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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Amor intenso

Bertrand_Russell_1950[1] A rejeição de Russell a Deus não foi motivada apenas por fatores intelectuais. Em My Father, Bertrand Russell, sua filha, Katharine Tait, escreve que ele não entrava em nenhuma discussão séria sobre a existência de Deus: "Eu não podia nem mesmo falar com ele sobre religião". O desgosto de Russell por esse assun­to era, aparentemente, causado pelo tipo de crentes reli­giosos que ele conhecera. "Gostaria de ter podido con­vencer meu pai de que eu encontrara o que ele estivera procurando, aquele algo inefável pelo qual, por toda a vida, ele nunca deixou de ansiar. Eu gostaria de ter podi­do persuadi-lo de que a busca por Deus não precisa ser em vão. Mas era impossível. Ele conhecera um número grande demais de cristãos cegos, sombrios moralistas que tiravam a alegria da vida e perseguiam seus opositores. Nunca seria capaz de ver a verdade que eles escondiam."

Tait, no entanto, acredita que toda a vida de Russell foi uma busca por Deus. "Em algum lugar, no fundo da mente de meu pai, nas profundezas de sua alma, havia um espaço vazio, que um dia fora preenchido por Deus, e ele nunca encontrou alguma coisa que pudesse voltar a preenchê-lo." Ele tinha "a sensação de não ter lugar neste mundo". Em um trecho pungente, Russell uma vez escre­veu: "Nada pode penetrar a solidão do coração humano, a não ser a alta intensidade do tipo de amor que os mestres religiosos têm pregado".

fonte: em Deus existe de Antony Flew

Um comentário:

Graça Serrano disse...

Muito bom Roger, obrigada!
Gostei de saber que um dos meus filósofos preferidos buscava a Deus tão ansiosamente, e desconfio que Deus esteve com ele todo o tempo; senão, como teria escrito coisas tão profundas e lúcidas sem nunca ter se deixado armadilhar pelos religiosos de moral congelada e por isso falsa?