Poucas coisas me aterrorizaram tanto, nos meus seis anos de idade, quanto os absurdos de Saramandaia.
João Gibão com suas asas; Zico Rosado soltando formigas pelo nariz; D. Redonda que explodiu de tanto comer; Seu Cazuza ameaçando cuspir o coração toda vez que se emociona; Marcina ficando em brasa, queimando tudo o que encosta; e o professor Aristóbulo, o lobisomem, não dormindo, e em suas andanças noturnas se encontrando com D. Pedro I e Tiradentes.
Nada era pior do que os terrores, que eu já me habituara, das estórias infantis, como Joãozinho e Maria, Branda de Neve ou Chapeuzinho Vermelho.
Como eu era, por meus sensatos pais, proibido de assistir a famigerada Saramandaia. Só me restava pescar as conversas dos colegas, filhos de pais mais liberais, na escola. E vez por outra, por descuido dos velhos (naquela época bem jovens), assistir um ou outro capítulo [cagando de medo – com perdão da expressão].
Todo o mistério tornava, então, a coisa mais assombrosa ainda, como nunca deve ter sido, salvo engano.
3 comentários:
também não vi a novela quando mais jovem mas eu vibrava com as historinhas de fadas e bruxas más. rs
Houve um tempo - mítico, talvez - quando a Globo fazia coisas que valiam a pena assistir, tipo "O Bem Amado", "Saramandaia", "Roque Santeiro". Hoje, não mais.
Por alguns poucos anos, passei ileso por Saramandaia. Mas acabei de descobrir por que tanta gente conhece a música "Pavão Misterioso", do profeta Ednardo, e não conhece absolutamenta nada mais do cara, nem faz a menor idéia de quem seja o autor. Não vi a novela, mas conheci o autor da música :).
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