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terça-feira, 5 de maio de 2015

Piada maldosa não é politicamente correta é só um pleonasmo

Se não for maldosa, não tem graça. Se não tem graça, não é piada.

Por isso acertadamente aconselha Luís Fernando Veríssimo a nunca, jamais, examinarmos de perto uma piada. O cronista se justificava ao mencionar uma piada sobre mulher feia.

De perto toda piada esconde um escárnio, um preconceito, uma malícia. E ironicamente é bom que seja assim.

De perto... Quanto mais no miolo da piada alguém se encontra, tanto mais de perto ele a olhará.

São agraciados os indivíduos que conseguem rir de si mesmos, que sabem não se levar mais a sério do que realmente são. Mas esta deve ser uma escolha particular.

Uma piada de mineiro, só tem alguma chance de ser engraçada quando contada pelo próprio mineiro; e sempre será odiosa quando contada por um carioca ou paulista... O mesmo vale para uma piada de ceguinho.

Rir de si mesmo pode ser libertador.

Mas até mesmo aqui, por uma simples razão de auto-estima, alguns limites óbvios tem que ser traçados. Um indivíduo também tem que saber levar-se a sério e fincar as fronteiras do respeito na sociedade na qual interage.

Isso não é tarefa fácil, pois não são muito claras as linhas divisórias entre a seriedade e o lúdico.

Assim quando é o outro que é alvo da piada, a atenção deve ser dobrada.

O problema é que existem piadas que nem precisam ser analisadas de perto. Já de longe elas destilam sérios preconceitos, malícia e danos morais.

Aqui, a liberdade de expressão esbarrará fatalmente em outras liberdades individuais (ou coletivas). As pessoas querem viver livres de calúnias, livres de difamações, livre de ataques morais. Ainda que (ou principalmente) esses sejam feitos sob o manto humorístico.

A expressão artística (verbal ou não) não pode possuir primazia sobre outros tipos de expressão. Se estou usando minha arte para provocar, agredir e atacar indivíduos ou grupos, é de se esperar que tais indivíduos ou grupos reajam a esta minha provocação. Se estou provocando o ódio, eles provavelmente expressarão ódio. Se estou agredindo eles expressarão sua defesa ou contra-ataque.

Os limites da lei, em uma sociedade de direito, fixarão a criminalidade de tais expressões. E cada um deve ser responsabilizado por desrespeito a esses limites.

No geral, o bom senso já ajudará a evitar uma série de constrangimentos e dores de cabeça.

“A raça humana tem apenas uma arma realmente eficaz, o riso.” - Mark Twain

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