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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Economia da religião

Ejemplo_oferta_y_demanda[1]A economia da religião é a ciência que estuda as relações de oferta e demanda dentro do cenário religioso. Ela não deve ser confundida com a religião da economia. Esta está simplesmente ligada ao capitalismo, à ganância e ao amor ao dinheiro. Ela aparece explícita nos templos neopentecostais e implícita em quase todas outras igrejas, assim como nos grande centros financeiros do planeta, mas também nos pequenos empreendimentos. Já aquela não apresenta nenhum vínculo, pelo menos não diretamente, com a moeda. Ela simplesmente se vale das leis da economia para explicar as trocas de valores no "mercado religoso".

Por um lado temos a oferta de serviços religiosos que vai desde bens materiais como sesta básica, passando por bens sociais como reconhecimento, status, aceitação, poder de comando; e chegando até benefícios espirituais como acompanhamento e ajustamento psicológico, paz, alegria e etc. Por outro lado temos a demanda por tais serviços, que em contrapartida paga com o "capital' religioso. O capital religioso ou social mais comum, mais básico e mais aceito nas transações religiosas é a frequência.

O preço é a frequência.

Os serviços religiosos só serão encontrados no "mercado da fé" em pequenas quantidades para quem só estiver disposto a frequentar raramente um igreja ou instituição religiosa, já uma frequência mais assídua fará com que a quantidade de tais serviços também se multiplique. Todavia, a curva da demanda segue em outra direção: Como a frequência depende do tempo, ela é portanto um bem escasso. Assim para serviços religiosos que exijam assiduidade intensa haverá pouco interesse do público consumidor, mas para aqueles serviços que não exijam maior vínculo haverá consumo em massa. Destarte o "mercado religioso" se equilibra no ponto onde ambas as curvas se cruzam; e para determinado serviço religioso em determinada quantidade ou qualidade será "pago" uma frequência x nas reuniões.

Exemplificando:

Imaginemos como serviço o "ensino espiritual (teológico)" ou "uma oração (para trazer benefícios diversos)". Os fiéis poderão consumir tais serviços, na medida que frequentem a casa religiosa semanalmente, geralmente 2 a 3 horas no domingo. As reuniões de oração são realizadas durante a semana e exigirá algumas horas a mais, caso o fiel (consumidor) queira um serviço especializado. O mesmo acontece com o ensino que custará um tempo a mais na escola bíblica ou conferências e retiros dos mais variados.

O esquema funciona semelhantemente aos pontos de audiência em um programa de televisão. São os pontos no Ibope o "preço" pago pelo telespectador que garantirão que o programa permaneça no ar. Assim é a frequência. Por isso líderes saem desesperados atrás de "mais um para Cristo" e querem a todo custo fazer suas congregações crescerem. Eles não se envergonharão em "pescar em aquário", jamais moverão se quer um quilômetro em direção aos países da assim chamada "janela 10 x 40", embora insistam que a pregação do evangelho é para ganhar almas para Cristo, e incutirão um profundo sentimento de culpa em qualquer um que ouse desligar-se do sistema religioso, contribuindo para queda da frequência. Obviamente, como tudo nesse mundo, essa frequência será traduzida no vil metal.

Jesus fugiu a todo custo dessa lógica da economia da religião. Embora inicialmente fosse seguido por multidões, ele insistia em refugiar-se na solidão e proibia seus agraciados a propagarem a bênção recebida. Não raras vezes abandonou os novos convertidos à própria sorte, não permitindo que eles o seguissem. Quando a audiência caiu drasticamente ele deixou a porta aberta para que também os 12 pudessem escapar sem maiores constrangimentos. E finalmente no dia de sua morte, quando prestou o maior serviço à humanidade, encontrava-se só e abandonado.

Mas não podemos comparar Jesus com os atuais líderes religiosos, isso é sacanagem, afinal Jesus foi um homem santo, Jesus é Jesus.

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