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terça-feira, 30 de junho de 2015

Um pouquinho sobre Grécia e Brasil

O que está em jogo na Grécia, sabemos todos, é a luta entre dois extremos. De um lado o capital do outro a força trabalhadora (que não é necessariamente igual aos trabalhadores). De um lado o neoliberalismo do outro o marxismo.

Todos também, rapidamente intuímos que a mesma luta é travada a cada dia em solos brasileiros, com baixas em ambos os frontes.

O ponto de partida da Grécia e do Brasil são idênticos, contas públicas que não são sustentáveis, que não fecham.

O governo de esquerda grego não poderia voltar pra casa com um acordo com banqueiros. Por razões idênticas o PT está balançando.

Os governos da Grécia e do Brasil se elegeram com base nas mesmas mentiras. A diferença é que o grego, até agora, teve a hombridade de permanecer fiel a elas. O tamanho dessa coragem, porém, é diretamente proporcional à facilidade com que um sistema parlamentarista troca governos desmoralizados.

Para se encarar o capitalismo e derrotá-lo é preciso muito mais do que boas intenções e uma ideologia bonitinha. Acima de tudo requer-se competência, não só do governo, mas de todo o povo e sua elite.

Na Grécia o que se vê agora é um direcionamento para uma batalha final, nessa luta. Se ela chegar a ser travada a Grécia será o tira-teima para ambas as ideologias. Ou os “marxistas” provam que pode romper com o neoliberalismo e sair inteiro, ou os neoliberais mostram que o rompimento com o sistema é suicídio econômico. Há apostas vultosas para os dois lados.

O atual governo grego com suficiente capital político (apoio dos eleitores) e permanecendo fiel a suas convicções esquerdistas (portanto à força trabalhadora) se nega a um acordo com o Capital. Viram as costas para um arrojado sistema financeiro, sob o pretexto de “não precisamos de vocês dando palpites em nossas políticas internas”.

Entretanto as esquerdas, que corretamente sempre denunciaram os abusos do capital, nunca conseguiram por longo prazo equacionar a tão ambicionada justiça social e distribuição de renda com a geração de renda e crescimento econômico. Igualdade e justiça parecem ser dois termos que não coexistem no mesmo ambiente social. Ao contrário de seus opostos, desigualdade e injustiça, que caminham sempre de mãos dadas.

Tudo indica que o atual governo grego irá cair, devido ao caos que se pré-anuncia (caso o povo grego rejeite um acordo com a UE); ou devido às inconveniências intrínsecas das medidas amargas de enxugamento da máquina estatal e das contas públicas (caso o povo aceite o acordo).

O Brasil, um país que se difere muito da Grécia, se vê no mesmo impasse político. Com a grande diferença de que o governo resolveu ceder um pouco ao Capital. A sociedade brasileira em grande parte, até mesmo esquerdistas, aos poucos vão entendendo o que está por trás de uma fuga de capitais, de um estado ineficiente e etc. Já estamos nesse filme há algumas décadas, para saber como se desenrola seu roteiro.

Com os gastos públicos não financiáveis um governo independente emite títulos, imprime dinheiro e alimenta o dragão da inflação. O desperdício do dinheiro público devido a ingerências ou corrupção é uma gangrena que aleija toda uma sociedade, uma nação. Por isso o impasse permanece, em semelhança à Grécia, pois, não é fácil desmamar marmanjos que se agarram às tetas da mãe estado. Cortar privilégios de toda uma classe, de uma geração, sem cometer abusos e injustiça é uma tarefa quase cirúrgica que exige muito lastro moral e ético, além de sabedoria e peito.

Aos excluídos, tanto da Grécia, como do Brasil, resta pouca esperança. Pois enquanto a batalha é travada no âmbito ideológico, o tempo passa e energia e recursos são desperdiçados.

E para eles, para os excluídos, pouco importa se a mão que lhes é estendida com algum auxílio é a direita ou a esquerda.

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