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terça-feira, 1 de setembro de 2009

E-mail de despedida

Queridos amigos de Munique,

Quero, nesse E-mail de despedida, expressar o meu total respeito por cada um de vocês. Através do olhar, do sorriso, das palavras, do ouvir e do toque de vocês (especialmente daqueles com quem convivi mais de perto) Jesus mostrou-se presente, nesses últimos anos, que foram especialmente difíceis para mim.

Deus se revela de várias maneiras em nosso dia a dia e foi através da sua amizade que pude melhor desfrutar da graça e do amor do criador.

Nada mais esperei de vocês, a não ser a sua amizade, e nada menos recebi. Por isso sinto-me na obrigação de dizer-lhes com toda franqueza e liberdade algumas coisas.

Passamos bons e maus momentos juntos e não posso me calar frente minha imensa frustração. Estou frustrado, aliás, não só com vocês, mas com toda igreja formal, especialmente a evangélica.

Minha primeira frustração está em nosso fracasso de nos aproximar de outras igrejas de forma prática e duradoura. Isso se mostrou especialmente insuportável no nosso caso em relação às igrejas africana e brasileira. As paredes que nos separam mostraram-se mais fortes do que as forças que “teoricamente” deveriam nos unir. Pelo simples fato dessas igrejas pertencerem à mesma denominação que a nossa e estarem tão próximas, essa separação tornou-se uma afronta direta e escandalosa ao nosso discurso piedoso e espiritual sobre amor, fraternidade e tudo mais.

Essa falta de unidade externa não passa de um espelho daquilo que acontece internamente. Falta-nos o sentimento de “nós”. Por isso não somos e nem seremos relevantes como grupo.

Somos relevantes individualmente, mas como grupo somos um total fracasso. E não digo isso só em relação à CGM, dificilmente uma igreja dentro dos moldes que vivemos hoje será relevante em sua comunidade. As razões para essa impossibilidade são muitas, e tornaram-se óbvias pra mim nesses últimos anos, mas de fato, não creio que vocês estariam dispostos a ouvir-me quanto a isso.

Quanto a mim, por algumas décadas estive ligado à igreja formal e ali fui descobrir pessoas amigas, como vocês, agora, quero inverter o processo: Vou me ligar primeiro a pessoas amigas e ali quero descobrir a igreja.

Desejo boa sorte para todos e muitas bênçãos de nosso Pai celeste.

Fraternalmente,

Rogério Brandão Ferreira

A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega

4 comentários:

Professor Augusto disse...

Roger, li com carinho a sua carta de despedida de Munique e as observações feitas sobre a distância que vc percebeu entre o discurso e a prática fraternal na igreja formal que vc frequentou. Ao longo dos séculos este tem sido o principal desvio de rota dos fiéis na sua vivência de fé e foi um dos alvos de duras crítica do profeta ISAIAS e as permanentes advertências de JESUS: " SEPÚLCROS CAIADOS...". Este o grande perigo que todos nós estamos sujeitos a cometer. AMAI=VOS UNS AOS OUTROS. E quando se AMA toda a lei está sendo cumprida. O amor não separa, não divide, não fala mal, não ensorbebesse. Tudo crê, tudo une,tudo perdoa. Gostei de vc fazer a separação entre as pessoas e a instituição igreja. Parabéns! Fiquem com Deus

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Oi pai,
Você foi quem nos iniciou nesse vício eclesiástico, hehehe! Agora fica um buraco, geralmente domingo sinto falta de uma igreja.
Também não sei ainda como se dará esse "descobrir a igreja" em pessoas amigas...
Será uma caminhada nova com seus riscos.
Vejamos o que dará!
Abrçs,
Roger

Tuco disse...

É Roger. Vejamos o que dará.

Abraço.

Gabriela disse...

Somos relevantes individualmente, mas como grupo somos um total fracasso.

Pasei o mesmo com TSN.