A vida é mesmo cheia de graça. Primeiro me deparo com uma referência de Gondim a meu texto em seu twitter:
"Alegro-me que perguntas gerem mais perguntas, como no caso do Roger - Teologia Livre".
Fiquei a procurar onde nosso amigo achou perguntas em meu texto, sendo que, no fundo a postagem foi um desabafo sobre respostas que tinham se cristalizado em minha mente com a ajuda, dentre outras coisas, de um texto dele.
Depois chega o Rubinho, e deixa as verdadeiras perguntas, num comentário, que vale a pena ser transcrita na íntegra:
O problema está em conciliar conceitualmente estes fatos que vc relata com o restante do Novo Testamento, cheio de instruções institucionais, e com boa parte do Antigo tb.
Como bem escreveu o Brabo, a comunidade dos que criam era una em tudo. Mas como ser uno em meio à diversidade sem criar regras, estruturas e normas?
O movimento hippie, nos anos 60, tentou algo nessa linha... não é?
A vida é mesmo cruel. Ontem folheando a Revista Ultimato na Web, me deparo com a surpresa esquisita de ela ter publicado um artigo da minha blogueira "predileta" (o Brabo que me perdoe). Um gesto nobre da revista ou uma jogada de Marketing? Não sei… minha ingenuidade por tão forte que seja, não me faz entender que foi um gesto neutro e não calculado. Pelo contrário, meu julgamento me leva a crer que não passa de uma tentativa da revista em agradar a gregos e troianos, ou seja, tentar eliminar o estigma de revista de esquerda, para agradar a ala da direita, o que seria uma atitude sábia. Para alguns "isso cheira pressão da ala fundamentalista d IPB".
A verdade é que a atitude de Ultimato não foi suficientemente sabia, para explicar a não opção da revista em publicar artigos de, por exemplo, o segundo cara citado acima ou de nosso literário mor Alysson – para ficarmos só com dois nomes inquestionáveis.
Ok, você está aí rindo pensando, abre o jogo, Roger, você queria no fundo era um texto "seu", lá, cuidado com a inveja. Concordo e discordo. Concordo que gostaria de ter textos meus, não só na Ultimato, como na Veja, Christianity Today, no New York Times ou na Spiegel. Discordo que tiraria o texto dela, ou de qualquer outra pessoa, de um desses veículos para colocar um dos meus. Não faria isso por uma razão simples, essa não é minha área de competência (no pior sentido dessa palavra). Ao contrário, vejo nos camaradas que citei competência de sobra nesse âmbito.
Agora chegamos então ao ponto em que até mesmo você, leitor persistente, me pergunta: Pô, Roger, o que isso tudo tem a ver com a pergunta de Rubinho, novo testamento e instituições?
Tudo!
- Esse clima de surpresas boa e esquisita é o pano de fundo que me acompanha ao redigir essas linhas;
- Essas jogadas tão típicas de instituições são tão opostas a tudo que nossos novo e velho testamentos ensinam.
Ou seja, Rubinho, debulhando sua pergunta, nesse caso, com mais perguntas:
- Como conciliar conceitualmente inúmeros fatos com a Bíblia? (por exemplo, protestantismo, islamismo, catolicismo, terremotos, homossexualismo, capitalismo, e etc.)
- Como conciliar conceitualmente as instruções institucionais da bíblia com as instruções "não institucionais", ou melhor, anti-institucionais da bíblia? (por exemplo, o Reino de Deus pertencente a crianças, o rei formal perseguindo o informal, João Batista no deserto em oposição ao sumo sacerdote no templo?
- Não seriam justamente as regras, estruturas e normas os grandes vilões a criar barreiras para unidade em meio à diversidade?
- O movimento hippie, nos anos 60, tentou "mesmo" algo nessa linha?
Voltando à Ultimato para finalizar. Se a revista, de fato, deu um passo em direção à unidade (dando espaço a ala fundamentalista, direitista, de leitores), marcou pontos, pois rompeu estigma, barreiras e moveu-se rumo à diversidade. Contudo, se essa ação foi motivada por pressões externas, meramente institucionais, a revista, então deixou colar o rótulo de "esquerdista", cedeu às regras e colaborou somente para o comprometer aquilo que temos conhecido desde Lausanne como Missão Integral.
Responder perguntas com outras, não vale!!!
ResponderExcluirTaí, abaixo, meu comentário sobre o texto da Norma:
Quem não é "de esquerda", é o quê?
O cristão não pode optar pelo socialismo, mas pode optar pelo capitalismo?
Comunismo e socialismo são idênticos?
Quem define as esferas cuja soberania o Estado não pode ferir? Quem define a esfera do Estado? As outras esferas podem "ferir" a soberania do Estado?
Cristão, socialista, comunista, nazista. São estas as opções? Capitalista, democrata, liberal não são opções?
A negação da cosmovisão esquerdista redunda necessariamente em cosmovisão cristã? E vice-versa?
Estas são apenas algumas das dúvidas que o texto me provocou.