Um cidadão comum, poderia ser eu ou você, tem sua casa assaltada. O bandido levou dinheiro e objetos de valor.
Algumas horas após fazer na delegacia o boletim de ocorrência, recebe a notícia que o assaltante foi pego e os bens recuperados. Ele deveria se dirigir novamente à delegacia.
- Boa tarde doutor. Então pegaram o indivíduo?
- Sim pegamos.
- Então, ele é de qual partido político?
- Bem... – o delegado folheou os papeis que tinha em mãos. Aqui consta que ele é do mesmo partido político que o senhor.
O cidadão coça a cabeça pensativo.
- Mas já fui assaltado anteriormente por bandidos do outro partido. O senhor já pegou algum?
- Não. Mas estamos trabalhando no caso. Mas são ainda suspeitas, não há nada provado...
- Desculpe-me doutor, mas de que partido é o senhor?
- Também sou de partido contrário ao teu.
- Sei... Quer dizer que o senhor só prende ladrão que é do meu partido. E os bandidos do seu ficam todos livres.
- Não! A gente cumpre a lei. Ainda vai rolar um processo. Tudo indica que o cara que pegamos foi mesmo o que assaltou sua casa. Ele foi denunciado pelos próprios colegas.
Após um silêncio.
- Doutor, quero retirar a ocorrência. Pode soltar o cara.
- Como assim? Ele assaltou sua casa, levou suas coisas, e você não quer prendê-lo? Você está ciente que amanhã ele estará assaltando no vizinho e até mesmo na sua casa novamente?
- Se ele fosse do partido do senhor, não teria dó. Se ele fosse de um partido que coliga com o nosso poderia trancafiar. Mas gente do nosso partido? Não dá... Tem muita coisa em jogo.
- Mas é por isso mesmo que estamos prendendo. Não é hora de acabarmos com a criminidade aqui em nossa cidade? Foi o seu partido que mais gritou por ética.
- Mas a justiça tem que ser igual para todos. Esses ladrões roubaram, é verdade. Mas o partido ajudou muita gente também. Até eu mesmo fui ajudado. Pode soltar o cara. Eu retiro a queixa.
- E o que faço com as coisas achadas?
O cidadão examina os objetos.
- Aqui tem muita coisa. Nem tudo é meu...
Nisso entra uma outra vítima na delegacia.
- E aí Doutor, de que partido é o larápio?
- Bem... – o delegado folhea novamente os papeis que tinha em mãos. Aqui consta que ele é do partido contrário ao do senhor.
Grave erro logo no início do conto.
ResponderExcluir"O assaltante foi pego e os bens recuperados" está errado.
O certo seria "estamos trabalhando no caso. Mas são ainda suspeitas, não há nada provado..."
Uma grande diferença, percebe?
Uma simples questão de lógica. E justiça.