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domingo, 24 de outubro de 2010

Medo e política: um moralismo sem graça

Os cristãos estão sendo cada vez mais considerados como moralistas rígidos que querem controlar a vida dos outros.

Sei por que alguns cristãos estão agindo dessa forma: por medo. Sentimos o ataque nas escolas, nos tribunais e, às vezes, no Congresso. Enquanto isso, vemos ao nosso redor o tipo de mudança moral que destaca o declínio da sociedade. Em categorias como crime, divórcio, suicídio de jovens, aborto, uso de drogas, bem-estar das crianças e nascimentos ilegítimos os Estados Unidos superam todos os outros países industrializados. Os socialmente conservadores sentem-se cada vez mais como uma minoria ameaçada, com seus valores sob ataque constante.

Como podem os cristãos defender valores morais em uma sociedade secular enquanto, ao mesmo tempo, transmitem um espírito de graça e amor? Como o salmista expressou: "Na verdade que já os fundamentos se transtornam, o que pode fazer o justo?". Tenho certeza de que por trás da rispidez das pessoas que me escreveram existe uma preocupação profunda e apropriada por um mundo que dá pouco lugar a Deus. Mas também sei que, como Jesus destacou para os fariseus, uma preocupação apenas com valores morais não é de maneira nenhuma suficiente. O moralismo à parte da graça resolve pouco.

Andy Rooney, comentarista de um programa de televisão, disse uma vez; "Decidi que sou contra o aborto. Acho que é homicídio. Mas tenho um dilema: por que prefiro as pessoas pró-escolha, em vez das que são pró-vida? Prefiro muito mais jantar com um grupo das primeiras pessoas". Pouco importa com quem ele janta, mas é muito importante se Andy Rooney deixa de encontrar a graça de Deus dos cristãos em todo o seu zelo pró-vida.

Quando pergunto aos meus companheiros de vôo: "O que lhes vem à mentquando digo as palavras 'cristão evangélico?", geralmente eles respondem em termos políticos. Mas o evangelho de Jesus não foi principalmente uma plataforma política. Em toda a conversa dos partidos eleitorais e guerras políticas, a mensagem da graça, o principal distintivo que os cristãos têm para oferecer, tende a sumir. É difícil, se não impossível, transmitir a mensagem da graça nos corredores do poder.

A igreja está se tornando cada vez mais politizada. Conforme a sociedade se desenvolve, ouço gritos de que estamos enfatizando menos a misericórdia e mais a moralidade. Estigmatizar os homosse­xuais envergonhar as mães solteiras, perseguir os imigrantes, molestar os mendigos, punir os infratores — sinto que alguns cristãos crêem que, se simplesmente aprovarmos leis suficientemente duras em Washington poderemos virar nosso país ao contrário. Um notável líder espiritual insiste: "A única maneira de termos um reavivamento genuinamente espiritual é fazer uma reforma legislativa". Será que o inverso não seria melhor?

Philip Yancey em Maravilhosa Graça

2 comentários:

Eduardo Medeiros disse...

Muito atual inclusive, para o momento político-brasileiro- evangélico.

abraços

http://logosoficos.wordpress.com/ disse...

Se Cesar transa (Herodes) com a cunhada, o que a Igreja tem a ver? Parece que João Batista se importava... Morreu tão jovem...