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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

LÁ SE FOI MEU MESTRE E EU NEM SABIA

Tanto ele quanto eu somos frutos dessa loucura que chamam de “meios de comunicação”. Mais velho, começou primeiro. Inteligente e de visão, fundou um jornal semanal na cidade “O Caratinga”. Permitiu com a estudantada da terra botasse sua criatividade pra funcionar e daí surgiu o caderno social “O Juízo”. Brincadeira séria e de bom gosto. Por lá e pelo jornal passaram Dênio Moreira, Hamilton Macedo, Ziraldo, Zélio, João Pena – ex-Assessor de Imprensa de Jango Goulart, então presidente da República – Ari Franco, saudoso Secretario do Diário de Minas, Etienne Filho, ex-editor do Jornal Nacional e repórter de O Cruzeiro, Ruy Castro, enorme escritor /biógrafo.

Lá estava eu aos meus 17 anos, com a minha coluna Bate-Bola.

Augusto Ferreira Neto ouvira um comentário que escrevi pra rádio Caratinga e me convidou a colaborar no jornal dele. Fiz de tudo ao lado de Assis, seu irmão: redator, colunista, tipógrafo, impressor e distribuidor de jornal. Corria 1960. Dois anos mais tarde, viemos estagiar no Diário de Minas e Rádio Itatiaia, a convite de Ari Franco e Hamilton Macedo. Outro sucesso era Dênio Moreira, na Rádio Guarani e Tevê Itacolomi, com ele, meu mano Fábio Paceli, cameraman, e o palhaço Fausto Meio-Quilo. O comediante Gastão Arreguy, na Rádio Inconfidência. João Etienne Filho era diretor de “O Diário Católico” e homem forte do teatro mineiro. Ziraldo estava no Rio e Zélio em SP.

Em Beagá, fundamos a sucursal de “O Caratinga” e da Rádio Caratinga. Mandávamos notícias via Correios. Entrevistas com os políticos da região, José Augusto Ferreira Filho, Guilhermino de Oliveira, turma do PSD, ao qual Augusto estava ligado. Um dia, José Augusto negou-se a atender-me ao telefone e Augusto mandou que eu fizesse um texto duro, com lead e sub-lead, conforme Ziraldo ensinava lá do Rio, onde participava da reforma gráfica no Jornal do Brasil, ou Correio da Manhã, sei lá. Titulei: “Zé Augusto nega-se a falar ao CARATINGA”. Foi um Deus nos acuda na redação local e na cidade. Mas pra meu orgulho e terror de Dona Geralda a matéria saiu. Eu a tenho até hoje, arquivada.

Augusto Ferreira tornou-se ícone da educação em Minas. Foi assessor de vários secretários e de ministros. Presidente nacional da Campanha de Educandários Gratuitos. O professor mudou pro andar de cima fora do combinado. Foi juntar-se ao Dênio, João Pena, Etieninho, Hamilton Macedo, Ari Franco, saudosos companheiros dos bons tempos.

E só fiquei sabendo hoje, sábado, dia da Missa de Sétimo Dia, marcada para as 12 horas. Também não pude ir. Meses atrás, quando fui eu que quase mudei, Augusto, viúvo recente, mas já sabendo de sua doença, não parou de mandar-me emails com seu blog e seu livro virtual para o qual pediu que eu fizesse o prefácio. E não pude nem prestar-lhe a última homenagem e agradecer-lhe por convencer dona Geralda e Sodico a deixarem que eu viesse com ele pra Beagá de mala e cuia em vez de fazer o sonhado concurso para o Banco do Brasil que meus pais desejavam. Adeus atrasado velho amigo e eterno Mestre. Vou avisar pro resto da turma, que também não deve saber da imensa perda.

fonte: Blog do FLAVIO ANSELMO

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