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domingo, 22 de maio de 2011

Ultimato, Hereges e perseguidos no Brasil

Ultimato – Assim que virei crente passei a ler a Ultimato. Algo há cerca de uns 20 e poucos anos atrás. Com o tempo passei a respeitar o não bairrismo da revista. O chamado à unidade, embarcando até católicos, e isso a contra gosto de outros leitores. Achava a revista uma peça interessante para a reflexão da fé. Informativa, ousada, mas equilibrada (segundo meu ponto de vista). Achava…

Hereges – De certo tempo para cá, algo em torno de 2 ou 3 anos. Deixei de ser evangélico. (Se morasse no Brasil, hoje, seria católico, se é que quem não é nada no Brasil, é católico). Faço minhas reflexões aqui no Blog, leio a minha Bíblia, faço as minhas orações (não necessariamente nessa ordem) e vou de vez em quando à missa ou culto. E todos, que estão por aqui, sabem as pessoas da Blogesfera que respeito. Gente como Lou, Rubinho, Alysson, Beto, e etc. E claro, os escritores famosos P. Brabo e R. Gondim. A maioria de nós (deles) com um Q de herege.

Perseguidos no Brasil – Tem um tempo que coloquei uma “inquiete” aqui na Teologia Livre, para saber o que o pessoal achava sobre a perseguição de cristãos no Brasil. A maioria 56% mostrou-se convencida, como eu, de que no Brasil não há perseguição. Um quinto pensou, como eu, e disse que somente às vezes (em situações especiais) há perseguição. E uma pequena parcela, 5%, marcou, como eu, que frequentemente há perseguição ao cristão.

Sobre essa minoria que eu quero falar.

De fato o cristão é frequentemente perseguido. Desde que, diferente de mim, e da grande maioria de nós, seja frequentemente coerente com aquilo que crê e com aquilo que de mais elementar Jesus pregou: o amor ao próximo.

Um bom mau exemplo é a atitude da revista Ultimato, frente a seu antigo parceiro, Ricardo Gondim. Ultimato, não se sente mais confortável em ter alguém no seu corpo de colaboradores, que não seja contra o casamento homossexual, que não acredite que Deus esteja no controle (por trás) de toda tragédia e maldades humanas, e tacha de humanista quem vê na justiça social e cidadania um importante aspecto do cumprimento do evangelho.

Se a coisa ficasse só no desconforto, seria nobre. O problema é que para o conforto de uns, um é sacrificado. O que mais me "assusta" é a pressão interna: imagino os caras orando e chegando a essa belíssima resposta e orientação "divina": Afinal, qual herege foi jamais queimado sem antes uma cerimônia religiosa? Depois se reúnem e planejam ir a São Paulo lhe comunicar a coisa (graças a Deus não foi por E-mail ou telegrama).

Claro que esse tipo de perseguição velada não se compara com a da família que foi assassinada na Turquia, nem com os que foram sequestrados na Indonésia. Mas estas não diminuem os danos morais daquela. Quando é você quem está na pele, debaixo de fogo cruzado, e vê amigos dizendo que não te conhecem, que nunca te viram e praguejando, você sente o desconforto, a chateação e a dor moral disso tudo.

É triste.

Mas é isso que se deve esperar, se é que a Bíblia tinha razão, e eram os deuses, não astronautas, mas simples homens de pele e osso, carne e sangue, como você e eu.

5 comentários:

  1. oi roger, beleza? estou sempre lendo seus textos e queria dar um pitaquinho nesse.

    também leu a ultimato há anos. dentro do meio evangélico, era a única diferenciada, mais reflexiva. deixei de ler também faz um tempo. seus textos não tem mais nada a me dizer.

    aliás, durante algum tempo eu só comprova para ler os textos do gondim e do valdir não-sei-como-escreve-o-sobrenome, você sabe quem é, rsss

    é muito dificil ainda o meio cristão conviver com quem pensa diferente da maioria ou da tal da ortodoxia.

    quem perdeu foi a revista com a saída do gondim.

    abraços

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  2. É... já não fazem mais hereges como antigamente!
    Eu, por exemplo, sou um péssimo exemplo de herege!!! Fico até constrangido em ser tido como tal... quem sou eu? Afinal, apenas me subtraí da igreja - assim, com minúscula - para não sair da Igreja - essa, sim, com maiúscula - a qual reúne muita gente, alguns até que não sabem que dela fazem parte...
    Quanto à Ultimato, minha admiração pela revista não diminui com seu erro - mostra apenas que é dirigida por seres humanos - e creio que ainda irá corrigi-lo a seu tempo. Acho, sinceramente, que as leis de mercado falaram mais alto que as leis de Deus.
    Uma pena...

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  3. Sem Gondim, ouso dizer que a Ultimato morrerá. Uma pena: era a única revista evangélica que eu gostava.

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  4. "Afinal, qual herege foi jamais queimado sem antes uma cerimônia religiosa?"

    Sinto que esta cerimônia teve um momento de oferta em que se aceitou cheque pré ao som de DT [descargas tribulentas]

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  5. Também me entristeci com a saída do Gondim. Ainda leio e escrevo alguma coisa lá na ultimato de vez em quando. Tinha a mesma visão que você tinha sobre a revista e parece que tivemos a mesma desconstrução no pensamento sobre ela.
    Vida que segue.

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