Madre Teresa disse que a América tinha-se tornado uma nação egoísta, em perigo de perder o devido significado do amor: "dar até doer". A maior prova, ela dizia, é o aborto, cujos efeitos podem ser vistos na na escalada da violência. "Se aceitarmos que uma mãe pode matar até mesmo o seu próprio filho, como podemos dizer às outras pessoas para não se matarem umas às outras?... Qualquer país que aceita o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar a violência para obter o que deseja."
Ela disse que somos incoerentes quando nos preocupamos com a violência, com as crianças famintas em lugares como a índia e a África, e não nos importamos com os milhões que são mortos por escolha deliberada de suas próprias mães. Ela propôs uma solução para as mulheres grávidas que não querem os filhos: "Dêem esses filhos para mim. Eu os quero. Eu cuidarei deles. Estou disposta a aceitar qualquer criança que seria abortada e darei essa criança a um casal unido pelo matrimônio que vai amá-la e ser amado por essa criança". Naquela época ela ja havia colocado três mil crianças em lares adotivos em Calcultá.
A religiosa encheu seu discurso com histórias comoventes de pessoas às quais ela havia servido, e ninguém que as ouvisse podia ir embora impassível. Depois do café, madre Teresa reuniu-se com o presidente Clinton e, mais tarde, naquele dia, eu vi que a conversa o havia comovido também. O próprio Clinton trouxe à tona diversas das histórias dela durante a nossa entrevista.
Corajosa e firmemente, mas com cortesia e amor, madre Teresa havia conseguido reduzir a controvérsia do aborto aos seus termos morais mais simples: vida ou morte, amor ou rejeição. Um cético poderia dizer a respeito de sua oferta: Madre Teresa, a senhora não compreende as complexidades envolvidas. Ha mais de um milhão de abortos só nos Estados Unidos anualmente. Com certeza a senhora não vai conseguir cuidar de todos esses bebês!
Mas, afinal, ela era a madre Teresa. Ela tinha vivido a sua vocação especial de Deus e, se Deus lhe enviasse um milhão de bebês, ela provavelmente encontraria um meio de cuidar deles. Ela compreendeu que amor sacrificial é uma das mais poderosas armas no arsenal cristão da graça.
Os profetas apresentam-se em todos os tipos e estilos; imagino que o profeta Elias, por exemplo, teria usado palavras mais fortes do que madre Teresa ao denunciar injustiças morais. Mas não posso deixar de pensar que, de todas as palavras sobre aborto que o presidente Clinton ouviu enquanto esteve no seu cargo, as palavras de madre Teresa penetraram mais profundamente.
Philip Yancey em Maravilhosa Graça
"Dêem esses filhos para mim. Eu os quero. Eu cuidarei deles." Que sôco no estômago. Madre Tereza é sempre um adorável constrangimento.
ResponderExcluir"Se aceitarmos que uma mãe pode matar até mesmo o seu próprio filho, como podemos dizer às outras pessoas para não se matarem umas às outras?"
ResponderExcluirUma coerência irrefutável.
abraços
Sei não... a coisa é um pouquinho mais complexa e, sinceramente, dar os bebês pra madre não seria uma solução viável, certo? Então, não seria solução!
ResponderExcluirAcho que este é o tipo do problema que só quem passou pela situação pode ter uma ideia do que é.
O problema é complexo mesmo, Rubinho, e a Madre jamais o resolveria. Mas a coragem da mulher era de doer.
ResponderExcluirCada um "antiabortista" militante deveria assumir a mesma responsabilidade que a Madre assumiu.
Não concordo com a idéia dela citada pelo Eduardo como irrefutável. Mas não tenho como não dobrar-me diante da coerência de uma mulher que, crendo como crê, assume para si a responsabilidade da sua crença.
Taí o soco no estômago. Eu creio em uma porção de coisas bonitas e louváveis que seriam capazes de transformar o mundo, mas sou um covarde, indigno de desatar as sandálias dos pés de Tereza.