Desde a semana passada esse título e esse tema está martelando na minha cabeça. Esse geralmente é a etapa aonde começo a desenvolver os meus textos, mas dessa vez resolvi fazer diferente, à medida que as ideias começarem a vir, vou escrevendo.
A temática da reencarnação sempre rondou a minha curiosidade, não porque me interesso pela religião que prega isso, mas primeiro, porque a religião que prega isso consegue muitos adeptos e segundo, também não achava satisfatório as respostas de algumas correntes cristãs(não no aspecto teológico, mas na vivência da igreja ao lidar com situações de morte). Geralmente são respostas prontas e cheias de bairrismos e julgamentos.
Quando resolvi pesquisar sobre o assunto na época da faculdade, uma das primeiras questões que veio à minha mente foi a questão do luto. Com certeza, o maior atrativo na doutrina espírita está na negação do luto, digo atrativo porque o luto é um processo doloroso, e nada melhor que alguém lhe dizer que você não tem que passar por isso, porque a pessoa pela qual você está sofrendo não está realmente morta.
No entanto, achava também o determinismo de algumas igrejas inadequado para lidar com o luto. É um tipo de atitude que é destituído da graça de Deus, onde o julgamento leva muito mais em conta a moralidade do que realmente a graça e o amor de Deus.
No que se refere a cosmovisão(visão de mundo) e o destino do mesmo, o cristianismo e o kardecismo oferecem perspectivas diferentes, enquanto o kardecismo confia na renovação e/ou aumento da bondade humana e o aperfeiçoamento do mundo, o cristianismo confia na encarnação do Verbo e na redenção que se encontra Nele, para a partir Dele, por Ele e por meio Dele ocorrer a renovação do mundo, não apenas um aumento de bondade, mas o ápice de aperfeiçoamento que será possível ao ser humano por meio de Jesus Cristo.
Outra diferença, é que no meio desse processo, no kardecismo há a negação do sofrimento, enquanto que no cristianismo o sofrimento é uma espécie de degrau para o fortalecimento espiritual.
Sociologicamente falando, o cristianismo na história da humanidade sempre teve a reputação de ser a religião dos pobres, já o kardecismo, a religião dos superdotados, seja no intelecto ou monetariamente. No entanto, no que se refere a questão emocional, os kardecistas enfrentam barreiras, seu sistema de crença os tornam pouco autruístas pois todo bem que fazem de uma certa maneira está condicionado a um ganho que podem ter com aquele gesto, também se tornam incapazes de lidar com a perda, já que o luto não é trabalhado de forma madura.
E, finalmente, no aspecto teológico, enquanto se afirma a renovação e/ou o aprimoramento da bondade humana, confiando na reencarnação como o processo responsável por essa melhora, a partir desse momento eles se desligam do processo da encarnação do Verbo, pois passam teológicamente pelo processo da desencarnação, da não-necessidade da redenção no Cristo.
Encarar e aceitar a encarnação do Verbo não quer dizer a negação do sofrimento, muito pelo contrário, é passar por eles e superá-los, não é nega-los, mas usa-los como escada para aprimoramento, e um aprimoramento não moral, mas de imagem, cada dia mais próximos a imagem Daquele que se encarnou para que um dia possamos desfrutar a vida eterna, e agora sim, sem sofrimento.
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