Convencionou-se, especialmente nos últimos anos, rebaixar a moral do assim chamado “meio evangélico” – como se tal coisa existisse.
Críticas que outrora voavam em enxames de fora para dentro, agora confluem de dentro da própria aldeia protestante brasileira.
Apenas duas pequeninas coisas gostaria de aqui refletir.
Uma é que - acho que já bati o suficiente nessa tecla - o problema não é das instituições evangélicas, mas generalizado em todas instituições, ou organizações sociais: escolas, hospitais, empresas, repartições públicas, grêmios, escolas de samba, e o diabo a quatro, onde se reúnem pessoas para estabelecerem regras, estruturas e formalidades.
Sobre isso Jacques Ellul e Ivan Illich já escreveram o suficiente, ainda que nada de surpreendente, pois afinal nós todos intuitivamente já estávamos cansados de saber que quase tudo que a sociedade atual angariou como progresso não passa de uma farsa. E com a igreja ou “meio evangélico”, católico, espírita, ortodoxo, mórmon, ou seja lá qual parcela você queira incluir (ou excluir - não importa) não será diferente, ela estará contaminada por essa tendência maldita das instituições engessadas.
Segunda, é que não se pode apressadamente – como todos nós geralmente fazemos - puxar o chavão, “onde tem gente tem problemas”, e cairmos na resignação. Não, no fundo, problemas tem em todo lugar, até onde mesmo não tem gente. Mas queremos pensar no outro lado, lá, onde tem gente e não necessariamente tem problemas. Sim é possível. Por mais incrível que pareça existem lugares onde as pessoas até mesmo contribuem para a resolução de problemas.
Recapitulando, onde geralmente se diz pejorativamente que o “meio evangélico” é isso ou aquilo, as queixas são aplicáveis a qualquer outro meio. Na associação de bairro não será diferente, na paróquia católica eles passam pelos mesmos problemas, e na creche da esquina, ou no botequim da praça estará ali a sina das organizações humanas – com suas hierarquias, tomadas de decisões, jogos de poderes, distribuição de tarefas, e etc. Coisas que roubam a espontaneidade da vida.
Nossa ilusão é acharmos que só porque dizermos-nos santos, acharmos que assim é ou será.
Por outro lado é sempre importante encararmos os desafios locais, os problemas localizados, e de forma honesta e corajosa rever as lógicas dos relacionamentos em jogo e tentar reinventá-los, para que se tornem mais humanos e menos mecanizados.
Ness ponto a integridade proposta pelos evangelhos pode contribuir muito. Desde que colocada em prática.
Mas quem é idôneo para essas coisas?
roger, excelente reflexão. você está certo, problemas institucionais estão em todas as instituições, obviamente.
ResponderExcluirpoderíamos pensar o seguinte:
o quanto o cristianismo perde sendo uma instituição?
seria possível ser cristão hoje sem a instituição? sem ela, o que sobraria? não adianta sair da igreja e se reunir em casas, por exemplo, pois quando aquilo começar a crescer, estará a um passo de se institucionalizar.
seria melhor que cada cristão fosse para sua casa e vivesse a sua fé livremente, sem cultos, sem festa disso e daquilo, sem pastor, sem os departamentos e sem os infindáveis congressos disso e daquilo?
gosto do termo "teologia livre"...logo...rs
abraços
Creio que o desafio esta em superar os problemas que criamos ao perpetuar a dinâmica do ajuntamento em grupo. A instituição nasce aí. E com ela os atritos, conflitos, ajustes, demandas ... Como reagir ou mesmo, como se antecipar e fazer valer comunidade antes de instituição e como assim sendo ainda prevalecer a individualidade de seus participantes.
ResponderExcluirPor não ser fácil e por termos lideres fracos - as instituições estão nos matando. Morrer ou lutar contra elas?
O "meio evangélico" pode não existir, como tu, Roger, bem colocaste. Mas que ele irrita - e de uma forma bem peculiar - ele irrita sim senhor...!
ResponderExcluirBelíssimo texto e reflexão !! bom demais !
ResponderExcluirbjão !!