E concluiu o Evangelista: espero que nesta noite o Pai liberte da prisão alguns do que aqui estão. E eu gostaria de conhecê-los. […] Enquanto eu estava falando a vocês, alguém, inexplicavelmente, começou a ter consciência de que é prisioneiro do mal e, simultaneamente, passou a muito desejar o ser escravo do Cristo? Levante a sua mão! Eu quero conhecê-lo, e quero agradecer ao Pai por sua libertação, e quero, desde já, começar a ensiná-lo como vive um escravo do Cristo.
Surpreendentemente, algumas mãos se levantaram, e o Evangelista fez o que dissera que faria. (Fonte)
As palavras acima jamais sairiam de meus lábios, muito menos em um púlpito. A verdade é que me sinto extremamente bem sucedido, em ser um fracassado missionário evangélico.
Nas últimas escapadas a cultos evangelicais, notei como os pregadores deixam transparecer a raiz do pensamento sectário que marca (e estraga) o movimento pelo planeta a fora. Isto fica patente nas estatísticas que eles lamentam tanto:
Somente 2% dos alemães são "nascidos de novo" - entenda-se, "evangelicais".
A lógica que desencadeia-se desse pensamento é óbvia: existem 98% de PERDIDOS, que precisam ser ganhos para "Cristo" - entenda-se, para o "evangelicalismo".
O que me é claro, é que eu jamais jogaria novamente esse jogo do proselitismo, que tem no apelo, levantar de mão e oração de entrega sua expressão máxima. (Segundo Frank Viola, em cristianismo pagão, isso tudo começou em algum lugar nos EUA com Mood, Finney e outros).
O texto Dúvidas que geram perguntas de Gondim veio coincidir com essa temática, mostrando, com suas desconfortantes perguntas a fragilidade dessa prática evangelical de hoje. Por exemplo:
- Por que Jesus não insistiu em formar um grupo, um movimento? Por que liberou as pessoas a voltarem para casa? Como se daria o “discipulado” do Gadareno, por exemplo, que Jesus mandou retornar à sua família?
- As exigências de tornar-se um discípulo de Jesus não mostravam consistência programática. Para alguns ele ordenava que o seguissem, para outros que distribuíssem o que possuíam com os pobres, para outros que tivessem fé, para outros que aprendessem a amar. Por quê?
- O que define a exclusão de indivíduos no convívio com Deus? Existem pessoas verdadeiras, que não têm necessariamente um compromisso conceitual com Deus, mas vivem com valores parecidos com os do Reino? Cornélio? A função dos pastores do novo milênio poderia ser, transmitir os valores do Reino sem atrelar uma relação institucional com a igreja?
Fiquei a pensar em dois vizinhos que tinha, em Munique, um japonês, viúvo, que sempre nos ajudava de várias maneiras – ele participava de uma religião oriental. Outro, um alemão que possuía um trailer e vez por outro fazia turismo na África do Sul, e levava sempre Corned Beef para distribuir para população pobre – certamente um que se enquadraria na estatística dos 98% de perdidos.
O que venho concluindo disso tudo é que conhecer e aceitar a Cristo se resume em coisas bem mais práticas, como Ele mesmo ensinou; e em sistemas bem menos teóricos como só nós mesmos gostaríamos e insistimos que fossem.
- "Quem recebe uma criança, é a mim que recebe" (Mc 9,37)
- "Quem vos recebe a mim me recebe" (Mt 10:40)
- "Em verdade vos digo que, quando o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste.” (Mt. 25.40.)
O problema está em conciliar conceitualmente estes fatos que vc relata com o restante do Novo Testamento, cheio de instruções institucionais, e com boa parte do Antigo tb.
ResponderExcluirComo bem escreveu o Brabo, a comunidade dos que criam era una em tudo. Mas como ser uno em meio à diversidade sem criar regras, estruturas e normas?
O movimento hippie, nos anos 60, tentou algo nessa linha... não é?
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ResponderExcluira paz.
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