Um vazio se viu no peito daquele que amou.
Um sentimento que não ousou ser traduzido em palavras, pois vazio era muito pouco e buraco não era nada, comparado àquela tristeza esmagadora.
Mas buraco, ainda que chulo e impreciso, se mostrava mais apropriado que vazio.
Ao olhar para as estrelas da escura noite de sua alma, avistava ao longe uma que já tinha se apagado: em seu lugar um buraco. Um buraco cuja força gravitacional era ainda maior que a do próprio vazio.
Quando a vida, ou a morte, toma de nossos braços pessoas que amamos, não deixa em troca vazios, mas buracos.
Então, naquela mesa não ficou um vazio, mas um buraco; nas tardes de sábado não ficaram vazios, mas buracos; no horário do telefonema não surge um vazio, mas um buraco. No futebol, na cozinha, no quarto, na cama, na vida, no peito… não um imenso vazio, mas um doloroso e viu buraco.
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