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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Deus x Evolução

Foi Isaac Newton quem disse:

'Na falta de qualquer outra prova, só o polegar já me convenceria da existência de Deus'.

Mas Newton (1643-1727) viveu bem antes de Darwin (1809-1882) e sua teoria da evolução.

A evolução, segundo Richard Dawkins, “é teoricamente capaz de fazer o que, a princípio, parecia uma prerrogativa de Deus”.

Talvez Newton foi simplista demais. Só o polegar é muito pouco como prova da existência de um Deus criativo e todo poderoso.

Já o dedo indicador e as narinas... Como afinal de contas eles poderiam ter precisamente os mesmos diâmetros??

9 comentários:

Felipe Fanuel disse...

Não caio nesta armadilha de "existência de Deus". Acho uma sincera perda de tempo ficar discutindo isso. Coitado de Deus se ele existisse! A humanidade já o teria matado e realizado com prazer uma "teofagia".

Acho que, no fundo, tudo o que queremos é alcançar uma certeza impossível de ser alcançada. A gente quer dominar Deus. Afinal, encontrando sua prova, encontraríamos seus limites. E tudo que Deus está longe de ter são certezas, provas e limites.

Deus é. Deixem Deus ser Deus. Do jeito que ele é tá bom demais! Para quê colocá-lo em nossos caixotes teóricos? Para quê tentar enfiá-lo dentro de nossos tão pequenos cérebros. Ele não cabe ali. É bastante limitado para a transcendência de tudo o que ele é.

A coisa mais sensata que podemos fazer é reconhecer nossa limitação diante do quem Deus é. Não sabemos nada dele e pronto. Estamos eternamente perdidos diante de quem ele é. Jamais seremos capazes de dominar o conceito de Deus. Ele sempre será um mistério, algo novo, que se revelou, se revela e se revelará.

É exatamente na nossa ignorância que Deus é glorificado, pois ele jamais poderá ser detido, examinado e explicado. Ele é quem é. E ai de nós por isso, porque nós, ah, nós sim, não "somos", nós "existimos". E a gente quer ora enfiar Deus nessa furada chamada existência, ora querer entrar no lugar que é dele chamado eternidade. Pobres humanos que somos. Humanos, demasiadamente humanos.

Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!

Pois, quem conheceu a mente do Senhor? Quem se tornou seu conselheiro?

Quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que lhe seja recompensado?

Porque todas as coisas são del, por ele e para ele. A ele seja a glória eternamente! Amém.

Felipe Fanuel disse...

As a matter of fact, foi com o próprio Sir Isaac Newton que aprendemos que o que a gente joga para cima cai de volta para a Terra. Isso se aplica também aos nossos discursos.

Bendita lei da gravidade!

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Acho que a coisa está aí para ser polêmica então vou deixar meu pitaco.

Felipe, você me afirmou certa vez que essa idéia de que Deus não existe, mas é, não é do Caio Fábio, mas de Tillich. E o Caio só não passou os direitos autorais pra frente. rsrs!

Deus, de fato, se apresentou para Moisés como o "Eu Sou". Deus é ontológico. Quanto a isso não há questões.

Mas isso nunca excluirá o fato da existência divina. 75% dos alemães por exemplo creem na sua existência. Crer que Deus existe é uma prerrogativa da fé, sem a qual é impossível agradá-lo. Na verdade a crença em Deus está e sempre esteve presentes em todas as culturas.

Acho que ateus (e cientistas) podem, perfeitamente se darem ao luxo de questionarem: afinal Deus exite? Como você mesmo certa vez postou fé e dúvida andam juntas.

Nisso acho até positivo as propagandas pelos ônibus europeus, as pessoas perguntam será que Deus existe? E podem se surpreenderem com a resposta! O negativo daqueles cartazes é querer vincular a "imagem" de Deus a não gozar a vida. Isso sim é nocivo pois é passado de forma sutil...

Mas concordo plenamente contigo que essa ciência tem seu limite óbvio quando começa-se a tentar impor limites a essa divindade. Simplesmente, esses sim, não existem.

Abrçs,

Roger

Felipe Fanuel disse...

Roger,

A crença na existência de Deus tem seu lugar hoje, mas nos tempos antigos isso não era questão de fé. Afinal, Deus ou deuses, querendo ou não, eram realidades últimas que faziam sentido para as pessoas em sua maioria.

Não é o caso hoje. Não percebemos, portanto, o quanto estamos presos a uma discussão nova. A de que Deus está posto na parede e ele precisa ser defendido, crido e afirmado antes que o destruam. Isso é ridículo!

Se Deus é Deus, ele o será sempre. Acredito, por exemplo, que o fato de alemães, em sua maioria, creem hoje em Deus, mesmo após viverem em um mundo secularizado, nada igrejeiro, tenha a ver com isso. Deus sobreviveu aí na Alemanha. Ninguém precisou fazer campanha para que as pessoas não parassem de crer nele. Entende, cara?

Esse papo de existência de Deus soa-me muito político. As instituições religiosas depositam suas fichas nisso não por causa de Deus em si, mas por causa de sua própria existência. Elas sim estão ameaçadas com a secularização, não Deus.

O filósofo Gianni Vattimo muito bem já especulava a possibilidade de a secularização ser um processo de autoesvaziamento divino, baseando-se naquilo que S. Paulo chamou de kénosis. Podemos traduzir este termo como "rebaixamento", "humilhação" e "enfraquecimento". Se isso estava nos planos divinos, como lemos em Fl 2, por que nos incomodamos em evitar esta "tragédia"? É uma tragédia para Deus ou para as instituições cristãs?

Felipe Fanuel disse...

Se estamos aqui para defender instituições, sejamos honestos. Só isso. Não coloquemos Deus nesse meio político até às tripas.

"Prerrogativa da fé" na perspectiva de quem? A quem esse assunto interessa? As pessoas realmente estão preocupadas com isso? Para viver a fé, de acordo com as pessoas, é realmente necessário afirmar um monte de dogmas como o da "existência de Deus"? As pessoas precisam disso mesmo?

Anônimo disse...

Fanuel,

com Richard Dawkins estamos passando por uma onda onde a existência de Deus está sendo questionada (de forma aparentemente científica e séria).

Você está corretíssimo, não precisamos comprar essa briga nesse nível "intelectualizado", pois Deus não precisa de advogados. Não é isso?

Daí o tom (não)sério do argumento do dedo no nariz. Essa foi a idéia.
Queremos só nos divertir com isso. Apologética definitivamente não é minha área.

Felipe Fanuel disse...

Você está corretíssimo, não precisamos comprar essa briga nesse nível "intelectualizado", pois Deus não precisa de advogados. Não é isso?

Todo discurso é político. E essa é uma briga política entre instituições, vigiadas por cachorros grandes — cientistas e religiosos. São cães de briga. Querem defender com os dentes. Suas mordidas podem ser fatais.

Suponho que Deus esteja para além disso. Mais na essência do que neste aparente jogo de toma-lá-dá-cá. Não me consta que ele tenha pedido para ser defendido, tampouco que ele ceve cachorros aqui na Terra para proteger o céu de ataques.

É só isso!

Felipe Fanuel disse...

Que fique claro que não estou negando a constante ameaça de ataque que as instituições científicas, principalmente as de inspiração positivista, fazem às instituições religiosas. Vejam que o conceito de Deus é um discurso institucional. E, portanto, digno de ataques científicos. São cães de briga tanto quanto.

Apologética disse...

Saludos en la luz