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sábado, 17 de março de 2012

Deus

De frente para o mar, em algum ponto do litoral nordeste do Brasil, um grupo de homens sentados na varanda de um hotel, em uma tarde de tempo nublado, bebiam um Chianti e conversavam amigavelmente sobre a vida.

O mais velho sugeria que havia uma força, algo superior, por traz de tudo que existia, e que essa força (pessoal ou não) era o que chamavam, Deus.

O mais religioso deles afirmava que mais do que uma força, Deus era espírito, algo transcendente, além do mundo físico e portanto incapaz de definirmos de forma científica natural.

O engenheiro, homem inteligente e de vasta experiência profissional, contemplava as nuvens cinzentas que se aproximavam e a violência das ondas. Afirmou categoricamente que tudo no mundo natural é obra daquele Espírito – ou força – portanto as impressões digitais, o copyright divino estariam impressos em cada coisa, molécula, átomo ou partícula do universo. Tudo era expressão espiritual, antes de ser uma manifestação natural.

O biólogo, um professor cristão, lembrou que, segundo a Bíblia, Deus faz morada em sua igreja, em corpos humanos, e que, em última análise, o “Pai nosso que estás nos céus” estava ali na próxima esquina, no mercado, na praia, habitando em nossos municípios e passeando pelas ruas.

Aqueles homens serviram mais uma rodada do vinho e continuaram sua conversa.

Enquanto isso, ali, ao lado do hotel, na arrebentação, um grupo de meninos e meninas jogavam seus anzóis nas águas do mar e se deliciavam com cada peixe fisgado.

Suas mães, preocupadas com a tempestade que chegava não sabiam se interrompiam a brincadeira das crianças ou a conversa dos maridos, ou ambos.

Quando uma primeira gota de chuva caiu, molhando o oceano.

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