Quando se olha para uma definição, como essa descrita no primeiro versículo do capítulo 11 de Hebreus, a primeira coisa que nos vem à mente é uma pergunta. Se há um texto nos dizendo que fé é alguma coisa, é porque alguém perguntou “o que é fé?”. Portanto, a fé já nasce com um questionamento, com uma dúvida.
Opa! Mas aqui tem uma palavra contrária à dúvida, que é “certeza”. Certeza de quê, afinal? “Daquilo que esperamos”, nos responde as Escrituras. Prova? De quê? “Das coisas que não vemos”, nos responde novamente as Sagradas Escrituras.
Como pode haver dúvida e certeza juntas? Apenas através da fé. Através desta palavra, da fé, nos sentimos tocados por algo que ultrapassa as nossas dúvidas e certezas. Por mais necessário que seja, ter dúvida apenas ou ter certeza apenas não é o mais importante. É preciso dúvida, é preciso certeza, e as duas convivem juntas numa relação de aprendizado do que é fé.
Se fé não estiver para além de todas as nossas dúvidas e certezas, sinto dizer que aquela luz no finalzinho do túnel ainda não foi visualizada por nós. Falta algo na nossa vida por causa disso. O amanhã fica mais e mais sombrio.
Não prendamos a fé à certeza, porque isto se torna idolatria. Não prendamos a fé à dúvida, porque isto se torna indiferença. Simplesmente deixemos a certeza transformar-se em dúvida e a dúvida transformar-se em certeza. Assim, estaremos regando aquela sementinha de mostarda, sobre a qual Jesus falara (Lc 17,6), que crescerá e dará frutos.
por Felipe Fanuel
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