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sábado, 21 de março de 2009

Porque creio na reencarnação

Os alemães chamam reencarnação de “wiedergeburt” ou seja, renascimento.

Uma coisa que me intrigava muito após minha “conversão” foi quando encontrava filhos de crentes que não sabiam bem explicar sua conversão. Eles não tinham uma data para seu “novo nascimento”… paralelo a isso havia outra coisa mais curiosa ainda, alguns haviam se convertido mais de uma vez!

Hoje já não sei mais se sou um evangélico. No fundo já não me sinto mais a vontade em uma igreja evangélica. No fundo no fundo acho que nunca me senti. Aliás, a maioria dos que conheci (e procurei sempre ter contato com quase todos) era de inconformados. Os do topo estavam inconformados com os da base e os tratam como crianças irresponsáveis, os da base, por sua vez, inconformados com as ingerências dos líderes. Isso sem  tocar no assunto rivalidades interdenominacionais.

Mas não se apresse em me julgar pensando que virei uma apóstata ou coisa do gênero. Nada disso. Minha fé permanece aqui bem guardadinha: Creio em Deus Pai… (e acima de tudo) na comunhão do santos (e por que não dizer) na santa igreja católica.

Quando falo igreja “católica” você já percebeu que me refiro à igreja universal e não à católica romana. Amo a igreja universal (mas você entende também que não é a do Edir Macedo). A igreja universal é bem maior do que as denominações, seitas, organizações ou instituições. Até penso que esses artifícios meramente humanos tem lá alguma função positiva ou importância. Mas estão muito aquém daquilo que é a expressão eclesiástica verdadeira, a qual pode ser notada claramente na parábola do bom samaritano.

Não foram raras as vezes que caí maltrapilho pelo caminho e fui salvo pela mão de algum samaritano, ou no caso, alguém que acreditava na reencarnação.

Tem 20 anos que me tornei evangélico, somando meus 18 de católico, são 38 anos de igreja e nunca vi alguém interpretar corretamente o que Cristo diz nessa parábola.

Ok, a mensagem em si do altruísmo e mais ou menos clara, mas o que passa desapercebido é algo fundamental: a identificação do “próximo”. Afinal essa é a grande pergunta: Quem é meu próximo? Quem foi o próximo?

Por alguma idiotice qualquer não se consegue responder bem a essa pergunta. Minha teoria é que não queremos ter um samaritano como nosso próximo. Queremos ser os heróis da fé, os superheróis da história, com super poderes e nunca o maltrapilho caído pelo caminho. Existe um triunfalismo(*) que fede nos corredores das igrejas.

Veja bem, vou escrever bem pausadamente para que juntos avancemos de uma vez por todas sobre essa questão:

Jesus pergunta - Lc 10:36:

“Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”

O cara está caído semimorto. Mas ele tem alguém ainda, alguém próximo a ele. Quem? Quem é esse bendito próximo? Ao qual ele ainda pode, deve e precisa amar?

A resposta é fácil? Não. Pois a maioria logo responde: o caído, o maltrapilho é o próximo e o samaritano o amou! Então amemos os caídos, façamos caridade. Falso. Nota zero…

Bom, se você ainda não percebeu eu desisto, talvez em uma outra vida você entenderá. Afinal a reencarnação existe!

Eu creio que a reencarnação existe, de fato, na cabeça de certas pessoas. Muitas delas são bons samaritanos a nos estender as mãos.

(*)triunfalismo
[De triunfal + -ismo.]
Substantivo masculino.
1.Neol. Sentimento exagerado de triunfo.
2.Rel. Atitude daqueles que, na Igreja Católica, tendem a não ver-lhe as falhas históricas, ou suas deficiências em geral.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Roger, Roger, Roger...

Assim você me mata do coração.

Sobre a parábola do bom samaritano, você sabe que sempre fico com a impressão de que Jesus se atrapalhou ao contar a parábola. Parece que ele, no meio da história, se confundiu e chamou de próximo a pessoa errada.

Mas a verdade é que eu e mais o doutor da lei que conversava com Ele, não gostamos de samaritanos. Pelo menos não de samaritanos próximos a nós.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós, que não nos damos bem com samaritanos.

Em Cristo,

Clóvis

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Clóvis,

antes eu pensava que a proximidade é uma condição recíproca e estaria tudo resolvido, Jesus só usava um pouco de sua experteza.

Mas na verdade é que os samaritanos (espíritas, muçulmanos, budistas, exotéricos e etc) estão muitas vezes bem mais próximos de nós do que nós deles. Esse é o problema...

Alice disse...

Roger......o problema não são os samaritanos, mas sim nossa total falta de entendimento da Graça de Deus.... somos tão levitas e doutores que nos sentimos capazes de escolher quem entra ou não no céu....sei de uma coisa, se Deus é Deus mesmo, teremos muitas surpresas quando chegarmos lá...vai ter samaritano demais pra gente amar.




beijoss

Janete Cardoso disse...

Talvez a parábola queira nos ensinar, que em nada somos superiores aos "samaritanos". Nossa condição, é igualmente humana e somos tão vulneráveis quanto eles, neste mundo. Vão haver momentos, em que precisaremos de ajuda e aqueles à quem rejeitamos,com nosso ar de "donos da verdade" serão usados para nos socorrer de alguma forma.
Também acho que a senha é o amor...