Estima-se que a população de Jerusalém, nos tempos de Jesus (Pentecostes), estivesse em torno dos seus 30.000 habitantes (mais os romeiros para festa da páscoa que devia ser uns 100.000).
Lucas nos oferece a primeira estatística de crescimento da igreja: de 120 pessoas logo chegou a 3.120. Uma taxa de crescimento de 2.500%. A igreja representava na melhor das hipóteses 10% da população local, ou quiçá 3% mais os peregrinos que iriam divulgar a mensagem em terras vizinhas.
“Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.”
Sobre nós, os que já aceitamos a mensagem, muito será dito e pode ser extraído do texto sem muita dificuldade – se bem que muito do que o texto diz não se pratica mais em nossas igrejas. Mas e ELES? E aqueles que não aceitaram a mensagem que corresponde aos 90% ou 97% restantes? O que sabemos deles?
Quem era essa maioria, então, que:
não se dedicava ao ensino dos apóstolos, nem à comunhãonão se dedicava ao partir do pão e nem às oraçõesnão estava cheia de temor, nem mantinha-se unidanão tinha tudo em comum, nem vendia suas propriedades e bensnão distribuía a cada um conforme a sua necessidadenão continuava todos os dias, a reunir-se no pátio do templonão partia o pão em suas casasnão participava das refeições, com alegria e sinceridade de coração- não louvava a Deus
- mas, ainda assim, tinha simpatia para com a igreja e a tinha em alto conceito.
É bem verdade que o capítulo 2 de Atos irá se encerrar dando a impressão que o número dos que creram continuará a crescer de forma exponencial. Mas tudo indica não houve uma conversão da maioria.
Não era aquela maioria as ovelhas sem pastor que fez o coração de Jesus encher-se de compaixão? Não era aquelaa maioria que fez Jesus chorar, por não reconhecer a oportunidade que lhe era dada?
Eles, os que não receberam a mensagem, os que não tomariam o papel de interlocutores (NÓS) no discurso e nem de ouvinte (VÓS), porque não puderam receber a mensagem…
ELES os perdidos… os doentes.
Mas não era justamente para ELES que Jesus viera?
A minoria igreja não estava ali, como luz, justamente, PARA iluminá-los?
O sabor do sal, dos discípulos do Nazareno, não teria sentido de ser somente graças aos dessabores daquela maioria incrédula?
Curiosamente ELE o Espírito, que é livre e não se restringe às paredes institucionais, continuará insistentemente soprando na direção d’ELES.
Essa é a história secreta de Atos: ELE em busca d’ELES.
Assim sendo, a história oculta de Atos não seria ELE (o Espírito) se movendo n´ELA(igreja-instituição-infalível) contra ELES (os doentes e perdidos), mas ELE (o Espírito), se movendo em NÒS (igreja real) em direção e em prol d´ELES (os doentes e perdidos).
ResponderExcluirAfinal, a "igreja" nada mais era do que a comunidade dos discipulos, com suas portas permanentemente abertas para novas inclusões. Não fechados e lutando contra os de fora, nem corrompidos em querendo a todo custo que novos entrassem,sob qualquer método.