No início deste ano de 2020, Jesus despertou minha atenção para seu Sermão do Monte. Então comecei a orar, a estudar e a pregar sobre o assunto. Em uma primeira pregação, ressaltei que o objetivo do Sermão do Monte é a perfeição dos filhos de Deus – tomei a ideia emprestada de Stanley Jones, um missionário metodista que viveu na Índia e foi contemporâneo e amigo de Gandhi.
Se o tema do sermão do monte é mesmo a perfeição, e tudo indica que é, seu início parece tratar de pessoas imperfeitas... pobres, choronas, mansas e famintas. Não é o tipo de gente que necessariamente você gostaria de ter a seu lado. Eu confesso: prefiro a companhia de gente resolvida, provida de recursos, sorridentes, enérgicas e satisfeitas! Prefiro pessoas perfeitas àquelas cheias de imperfeições. E a bem da verdade, penso que no geral somos todos assim.
Mas Jesus é diferente. Graças a Deus! Ele olhou para o ser humano com suas imperfeições e se apaixonou por ele, especialmente para aqueles mais imperfeitos, mais deficitários, mais capengas. Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito, para ser como um deles.
Jesus abriu os olhos da humanidade para o seu real estado espiritual: a pobreza, a morte, a separação de Deus. Ele terminou numa cruz, sangrando e morto. Sendo por fim posto num frio túmulo escavado na rocha.
Jesus foi certa vez ver o túmulo de um amigo seu. As irmãs dele estavam desconsoladas, pois depositaram toda sua esperança no amigo Jesus e seu poder de curar o irmão moribundo. Jesus não chegou a tempo de curá-lo; nem tampouco para o enterro. Ele chegou poucos dias mais tarde e foi visitar o túmulo. O peso emocional de toda aquela situação se apoderou do Senhor e o abalou emocionalmente a ponto de Ele não resistir e começar também a chorar.
Vejam como ele o amava – foi o comentário dos observadores.
Vejam como Ele te amou! Pregara certa feita Charles Spurgeon, comparando que na cruz Jesus derramou não lágrimas, mas seu sangue por você.
Jesus, poucos minutos antes de morrer, clamava em seu sofrimento, Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes. Com grande clamor e lágrimas ele oferecia súplicas a quem o podia livrar da morte.
Assim como Lázaro foi ressuscitado e trouxe conforto para suas irmãs, Jesus também ressuscitou. Como Ele mesmo dissera, eu sou a ressureição e a vida. Ele mesmo em seu sofrimento, haveria de também receber o consolo cantado no Salmo 22: então declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.
Todos sofrem e choram. Mas será que todos sofremos e choramos diante de Jesus? Será que choramos cheios de autocomiseração nos fazendo de vítimas, ou reconhecemos nossas (ir)responsabilidades e arcamos com o peso moral delas?
Justamente aí está toda a diferença do tipo de pessoa que você e eu gostamos ou não. A questão não é se elas são choronas ou não, perfeitas ou imperfeitas, resolvidas ou não. A questão é se elas são sinceras em admitir e lamentar suas próprias imperfeições, ou não.
Ironicamente, admitir as imperfeições (ou como queiram, a pobreza de espírito) e chorar por elas, lamentar o sofrimento que elas nos causam e principalmente a outros (especialmente a Deus) é o único caminho para o perdão, para o consequente consolo e para a perfeição pregada e esperada por Jesus. Esse é o choro que funciona. A tristeza segundo Deus opera o arrependimento.
Bem aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
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