Páginas

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A condenação do mundo

Pois é, como eu ia dizendo, estranho muito que sejam as mesmas pessoas, as que insistem no poder absoluto de Deus (defendem com unhas e dentes a soberania, que ninguém pode escapar aos desígnios divinos – coisas que, aliás, eu nunca poderia discordar); mas são exatamente essas pessoas, as mesmas que afirmam, que “sola Graça” (e destrincham a graça do Criador em diferentes camadas e cores – afinal a graça de Deus é mesmo multiforme); e tais pessoas estão, até mesmo, conscientes do imensurável amor de Deus; elas reconhecem o sacrifício de Jesus como um ato inegável e gigantesco de amor incondicional e absoluto divino.

Pois bem, minhas senhoras e meu senhores,  são exatamente eles (para não dizer, nós) que não hesitam, apesar disso TUDO, em condenar mundo e meio de almas ao inferno.

Estava eu, aqui, nessa Alemanha pós-cristã, secular - ou seja lá como costumamos rotular as almas que aqui perambulam pelas ruas geladas – conversando com um pastor evangelical, justamente sobre esse tema.

Ele me afirma - pelo que entende e lê - que a única coisa que pode extrair da Bíblia é que uma parcela de 2% ou 5% da população é que pode ser considerada de salvos - em seu entender salvos significa pessoas que tem um relacionamento pessoal com Jesus Cristo.

O que acontece com essa Teologia que rola nos púlpitos e nos corredores dos seminários evangelicais?

E confesso, que ao ouvir isso, fiquei bem tímido em meus argumentos. A Bíblia pode mesmo nos levar a enxergar a coisa por esse lado tão assustador.

Mas afinal quem é o nosso Deus? Ele é Ele, ou Ele é a Bíblia, e o que se entende dela?

Entre Deus e a Bíblia, temos que ficar com Deus.

Erasmo poderia sim ter respondido a Lutero: “Deixe, você, Deus ser Deus”. Pois Deus é Amor.

- Deixemos Deus ser misericórdia, ser perdão, ser ombro amigo, deixemos Ele ser Graça e Poder. Deixemos Deus ser amor. Deixemos Deus ser Deus!

Interessante é que essa temática já foi apresentada a Jesus; e foi por Ele tratada com toda sua típica clareza: “Senhor, serão poucos os salvos?”

Vivemos hoje num mundo de 7 Bilhões. Quantos estão “caminhando para eternidade sem Jesus”? Quantas almas se perderão?

Se tomarmos as estatísticas alemã, do meu amigo pastor (que já é superestimada, por ser um pais cristão), teremos algo em torno de quase 7 Bilhões de perdidos. Imaginem só isso! Onde ficariam países como China, Arábia Saudita, Índia… Meu Deus!

Daria para entender, então, que o poder da malignidade humana (para não dizer demoníaca) é extremamente superior ao da benignidade divina que, coitadinha, sai perdendo de lavada. Deus revela sua severidade com lentes telescópicas (ou microscópicas – como queiram) e sua misericórdia com lentes de diminuição.

A maldade está aí, não quero negar isso. Mas atentemos também para a bondade!

Vejamos as crianças subnutridas pelos cantos do mundo a morrer. Mas não esqueçamos de também olhar para aquelas que, a cada dia nascem, e se equilibram na corda bamba deste mundo, para tocarem teimosa e marotamente sua vida e trazer-nos o Reino um pouquinho mais perto.

Talvez Alex Carrari esteja certo e Deus tenha mudado ao longo da Bíblia e haja sim novas intenções de Deus.

Talvez esse tal de Jesus seja mesmo quem ele disse ser: O Salvador do Mundo - e especialmente daqueles que creem…

5 comentários:

Tuco disse...

Sobre Deus ter novas intenções, meu sobrinho, quando era um sábio teólogo de 5 anos de idade, concluiu que Deus, no periodo do Antigo Testamento, ainda não tinha aceitado Jesus. ;)

Raoni disse...

Putz, Tuco! Seu sobrinho não poderia ter sido mais verdadeiro!
É, Roger... Quem quer dar ouvidos às novas ideias de Deus?

Sostenes Lima disse...

Roger,
acabei de tomar conhecimento do seu blog via ricardogondim.com. Achei muito bem articulado. Parabéns. Acho que temos muito em comum. Vamos caminhar juntos?
Abraços.
Sostenes Lima
www.sosteneslima.com

Sostenes Lima disse...

Roger,
vejo que está havendo uma implosão, lenta mas consistente, desse conceito ultraortodoxo de um Deus concentrador e intervencionista. O Deus que sabe todas as coisas (mas não diz nada a ninguém), que controla o mundo, distribuindo bem e mal calculadamente, segundo um propósito maior (mas não revelado a ninguém), que salva só os bons mocinhos da religião está morrendo; o Deus dos fundamentalistas está em ruína, embora ainda tímida. Abraços

Sostenes Lima
www.sosteneslima.com

Raoni disse...

"Quanta bobagem diz o Rogério Brandão, tadinho dele." - alguém na Ultimato.
O comentário mais sensato de todos os tempos.