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domingo, 23 de janeiro de 2011

A coisa mais assombrosa

Poucas coisas me aterrorizaram tanto, nos meus seis anos de idade, quanto os absurdos de Saramandaia.

João Gibão com suas asas; Zico Rosado soltando formigas pelo nariz; D. Redonda que explodiu de tanto comer; Seu Cazuza ameaçando cuspir o coração toda vez que se emociona; Marcina ficando em brasa, queimando tudo o que encosta; e o professor Aristóbulo, o lobisomem, não dormindo, e em suas andanças noturnas se encontrando com D. Pedro I e Tiradentes.

Nada era pior do que os terrores, que eu já me habituara, das estórias infantis, como Joãozinho e Maria, Branda de Neve ou Chapeuzinho Vermelho.

Como eu era, por meus sensatos pais, proibido de assistir a famigerada Saramandaia. Só me restava pescar as conversas dos colegas, filhos de pais mais liberais, na escola. E vez por outra, por descuido dos velhos (naquela época bem jovens), assistir um ou outro capítulo [cagando de medo – com perdão da expressão].

Todo o mistério tornava, então, a coisa mais assombrosa ainda, como nunca deve ter sido, salvo engano.

3 comentários:

Eduardo Medeiros disse...

também não vi a novela quando mais jovem mas eu vibrava com as historinhas de fadas e bruxas más. rs

O Tempo Passa disse...

Houve um tempo - mítico, talvez - quando a Globo fazia coisas que valiam a pena assistir, tipo "O Bem Amado", "Saramandaia", "Roque Santeiro". Hoje, não mais.

Tuco disse...

Por alguns poucos anos, passei ileso por Saramandaia. Mas acabei de descobrir por que tanta gente conhece a música "Pavão Misterioso", do profeta Ednardo, e não conhece absolutamenta nada mais do cara, nem faz a menor idéia de quem seja o autor. Não vi a novela, mas conheci o autor da música :).