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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Racismo no Brasil

cartaz_pqueno (21 x 30) FINAL...

Que o Brasil é e sempre foi um país racista, não há que se discutir.

O racismo é uma doença que vem no DNA humano e poucos são os privilegiados que nascem imunes a ele.

O cristianismo, um dos mais reputados e renomados inimigos do Cristo, teve muito a contribuir para o racismo. Desde o início, suas raízes judaicas se ramificaram no substrato em decomposição da separação de raças, tribos e nações.

Apesar de tudo que a suposta Palavra de Deus e de Cristo e de seus apóstolos fizeram para combater essa peste, ela só fez mais que proliferar-se e isso em solos sacro-cristãos.

E hoje não é diferente.

Não seria na Noruega, país que carrega a cruz em sua bandeira, em que um ultra fundamentalista cristão cometeria um atentado contra aqueles que se empenhavam em abolir fronteiras raciais e nacionalistas?

Não seria na Católica e Protestante Alemanha, que o nazismo encontrou solo fértil? Hoje governada pelo partido cristão, tendo uma filha de pastor e um pastor evangélico nos mais altos postos executivos, a nação assiste ainda escandalizada um grupo de neonazista planejarem e friamente assassinarem 10 estrangeiros.

Klu Klux Klan nos Estados Unidos, apartheid na Africa do Sul, assassinatos a aborígenes na Austrália, atentados no mundo árabe, muros em Israel, guerra civil com massacres e purificações raciais na África, Iugoslávia, Camboja, Índia, Paquistão, China, Japão ou Siri-Lanka, nada disso diminui a seriedade e nem minimiza a gravidade do problema em solos brasileiros.

O Cartaz da Campanha da Fraternidade da CNBB é um ótimo [ou péssimo] retrato do racismo, porque retrata a realidade da qual não podemos fugir, agora, mas somos obrigados a mudar.

Não estou aqui para julgar o cartaz, nem falar que a CNBB é racista - meu Deus do céu - não é nada disso! (No máximo foram infelizes no que se diz a estratégia de Marketing e ideologia). Não é um julgamento, mas mera constatação de um retrato que, por sua vez, também é uma constatação: médicos são geralmente brancos e saudáveis (estudados e bem remunerados), pacientes são geralmente mestiços (nem sempre bem remunerados, nem sempre estudados, e por isso mesmo, muitas vezes, doentes).

Observe o cartaz, observe os noticiários, as novelas, as repartições públicas, as escolas os parlamentos. Observe os outdoors na rua. Não precisaremos dizer mais nada.

Somos um país cristão. Mas no princípio não foi assim… Não quero, nem preciso entrar no mérito das atrocidades que Tamoios e Tupis faziam uns contra os outros, ou que Africanos cometiam entre si. Mas eles não se denominavam cristãos e não ostentavam ter um Deus que se dizia amor, e nem queriam fazer-se conhecidos como pacificadores, misericordiosos ou simplesmente: pobres de espírito.

Todos sabemos, ou deveríamos saber, sobre a dívida moral que a nação colonizadora portuguesa e por herança seus descendentes brancos acumularam frente aos colonizados.

Índios foram torturados, violentados, esquartejados, assassinados e por fim massacrados – e isso, que deveria ser uma página “negra” e passada de nossa história, ainda ousa nos assombrar no noticiário vespertino.

Negros foram comercializados como animais e trazidos nas piores condições possíveis do continente Africano para o Americano, em navios negreiros, para aqui serem ainda pior tratados.

O prejuízo moral, o arrombo econômico e os danos e traumas advindos de uma história dessas não são de se resgatar em poucas décadas. Portanto quanto mais rápidas e ágeis forem as ações em prol do resgate e do reparo de tal calamidade, melhor.

O assistencialismo e a caridade não são as medidas que restaurarão às classes desprivilegiadas do Brasil a sua dignidade, a sua honra e justiça outrora sequestradas.

Tudo e todos que se acomodam ao status quo, e temo que este que aqui escreve se inclua, não passam de racistas passivos. Ainda que tenham as melhores das intenções.

Urge uma restituição radical.

Um comentário:

O Tempo Passa disse...

Excelente! Mas, como escreveu uma amiga tua no Face, faltou vc mencionar as cotas raciais e posicionar-se mais claramente a respeito.