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segunda-feira, 30 de abril de 2012

O jurista e o discriminado

Poucas coisas são mais justas do que o "olho por olho, dente por dente"; a graça, o amor e a misericórdia são algumas delas.

Lá estava ele mais uma vez sentado na roda de pecadores, seus amigos: publicanos, prostitutas, e gente da mesma laia, gente discriminada.

Isso já era demais para um certo jurista religioso de sua época (e ainda é demais para os de nossa), o qual montou uma arapuca:

“Mestre, o que eu tenho que fazer?”

A velha mentalidade mecanicista, “qual botão deve-se apertar, qual alavanca puxar?” Me diga, e eu simplesmente faço! Como formularia a Nike milênios mais tarde: just do it!

Mas o galileu de sandálias chutou a arapuca:

“O quê está escrito (exegese)? Como você lê (Eisegese)?”

Porque para Jesus as duas coisas claramente distintas deveriam andar juntas.

O jurista, eufórico, aproveita para recitar seu catecismo e não percebe que o Rabi, com os mesmos pauzinhos, a poucos chutados, refaz a arapuca, na qual o jurista acabava de cair:

“Bravo! Perfeito! Então não há pergunta… just do it…”

Já engaiolado, o jurista pia mansinho: “Mas pelo amor de Deus, quem é este cara que se chama próximo? Como você, Mestre Jesus, lê isso?” [Como se a cena por si só não oferecesse uma resposta].

A conversa assume, então, outro tom.

Os discriminados pelo sociedade judaica, prostitutas e publicanos, que naquele momento gozavam de prazer com a cara atordoada do jurista, fixaram seus olhares ávidos no contador de histórias.

“Um homem descia de Jerusalém para Jericó…”

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