Vi uma criança brincando.
Brincava com coisa séria, de forma concentrada. Para criança nada mais sério do que um brincadeira.
Seu objeto lúdico era montado e desmontado repetidamente. Quando pensava-se pronto, tudo era posto abaixo, espalhado, e iniciava-se novamente o jogo.
Aquilo nas mãos de um adulto poderia machucar alguém, causar feridas incuráveis ou até mesmo matar. Como não poderia ser diferente, em oposto, poderia salvar uma vida, trazer cura, mover o mundo. Ou, como nas mãos daquele infante, simplesmente alegrar ou divertir uma plateia inteira.
O menino, todavia inocente, alheio aos perigos, ia descobrindo a cada lance, novas e imprevisíveis construções, e cada uma lhe fascinava obstinadamente ainda mais.
Um dia, ainda precocemente, deixará seu jogo solitário e deitará a sorte daquelas peças com outras pessoas, mesmo com outras crianças. Então se assombrará prematuramente com os terrores daquele brinquedo que, por via das dúvidas, carregará consigo, como arma, para o bem ou para o mal, a vida inteira.
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