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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Até os dados tem liberdade

Um crítico deste Blog – ou seja, crítico meu – resolveu compartilhar as suas mais íntimas dúvidas espirituais. As quais acolheremos e trataremos de apontar algumas possíveis respostas, ou melhor dizendo, reflexões:

1. Como explicas então as profecias do antigo testamento que apontavam para o futuro, para Cristo?

Será que nós homens conhecemos algo do futuro? Poderíamos dizer, com base nas leis naturais de causa e efeito, o que acontecerá amanhã, digamos, se vai chover ou não? Logo, há muito do futuro que é puramente determinismo. É verdade, Deus conhece quase todas as causas.

Por que quase todas e não todas?

Creio que Deus mesmo criou a lei das contingências, do acaso, de forma que até mesmo aquilo que seria previsível pela mecânica, torna-se enigmático. Até os dados tem vontade própria. No mundo físico há certa aleatoriedade, e diria que Deus mesmo respeita esse fator surpresa. Não preciso nem dizer que isso ocorre, claro, dentro de certos limites que Deus fixou. Nesse ponto muita coisa é previsível, mas nem tudo. Nem mesmo para Deus, pois esse é um mecanismo criado por Ele mesmo que nos proporciona liberdade e muito mais do que isso é o que nos garante nossa pessoalidade, nossa individualidade. Em poucas palavras é o que possibilita o amor. Deus não se engavetou, Ele deixou-lhe um espaço para que possa respirar.

Essa nossa liberdade, e os seres vivos - em comparação com os dados - possuem uma gama ainda maior dela, faz com que o futuro torne-se ainda mais obscuro. Se podemos prever se amanhã fará calor ou frio, nada pode-se dizer com tanta certeza sobre o comportamento de uma sociedade. Obama vencerá as próximas eleições? O PT continuará no poder? Mas você poderá hoje me dizer o que fará amanhã com um alto grau de certeza. Pois são suas escolhas.

E agora chegamos à sua pergunta. O ser humano tem liberdade para determinar o seu próprio futuro. Deus também não teria? As profecias não se limitariam aos fatos que Deus, Ele mesmo escolheu e determinou? Então, nenhuma surpresa.

2. Como explicas a revelação de Deus no livro do apocalipse?

Para contrabalançar a longa resposta anterior vai agora uma curta: não explico. Alguém em sã consciência já se atreveu a explicar aquilo?

3. Como explicas o fato que nem falei e ele já conhece as palavras que eu falarei?

O salmista, poeticamente diz, “antes que haja em mim palavras eis Senhor que tudo conheces”. Deus pode não conhecer o futuro, mas estou convicto – e você também -  que Ele conhece plenamente o presente. Então, Ele conhece seus pensamentos. Aliás, assim começa o salmo, “Senhor tu me sondastes e me conheces”. E o salmista assim o arremata. “Sonda-me e conhece…, prova-me e conhece…”. Pois bem…

2 comentários:

  1. Parece-me que a questão não é a Onisciência e Onipotência e Onipresença de Deus.
    Estas respostas me dão a impressão que vc propõe que Deus, sim, poderia ser tudo isso, mas opta, por Amor, não se-lo. O que o torna ainda maior. Acertei?

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  2. Na verdade não decidi compartilhar minhas duvidas intimas e pessoais, mas sim tentar refutar as suas afirmações com perguntas retóricas. Para mim, é induvidavel que a soberania de Deus é completa e irredutivel, em todas as areas da vida, e que esta sua doutrina não passa de filosofia humanista disfarçada de teologia, sem nenhum fundamento biblico. Ora, tudo se baseia de que as escrituras são a revelação de Deus, a sua mensagem para o homem, e tudo o que podemos conhecer e entender a Deus, provém da palavra sagrada. Ora, pois, em sua resposta, em momento algum vocÊ embasou suas respostas nas escrituras, excetuando o salmo que eu mesmo citei. O que é a doutrina do livre-arbitrio senão uma tentativa humanista de tirar Deus do centro do mundo e da racionalidade? Não Há reconciliação entre humanismo secular e cristianismo, pois estes são de natureza radicalmente (no sentido de que a raiz de suas indagações) diferentes. Não, os dados não tem liberdade, pois está escrito "A Sorte é lançada no regaço, mas do Senhor procede toda a determinação" (proverbios 16.33). Ora, pois o Senhor conhece o presente, o passado e o futuro. Ele não prevê o futuro, mas o determinou e é o agente perfeito de sustentação do futuro. Não há base bíblica alguma para dizer que por amor, Deus desejou deixar de ser soberano. Pelo contrario, Por seu amor para com o homem, ele afirma sua soberania quer nas coisas boas quer nas coisas más, pois está no plano de Deus que coisas más aconteçam com pessoas que ele ama, para ensiná-las, ou para atingir os seus soberanos propósitos. Deus poderia ter tirado a oportunidade do homem fazer o mal, mas não o quis, pois o mal que o homem faz é parte essencial de seu plano, que começa com um homem num jardim e terminará com um povo em uma cidade.

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