Se um gigante chamado Barnabé ensinou-nos, na prática, a despojarmos-nos do dinheiro e dos bens materiais; Estêvão, um gigante de estatura ainda maior, vem nos mostrar - também na prática - a abrirmos mão da própria vida – um bem não menos material. Lição essa em especial, pois não poderá ser repetida pelo mesmo mestre, e por isso mesmo merece atenção redobrada.
Estêvão, figura mítica, é coroado – de acordo com o sentido de seu próprio nome – com o martírio. Jesus, com quem ele provavelmente convivera e possivelmente fora discipulado (fazendo parte do seleto grupo dos 70), havia mostrado esse difícil caminho na teoria e na prática:
“Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.”
Sobre a pessoa de Estêvão sabemos muito pouco: Qual era sua profissão? Família? Estado civil? Como se deu sua conversão?
Sabemos que a conversão de outros, porém, se deu graças ao testemunho – portanto martírio – de Estêvão. Não seria o espírito daquela vítima inocente a assombrar Paulo em suas viagens?
A rede de intrigas experimentada por Cristo se repete em Estêvão: ““Aí está esse homem realizando muitos sinais miraculosos” (João 11:47). “Estêvão, homem cheio da graça e do poder de Deus, realizava grandes maravilhas e sinais entre o povo” (Atos 6:8). E então um plano é arquitetado pelos perseguidores para matar um, assim como foi com o outro.
Cabe aqui a enfática constatação de que nossa atual e total “falência espiritual” que nos impede de realizarmos maravilhas – seja lá como queiramos entender isso – nos impede de sermos martirizados, portanto nosso testemunho é ineficaz. E isso, ironicamente só vem a testemunhar contra nós mesmos, especialmente quando tentamos produzir e reproduzir de forma artificial e mentirosa tais maravilhas, ou fingirmos que elas estão acontecendo.
O exemplo e lição de Estevão, não coragem de aprender nem seguir. Tanto as maravilhas quanto o martírio são demais pra mim, homem urbano, ocidental e covarde.
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