas raras vezes a perturbação vem de não se estar verdadeiramente perturbado, de ter-se acostumado, de estar-se insensível com os males desse mundo. Nesse exato momento faz-se uma mudança de mente, de espírito, que é invariavelmente seguida de uma confissão, que não passa da fé que mencionei acima. Pois é nessa perturbação que a proposta do Reino de justiça e paz, se traduz em palavras revolucionárias e lúcidas, as quais precisam necessariamente ser proclamadas.
(Bendita seja a internet que nos proporcionou essa válvula de escape, antes reservada somente aos profissionais da mídia, política ou cátedra).
Obrigada sempre, meu amigo
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