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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Profetas, Jesus e a Revolução

Lá  no Blog das Very strog opnios tem um interessante texto sobre um debate entre o ilustre (pra mim) desconhecido Dr. Richard Horsley e Augustus Nicodemus, um dos autores do Blog e um dos líderes da faculdade McKenzie.

Segundo o autor do Blog, Horsley pode ser enquadrado de maneira geral "na linha social da Terceira Busca do Jesus Histórico e desenvolve seu trabalho principalmente a partir dos estudos sociológicos do mundo daquela época. Sua releitura dos Evangelhos a partir de referenciais sociais e de modelos de luta de classes entre oprimidos e opressores se assemelha em muito à hermenêutica da teologia da libertação.”

O título do Post é "Está Jesus Também entre os Profetas?". Não resisti em deixar um comentário provocativo. Quando digo que meu comentário é provocativo, entendam, por favor, no sentido de provocar as pessoas para reflexão e discussão e não a ira delas. Embora que, nesses debates apaixonados por ideais e crenças fique difícil, muitas vezes, separar uma coisa da outra. Talvez por isso meus comentários estavam sendo barrados, coisa que o autor do Blog me esclareceu e já estou tentando consertar...

Segue o meu texto:------------------------------------------------

Caro Augustus,
interessante esse Post seu. Gostei mais dos primeiros parágrafos (visto que tenho simpatia pelo socialismo). Mas, suas críticas são também importantes (não vou destacá-las aqui visto que a quase totalidade dos comentaristas se empenham nisso).
Porém deixo aqui apenas minhas ponderações, quase que costumeiras:
Sua afirmação,

"Jesus que via como sua missão principal não uma reforma social, mas uma de natureza espiritual, que buscava em primeiro lugar a reconciliação do homem pecador com Deus e o estabelecimento de uma nova comunidade, a sua igreja. O Reino pregado por Jesus era uma idéia primariamente religiosa-escatológica, com conotações sociais."
me leva aos seguintes questionamentos:

a) Até que ponto essas conotações sociais não correspondem diretamente a uma reforma social para o hoje e não somente para o porvir?
b) Reforma Espiritual e criação de uma nova comunidade não se desenvolveria paralelamente a ações nos campos psicológicos e sociais e até mesmo políticos, ou seja, a missão principal dependeria fortemente e não existiria sem as secundárias?
c) A confrontação, provocada pelos religiosos invejosos, entre Jesus e Roma (na pessoa dos governantes e soldados) não teria desempenhado um papel libertador tanto espiritual (sacrifício vicário) como social, mostrando que o poder está no amor, perdão, serviço, altruísmo e não na força, violência, burocracia e culto às personalidades e falsas divindades?
Minha conclusão é que, no ministério de Cristo, o espiritual e o social sempre andaram e andarão juntos. O que pra mim é algo lógico, uma vez que o primeiro mandamento é semelhante ao segundo e que nenhum homem é uma ilha. Em todos os sentidos Cristo foi, então, um verdadeiro profeta, mas muito mais que isso!

Saudações fraternas,
Roger
PS: Obrigado por voltar a considerar meus comentários.
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imagem: Ecce Homo ("Eis o homem"), pintura de Antonio Ciseri, representando a apresentação de Jesus Cristo por Pilatos à populaça de Jerusalém.

13 comentários:

  1. Excelente artigo e comentário. Vou te adicionar aos meus blogs. Parabéns.

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  2. Há eras passadas, quando Brabo nos permitia comentar suas postagens, eu fui leitor dos blogs do Nicodemus, Norma, etc. Tive com eles debates calorosos. Cansei. Assim como cansei do pseudo debate entre criacionismo e evolução. Toda vez que alguém para afirmar algo precisa excluir algo, dou um gemido.
    Para mim é claro que a postura de Jesus tinha caráter espiritual-político-social-psíquico-religioso- esquimbau... Ele olhava a vida, e a vida é tudo isso!!!

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  3. Roger,

    Religião e sociedade não eram instâncias separadas até a alta Idade Média. Dizer que Jesus era um revolucionário religioso-social é pleonasmo.

    O mal nosso hoje é justamente esse. Revolução social nada soa de revolução religiosa. Só que do ponto de vista do Império Romano, Jesus era um traidor, que incitava a desordem.

    Será que o Very Strong Opinions acha que ele era um pastor protestante pregando para pessoas que separavam Religião e Política?

    Um abraço.

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  4. Oi Roger !
    Excelente comentário !! estou com Rubindo, em genero numero e grau !!

    rsrss

    super abraço

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  5. Daladier,

    já te adicionamos aqui também. Obrigado pela visita.

    Roger

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  6. Caro Rubinho,

    apesar de ser cansativo, concordo, esses debates ajudam a esquentar um pouco. Sinto falta dos comentários no Brabo...

    A vida é tudo isso, claro, mas é geralmente no "esquimbau" que Ele tá trabalhando, sem excluir o resto, claro!

    Obrigado pela presença constante e animadora, cara,

    abração,

    Roger

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  7. Fanuel,

    obrigado pelas palavras lúcidas.

    Essa é a raiz do nosso problema. Ficamos no espiritual. Louvor e adoração é o espiritual, como diz Warren, assim expresso meu amor a Deus. Me encho do Espírito quando estou lá na igreja cantando...

    E assim rasgamos as passagens que afirmam categoricamente que dando esmolas ajuntamos tesouros nos céus, que deixando casa, família e etc receberemos aqui nesse século, que nossas reuniões solenes dão náuseas na trindade, que Jesus se encontra escondido nos pequeninos, que fazendo justiça a órfãos e viúvas nossos pecados serão lavados, e que Deus dá o Espírito aos que lhe obedecem. Enfim nada disso é espiritual. São coisas secundárias.

    Então nos concentremos no ministério, serviço, do louvor, pois quem canta seus males espanta.

    Um abraço do seu irmão,

    Roger

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  8. É Alice,

    vocês que já estão mais tempo nadando nessas águas devem ter comido o pão que o diabo amaçou.

    Mas de vez em quando temos que mostrar pra esses caras que a história pode ser outra. Ainda que eles não queiram ver. Fica uma sinalização. Talvez para outros, ou para um momento futuro mais oportuno.

    Você é sempre bem vinda aqui.

    Um abraço, do seu irmão em Cristo,

    Roger

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  9. O que mais me entristece é que no meio dessas discussões entre liberais/ortodoxos, marxistas/anti-marxistas, inerrantistas/não-inerrantistas etc e tal, me parece que uma pessoa fica em segundo plano - Jesus Cristo.

    Deixamos que nossa causa seja maior que o nome dEle, mas a verdade é que não seríamos conhecidos como ortodoxos, nem como liberais, como politizados nem como despolitizados, seríamos conhecidos pelo amor (Jo 13.35).

    No meio de todas essas discussões fica evidente, para mim, uma coisa, nós (Eu incluso) não temos como principal objetivo fazê-lO conhecido e sim a nossa causa e, como consequência disso, somos conhecidos, não pelo amor, mas por dissensões.

    Não só nossas discrepâncias são por questões secundárias como também os motivos que nos levam à tais discussões não são nem secundários, mas sim carnais.

    Só Ele para nos aturar...

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  10. Parabéns pelo Blog, reflexões inteligentes, dialoga com diferentes opiniões.

    Abraço.

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  11. Bela puxada de orelha Vítor, se é que um puxão de orelha pode ser belo, hehehe!

    Em nossa cultura brasileira não estamos acostumados com bons debates e depois irmos para o Pub da esquina com o adversário, como acontece na cultura européia. É nosso ponto fraco, tomamos tudo como pessoal...

    Mas ainda assim sua observação faz muito sentido, pois o nosso principal problema não é doutrinário mas é deficiência em Koynonia. Como precisamos resgatar esse lado perdido do cristianimao primitivo.

    Já não somos mais primitivos (rsrs) somos sofisticados, independentes, não precisamos dos irmãos, eles não precisam da gente. E aí o amor se esfria.

    Uma das propostas deste Blog e que era do Fraternus também é contruirmos essa rede de amigos e irmãos e podermos exercer nosso amor fraterno.

    O fato é que às vezes um quebra pau faz parte. Até para purificar o ar, as tempestades (não furacões) são bem vindas.

    Mas como vc falou nunca deixando Jesus em segundo plano. Nunca.

    Um abraço cruzeirense para você,

    Roger

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  12. Alf,

    obrigado por deixar seu recado de insentivo para nós.
    Volte mais vezes e entre nos bate papos.

    abraços fraternos,

    Roger

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  13. É isso ai Roger, não podemos esquecer do principal. Uma das coisas que me motivou a escrever meu último foi post é que eu me percebi cultivando um sentimento de ódio em relação à alguns professores meus por suas posições teológicas liberais! Quando isso acontece, certamente nossas prioridades estão um tanto quanto equivocadas.

    Um abraço vascaíno (triste) para você!

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