Quando professor Eduardo viu as brasas nos olhos de Kátia, logo percebeu que não era com ele que ela falava, mas com seu pai, o pai dela:
- O senhor é um incompetente! Um fracassado! Ninguém entende nada do que você fala. Você é um ditador. Ninguém aqui aguenta mais você! O melhor que você faz é sumir, pegue suas coisas e vá embora!
Eduardo não entrou em confrontação, não entrou na defensiva. Quando achou espaço, simplesmente pediu desculpas e disse que estava profundamente entristecido com a situação das coisas:
- Se eu puder fazer algo para reverter as coisas, esteja certa que farei…
Kátia saiu furiosa, cuspindo marimbondos. Tudo que desejava é que aquelas palavras tivessem saído dos lábios de seu pai, e não das do seu professor.
***
Quando Márcia viu da janela de sua casa o menino gritando lá de baixo, da calçada, ela logo percebeu que o problema não era com ela, mas com a sua mãe, a mãe do menino:
- A senhora é uma vaca! Ou você me devolve agora minha bola ou eu chamo a polícia. Quem você pensa que é para roubar os brinquedos da gente?
- Já te falei que sua bola não caiu aqui, meu filho, mas vou olhar mais uma vez. Se eu não achar eu te dou uma nova de presente.
Quando ela chegou ao portão, o menino já havia ido embora, chorando de ódio por ter que ir para casa e se reencontrar com a mãe.
***
Carlos não reagiu, pois ao perceber o tremor nos lábios e mãos de Felipão, sabia que o moleque não falava com ele, mas com Deus.
- Você pensa que é o dono de tudo, não é? Seu filho da puta! Só porque você tem grana, e usa roupinha nova e anda perfumado? Hoje você vai ver que seu poder é de merda. Você vive em seu condomínio fechado e nem se quer olha para gente aqui debaixo… Agora você vai ver quem é que manda nessa porra aqui.
Carlos viu que Felipão iria puxar o gatilho. No último segundo que lhe restou, olhou ainda bem nos olhos de Felipão e sussurrou uma prece: “Meu Deus, perdoa esse cara que não sabe o que faz”.
Depois, já caído, a última coisa que sentiu foi o sangue lhe encharcar a camisa.
Uia. A do Carlos e Felipão foi na veia.
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