“Em casa estávamos, como eu ia dizendo, longe de sermos ricos, e a rígida filiação de meus pais
àética protestanteimpedia que caísse nas mãos de nós, filhos, qualquer dinheiro que pudéssemos gastar “com bobagem”. Na prática isso significava que nunca – jamais, senhoras e senhores – levávamos dinheiro para comprar lanche na escola; que nunca abrilhantávamos a fila do pátio com o mais novo modelo de tênis ou os cadernos da moda; e – no que me diz respeito muito mais sério – que não lembro ter experimentado uma única vez aqueles bem-aventurados pães-doces nos anos em que moramos naquela rua.A centrada economia de meus pais, por outro lado, permitia que convivêssemos com engenhos com que o pessoal da rua nem sequer sonharia: TV em cores, telejogo,
microscópio, máquina fotográficaMinolta,telescópio desmontável, um número obsceno e sempre crescente de enciclopédias e livros. Esse tipo de bobagem.”
Um depoimento que, com uma ou outra correção, poderia ter sido escrito por mim ou qualquer um dos meus quatro irmãos.
Ou por mim!
ResponderExcluirAmei!
ResponderExcluirBeijos,
Denise