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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Abre o olho

Eu mesmo não poderia ter expressado melhor…, ou melhor, nenhum de nós poderia ter expressado melhor, ou quem sabe… – Ninguém poderia ter expressado melhor! Tá bom eu paro mas, leia com atenção, tá tudo escrito aí (lá) com todas as letras.

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De Tuco Egg, na Trilha.

Qué isso mermão?

De vez em quando ainda aparece alguém com aquele papo: "Rapaz, tu tá é lôko. Que pira é essa de ficar falando mal da igreja, da bisparada, dos pastores e pastoras, dos apóstolos e apostilas. Que lance é esse de falar que os evangélicos formam um forrobodó caótico sem significado? Qué isso mermão? Não é membro de igreja nenhuma. Cuidado, bróder. Abre o olho. Se cuida que sei lá onde cê vai parar com essa onda".

E eu fico aqui pensando, não sei se respondo, se não respondo. Abaixo a cabeça, testa franzida, vagando o olho pro lado e pra cima, imaginando a poeira da palestina passando, carregada pelo vento quente que sopra do mar de Tiberíades. Quase consigo sentir o calor do sol queimando o lombo dos discípulos enquanto eles vão levantando as paredes daquela nova espécie de sinagoga. Mateus, que tem a pele das mãos finas, os músculos frouxos por estar há tempos afastado do trabalho braçal, acostumado a contar moedas no seu escritório, foi incumbido de pintar a placa: "Ministério do Cordeiro de Deus". A sugestão do nome veio de João Batista, que às margens do Jordão panfletava os passantes. "Convém que a sinagoga dele cresça e a minha diminua", dizia o Batista. Pedro, Tiago, João e Judas acompanhavam o mestre nas suas andanças, quando reunia multidões para falar de seu projeto visionário. Tiago e João, que com sua voz de trovão pareciam o Pavarotti e o Plácido Domingo, abriam os encontros conduzindo o louvor. Jesus vinha em seguida com uma mensagem, lembrando de frisar a importância de contribuir com a obra que estava em andamento e abençoaria muitas vidas, sempre com Pedro ao seu lado. Vez ou outras Jesus pedia que Pedro desse um testemunho do que Deus vinha fazendo em sua vida através do "Ministério do Cordeiro de Deus". Judas passava em seguida pelo povo juntando os dízimos e ofertas, sempre repetindo, "contribuam pra construção da nossa sede".

Bartolomeu, desconfiado que era, cumpria muito bem o papel de gerenciar a construção nos arredores de Cafarnaum. Só tinha trabalho com Tomé, sempre do contra: "Essa viga não vai aguentar Bartolomeu", "vai sim, Tomé", "hum, só acredito vendo...".

E lá vão eles, pelos outeiros da Galiléia, entre figueiras, tamareiras e oliveiras, ladeados pelas delicadas colinas da Jordânia, levantando fundos para construção, abrindo franquias por toda Israel, convidando o povo a tornar-se membro do Ministério e, consequentemente, estar presente em todas as reuniões, encontros, retiros e campanhas, sem falta. Caso contrário, cuidado bróder. Abre o olho.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Forrobodó caótico sem significado

Ano passado me procuraram para uma entrevista. O assunto seria a igreja evangélica e esses caras estranhos chamados sem-igreja. Me mandaram as perguntas, eu respondi, mas a matéria nunca apareceu em lugar nenhum. Ainda nessa fase de vacas magras no blog, desenterrei a entrevista pra postar aqui. As perguntas foram formuladas pelo jornalista carioca e flamenguista Marcos André Lessa.
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1) O movimento dos sem-igreja cresce a cada dia: blogs e comunidades no orkut já são dedicados ao tema, como lugares para "congregar" e compartilhar de questionamentos parecidos. Na sua opinião, quais os motivos para esse movimento ocorrer?

É um movimento natural. É pra onde tudo migra hoje. Virtual, pessoal, íntimo. Grandes instituições estão em descrédito em todos os ambientes, não só no cristão. E a internet surgiu como uma alternativa que viabiliza contatos e trocas entre gente sem a dependência de uma instituição toda hierarquizada, toda rígida, toda dogmática. Sem falar no custo pra manter as instituições formais funcionando. Pouca gente ainda se dispões a arcar com esses custos. É um preço muito alto que se paga, tanto em dinheiro como em mão de obra. É só olhar pras grandes instituições religiosas e ver o tanto de dinheiro, tempo e gente envolvida só em manter tudo funcionando. As pessoas estão saturadas desse método e tentando encontrar formas alternativas. É natural que seja assim.

2) Nos posts "Um primeiro passo" e "Ter, pertencer, ir" vc parece concluir uma série de reflexões e a partir dali começar uma nova trilha, só que agora sem estar ligado oficialmente a uma igreja evangélica. Como foi esse processo? Houve algum momento/fato/acontecimento especial que foi um marco, um início desses questionamentos?

Não houve marco não. Houve certamente um processo, mas não sei se consigo defini-lo bem. Fui sendo influenciado por um monte de boas pessoas, tanto pessoalmente como através de leituras. E aquilo que fui recebendo, fui passando adiante, especialmente dentro do contexto da instituição da qual fazia parte – e também através do blog. Basicamente em uma busca por simplificação tanto na mensagem como na estrutura de vida comunitária e na vivência da mensagem do evangelho de Jesus na prática, no dia-a-dia, na vida comum. Meu desligamento acabou sendo uma consequência natural, uma vez que o que vinha vivendo e falando ia causando certo desconforto na instituição à qual eu era filiado (ou igreja da qual era membro, tanto faz). Eu não queria ficar causando desconforto à ninguém, portanto me afastei antes que o desconforto virasse briga ou coisa parecida.

3) O que foi mais difícil pra você nesse processo, até a conclusão acima?

Rompimento nunca é fácil. Envolve um monte de amigos, gente boa, gente querida. E um monte de hábitos. Claro que gostaria de poder romper com a instituição, a forma, sem precisar romper com gente, pessoas. Mas na prática isso é muito complicado. Perde-se vínculos. Encontros que antes eram semanais passam a ser esporádicos. Mesmo que os encontros semanais fossem, no geral, bastante frios e superficiais, eles aconteciam e a gente via os rostos e tinha os nomes sempre na memória. Encerrando esses encontros, aos poucos vai-se perdendo vínculos. Essa é a parte chata.

4) No blog você também citou algumas reações à sua decisão. Alguma específica te marcou, positiva ou negativamente?

Não lembro exatamente que reações citei lá, mas ouvi uma pequena porção de bobagens a meu respeito. De gente que nunca falou mais do que um 'oi' e 'tchau' comigo, mas já tinha opiniões fortíssimas sobre mim, e de alguns mais próximos também. A maioria na linha de que eu era um ‘desviado’ e que queria ‘causar divisão’, enfim, passei a ser considerado um sujeito perigoso. Melhor manter distância. Mas foi pouco, comparado a histórias que ouço por aí. Os caras tinham seus motivos. Estavam protegendo suas crenças e tal. Não tenho nada contra ninguém. Até entendo essas reações. Lamento, mas entendo. Mas teve também alguns bons amigos que permaneceram bons amigos e deram uma grande força. Isso foi ótimo.

5) Em outro post vc cita que seu dízimo agora seria encaminhado à caridade, ou algo do tipo. Como você chegou a essa conclusão? E a passagem que diz "trazei todos os dízimos à casa do tesouro"?

A passagem sobre a ‘casa do tesouro’ foi escrita num tempo em que existia uma ‘casa do tesouro’. Essa casa não existe há mais que 2 mil anos! O 'templo', depois de Jesus, passou a ser o coração do homem. É aí a casa do tesouro. No coração de cada um. E no coração não cabe dinheiro; cabe amor, cuidado, misericórdia, paz, perdão, graça, proteção, carinho. Essas coisas todas se manifestam de um para o outro de muitas formas e uma delas é repartindo-se o que cada um tem em amor. É como Paulo falou pra rapaziada de Corinto: “No presente momento, a fartura de vocês suprirá a necessidade deles, para que, por sua vez, a fartura deles supra a necessidade de vocês. Então haverá igualdade, como está escrito: ‘Quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco’.” Essa obrigação de dar 10% da renda pra igreja da qual o sujeito é membro é uma tolice. O amor é que nos constrange e nos move a repartir o que temos com quem não tem, ou tem pouco. Simples assim. Sem obrigação, sem barganha, sem valor nem endereço fixo.

6) Lendo seu blog, tenho a impressão que você foi criado na igreja. E você tem dois filhos. Fica preocupado se eles vão abraçar ou não a fé cristã, mesmo sem frequentar uma igreja qdo crianças?

É preciso corrigir a definição do termo ‘igreja’ aqui. Meus filhos estão aprendendo, junto comigo, a ser igreja em todo canto, em todo tempo. O que eu espero de todo coração é que eles abracem a Cristo. Espero que Deus me dê a graça de vê-los vendo um pouquinho de Jesus em mim, ou pelo menos no meu desejo sincero de seguir Jesus. Se isso (ou qualquer outra coisa) os levar a abraçar a pessoa de Jesus, certamente todo resto estará resolvido. Há muita gente caminhando por aí abraçada à ‘fé cristã’ dentro de ‘igrejas’ sem, no entanto, jamais ter abraçado o Cristo.

7) Em "Ter, pertencer e ir" vc fala de uma solidão pós-decisão de ser um "desigrejado". Queria que vc falasse mais sobre esse sentimento, e como ele se expressou na sua rotina.

Acho que falei um pouco disso na pergunta 3. Todo rompimento é traumático. As noites de domingo foram bastante esquisitas no começo. Eventualmente sinto falta de um amontoado maior de gente. Mas quando estava nesse amontoado, achava ele meio vaziozão. No fim, passei e ainda passo alguns dos momentos mais intensos da minha vida familiar quando nos reunimos em torno da mesinha de centro na sala com livros, músicas, violão e copos de nescau à postos. Passamos algumas horas ali de longas e profundas conversas que, por algum motivo, nunca tive antes. Estando sozinho, passei a assumir como minhas muitas responsabilidades que antes estavam delegadas à instituição. E ajudou também o fato de ter mais tempo livre, uma vez que antes estive sempre bastante envolvido em programas da instituição que me tomavam várias noites por semana.

8) Sua esposa teve os mesmos questionamentos que você? Se não, como ela encarou suas reflexões e conclusões? Se teve, foi ao mesmo tempo que você?

Minha esposa veio junto, desde o comecinho. Conversamos bastante desde sempre e ela participou de todas as etapas de mudança na nossa caminhada com Jesus.

9) Na sua opinião, qual a importância e função da igreja evangélica hoje?

Isso é complicadíssimo de responder, porque a expressão ‘igreja evangélica’ já não significa absolutamente nada mais, e faz tempo. É uma bagunça tão grande, um forrobodó tão caótico, que já não tem significado nenhum. É Edir Macedo, Malafaia, Terranova, Rodovalho, apóstolos, bispos, profetas, curandeiros, milagreiros, manipuladores, caras-de-pau, safados... toda essa gente aí é ‘evangélico’. A função desses aí é enganar o povo e ganhar muito dinheiro isento de impostos. É construir seu impériozinho e ter uma porção de subordinados submissos beijando suas mãos. E esses caras crescem que nem capim porque anunciam um projeto de prosperidade e poder. O povo que os segue não faz a menor idéia de quem seja Jesus. Abraçam a esperança hedonista de poder e, para isso, vendem a alma. São enganados, mas enganados pela sua própria ganância. É triste, mas é o que é.
Só que tem também um monte de gente boa, esforçada e bem intencionada em instituições que se esforçam um bocado pra apontar pra Jesus e não pra si mesmas e fazer o bem ao próximo, e não construir um templo novo bonitão, acarpetado e cheiroso. Isso existe. Tá espalhado por aí. Cada vez mais raro, porque até esses aos poucos vão cedendo às tentações de crescimento e sucesso oferecidas pelo primeiro grupo. Mas sempre há uns guerreiros remanescentes por aí. E os caras também se chamam de ‘evangélicos’.

Enfim, a igreja evangélica é uma balbúrdia indefinível. Mais vale largar dela e seguir Jesus independente do lugar onde você esteja. E esse lugar pode até ser uma igreja evangélica, tudo bem. O importante é não permitir que a igreja instituição e todas as suas programações e demandas tomem o lugar do Cristo. É só seguir Jesus onde estiver. E se dois ou três forem junto, está ótimo.

por Tuco Egg em A Trilha

terça-feira, 27 de março de 2012

Por que o movimento evangélico naufragou?

Quando o RMS Titanic esbarrou seu casco no Iceberg o seu capitão já vislumbrava o tamanho da tragédia, embora, possivelmente, não conseguisse admiti-la conscientemente, graças à imensa e positiva expectativa daquele empreendimento – o Titanic era um navio “inaufragável”!

Muitos barcos navegam hoje pelo mar religioso sob a bandeira cristã, desde o Catolicismo Romano, até Testemunhas de Jeová, passando pelas igrejas Protestantes, Ortodoxas e tantas outras menores independentes. Todos eles possuem seu valor histórico institucional e se dispõem a ser a resposta para a identidade coletiva proposta pelo fundador do cristianismo.

De fato muitos alegam que Cristo não tenha fundado o cristianismo. Porém ao confrontar as lideranças judaicas de sua época, e ao reunir grupos separadamente daqueles que vinham às sinagogas e templo, Jesus começou a fazer aquilo que de seus próprios lábios ficou chamando “edificar sua igreja”. Sua vida, morte e ressurreição foi uma mudança radical naquilo que se conhecia como judaísmo. Uma nova religião estava fundada – quer gostemos da ideia ou não, quer gostemos do termo ou não.

Passaram-se quase dois milênios até que desse projeto original surgisse aquilo que hoje, no Brasil, chamamos de evangélico (do qual já cheguei alguma vez a fazer parte).

A exemplo da tragédia do Titanic pode-se hoje vislumbrar o rasgo no casco do movimento. No fundo muitos já deram seu jeito de deixar o navio (que foi o conselho sábio de Tuco). Até mesmo quem já esteve no comando em nível nacional da coisa, já pulou fora. A tragédia é inevitável, muitos passageiros a bordo só não conseguem admiti-la conscientemente, graças à imensa e positiva expectativa.

Nessa expetativa fundou-se a Aliança Cristã Evangélica Brasileira. Assim preserva-se aquilo que se teve de original no movimento, como uma ou outra atualização:

  1. insistirem que a Bíblia é inerrante;
  2. acreditarem que foi Deus que criou o mundo e não a evolução;
  3. afirmarem que o casamento é entre um homem e uma mulher;
  4. declararem que só Jesus Cristo salva e que o Cristianismo é a única religião verdadeira;
  5. acreditarem na necessidade da Igreja;
  6. se recusarem a negar qualquer das posições acima.

Assim como outros barcos nesse oceano o Evangelicalismo preserva através da Aliança seu valor histórico cultural. Assim como outros barcos eles navegam como barcos fantasmas ancorados em seu passado institucional. Mas será essa a proposta de vanguarda para quem quer ir mais além?

Pode-se vislumbrar na linha do horizonte algo novo. O que seria esse novo?

O novo paradigma que vem substituindo o velho pode ser intuído, e extraído, da voz de Ricardo Gondim, pastor que até então foi a cara mais representativa do movimento frente à opinião pública, e que recentemente chegou a seu próprio tempo de partir e deixar o arraial. Para Gondim:

  1. O Evangelicalismo está condenado a ser um negócio, uma empresa, vendida às regras capitalistas e do Marketing – Em contraponto a igreja tem o chamado para ser simplesmente uma comunidade fraterna de fé.
  2. O Evangelicalismo está condenado a fomentar o jogo de poder e político tanto interna como externamente – Em contraponto a igreja deve ser a voz profética que não só condena como vive o oposto desse jogo.
  3. O Evangelicalismo é então denunciado por outros setores da sociedade, religiosos ou seculares, por seu charlatanismo e truques de manipulação em nome de Deus – Em contraponto a igreja deveria em nome de Deus ser a agência que promove a justiça, a alegria e a paz.
  4. O Evangelicalismo (fundado originalmente no ultra calvinismo) assume valores deterministas e mutilam as infinitas perspectivas de compreensão da vida, apresentando uma suposta “cosmovisão” pronta e acabada. O tom apologético assume cores inquisitórias – Em contraponto a igreja deve ser o lugar onde a liberdade oxigena os diálogos, os pensamentos, as mentes os espíritos.

O movimento evangélico naufraga por ser um negócio econômico, por seduzir e ser seduzido pelo poder político, por ser objeto de ridículo ao manipular o povo e por colocar viseiras no rebanho. (Não importa se o nome “evangélico” foi sequestrado de seu significado original, ele já fez morada e mandou recado que não voltará mais.)

Resta-nos abraçarmos e catalisarmos o processo de chegada dessa comunidade de fé, que liberta os espíritos e prosseguirmos nossa navegação, se é que desejamos ser salvos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Precisamos desse tipo de desabafo

“Estou cada vez mais convencido de que existe uma enorme quantidade de crentes cansados das igrejas-instituição. Precisamos desse tipo de desabafo e reflexão, pois não se trata de um fenômeno isolado, nem ilegítimo. Há, sim, frustração com a igreja-organização, o que, espero eu, nos encaminhará para o sentido da igreja-organismo.”

Alex Esteves da Rocha Sousa

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Caciques

Quando o povo brasileiro aprender a pensar por si mesmo esse país revolucionará o mundo.

O Brasil só aprenderá a pensar por si, quando ficar sem o falso amparo dos caciques, dos senhores de engenho.

Me entristeço ao pensar que existe uma massa enorme clamando por gente assim! Eles não querem alguém que lhes ofereçam a opção de decidir por si próprios. Mas querem uma sociedade onde os líderes decidam, sobre o que você deve beber ou comer, vestir ou não e etc.

"Anarquistas, graças a Deus!"

Mas o povo quer um "líder", um cacique. Alguém para adorar, quando tudo der certo, ou, para pregarem numa cruz, quando as coisas não derem certo. Essa massa não consegue enxergar o cinza: ou é branco ou preto, e pior, precisa de alguém para decidir por elas em qual das duas categorias serão classificados os diversos tons de cinza.

Pois é, só uma liderança servil, longe da instituição poderá reverter isso. Se é que essa reversão é ainda possível.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O messianismo ou o problema da liderança (eclesiástica) - 2

Um dos maiores e mais centrais problemas enfrentados pelo Brasil, durante a ditadura militar, foi com certeza a carência de liderança, em vários setores da sociedade.

Para garantir que estamos todos falando da mesma coisa, coloquemos de lado toda clareza semântica que envolve esse vocábulo tão curioso, líder.

Já de início, sua origem inglesa, leader, depõe contra todo bom sentido que poderíamos emprestar-lhe.

Busquemos, entretanto, no Aurélio significado que se aproxime o máximo do Líder que estamos falando:

1.Indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de idéias.
2.
Guia, chefe ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinião, etc.

Cabeças pensantes foram caladas, torturadas, exiladas e mortas nos porões da ditadura militar.

Quando na palestina de sua época, que vivia também uma ditadura militar, Jesus olhou para a multidão e constatou comovido, “são como ovelhas que não tem pastor”, ele não afirmava que eram pessoas sem liderança. Eles tinham sim líderes, e de sobra.

Jesus mesmo veio a comentar sobre pessoas que atavam pesados fardos sobre aquela gente, mas não estavam dispostos a levantá-los nem com um dedo. Ou que havia quem se sentasse na cadeira de Moisés, que deveriam ser ouvidos, mas não imitados. Havia ali líderes, que representassem o grupo ou que propagassem uma linha de idéias.

Assim também no Brasil, de forma geral, e mais especificamente na nascente e crescente igreja evangélica, durante e após a ditadura militar, possuía também seus líderes.

O problema é que tal liderança (com louváveis exceções) estava representando frente a todo um povo um corrente de opinião fadada ao fracasso.

A linha de idéias defendida por tal tipo de liderança, que não deixa de ser uma interpretação da realidade, não condizia em tudo com a própria realidade factual experimentada pelo grupo liderado.

E esse é o âmago do problema vivenciado pela igreja hoje: aqueles que tem o cajado na mão (em sua grande maioria) difundem uma versão oficial e supostamente correta sobre a experiência do grupo - ou até mesmo de indivíduos em particular – sobre sua realidade espiritual, sobre a própria divindade e seu relacionar com os homens  que não condiz, em sua essência, com a verdade, com a própria vida.

Diga-se de passagem que, 90% da vivência eclesiástica formal de hoje, lamentavelmente, gira em torno da divulgação dessa versão, da repetição, em alto e bom som, desse discurso, dessa “pregação” fajuta, falida.

(Continua…)

Leia também:

O messianismo ou o problema da liderança (eclesiástica) – 1

A postura evangélica frente à ditadura militar

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Presidente Adão

Os dominionistas acham que os cristãos tem o direito, mais, a obrigação divina, de controlar todas instituições. A essência da teoria vem de Gênesis, no Velho Testamento, onde Deus diz a Adão "para assumir o domínio do mundo animado e não animado". A missão: controlar as "Sete Montanhas" da sociedade: família, religião, artes e entretenimento, mídia, governo, educação e empresas.

Barack Obama e os democratas no Congresso são, literalmente, encarnações do demônio.

Outros movimentos religiosos eram mais sutis. Já o dominionismo é escancarado: entrar na política, infiltrar as instituições, expurgar os infiéis e conquistar o poder.

O homem deles é Rick Perry. No mundo dominionista os tribunais serão teocráticos com decisões jurídicas baseadas nos dez mandamentos e outras instruções da Bíblia. Homossexual? Pena de morte.

O universo religioso evangélico é vasto e complicado. Centenas, milhares de tendências. A novidade é o grupo dominionista da NAR - New Apostolic Reformation - conectado com alguns dos principais candidatos republicanos, entre eles o texano Rick Perry, em rápida ascendência, e Michele Bachman, em rápida decadência.

O Texas, do governador Perry, é, segundo os líderes religiosos, um Estado profético, foco da transformação que está a caminho.

Em agosto, o governador Rick Perry organizou “A Resposta”, um comício religioso num dos maiores estádios americanos. A mobilização contra Barack Obama foi um dos trampolins do governador Perry para se lançar na campanha presidencial e assumir a liderança entre os candidatos republicanos.

Sarah Palin, ex-governadora do Alasca e candidata à Vice-Presidência na última eleição, ainda é uma das maiores estrela dos fundamentalistas. Brilhante na frente das câmeras, misteriosa na vida pessoal.

O livro sobre ela lançado na terça-feira, The Rogue, Searching for the real Sarah Palin, de Joe McGinniss, é uma pá de cal ou lama na candidata - depende de sua inclinação política. A grande imprensa, intimidada e cheia de pruridos, fugiu do livro. A imprensa menor focalizou na relação sexual de Sarah com um atleta negro quando ainda era solteira.

Parece um problema menor, mas Sarah, adolescente, pediu para sair de uma escola secundária porque muitos colegas não eram brancos. Quando foi eleita governadora, uma das primeiras decisões foi demitir vários negros "porque não se sentia confortável na presença deles".

Dentro deste contexto, a relação sexual com um negro merece ser contada, diz McGinniss. Na época, o negro não era estrela, hoje é um conhecido jogador de basquete e não nega o affair: "a relação com Sarah foi ótima e continuamos amigos por muito tempo".

Ela nega, mas, para o autor, o affair revela o talento de Sarah para esconder vários aspectos da vida pessoal, entre eles se é a verdadeira mãe do filho retardado, Trig, que exibia em todos seus comícios. Para a esquerda, se Obama teve de mostrar a certidão de nascimento no Havaí, porque Sarah não mostra a certidão de nascimento do filho?

Se o personagem destas histórias fosse Barack Obama, elas seriam o prato do dia na imprensa conservadora, mas a grande imprensa não chega perto dos escândalos levantados no livro. Para McGinniss, um problema maior do que as transas sexuais de Sarah e seu semi-analfabetismo geopolítico, é o fanatismo religioso.

Aos oito anos de idade ela era uma missionette, como eram chamadas crianças engajadas pela igreja para distribuir panfletos religiosos de porta em porta. Ela continua missionária.

"Sarah Palin acredita em bruxaria. Fez 'proteções e encomendas' para fechar o corpo e destruir inimigos. A missão dela é transformar a democracia americana numa teocracia fundamentalista".

Sarah afirma, sem vacilar, diz McGinniss, "que o mundo só tem 6 mil anos. Vindo de uma pessoa que por poucos pontos percentuais quase foi vice-presidente dos Estados Unidos e poderia ter assumido o poder no caso da morte de um velho e frágil presidente McCain, é assustador".

Sarah ainda não é nem deve ser candidata a presidente. É muito bem sucedida como "celebridade" e não tem chances nem entre os próprios republicanos.

Mas neste século 21 temos um plantel de candidatos republicanos e celebridades políticas prontos para nos levar de volta ao século 17 ou, muitos antes, aos domínios de Adão

Lucas Mendes

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O messianismo ou o problema da liderança (eclesiástica) - 1

Como administrador de empresas por formação e profissão, não me cabe bem a ilusão de que possível seja vivermos num mundo sem líderes.

As instituições sociais precisam de líderes, agrupamentos precisam de líderes, pessoas precisam de líderes – e o que é pior – os líderes precisam delas.

Não poucas vezes encontrei em igrejas pessoas que se sentiam “o líder”, e juro que não me refiro a pastores. Eram gente, como Oséias, cujo universo se resumia aos jogos de poderes vivenciados por sua denominação. Seu grande alvo era ver a sua “boa influência” – de uma pessoa que agora descobrira a verdadeira sã doutrina – chegar até a primeira igreja de sua cidade. Membro da segunda igreja ele já tinha arquitetado um plano estratégico, através de uma rede de pessoas, para salvar a igreja irmã dos males do tradicionalismo em que se via aprisionada.

Outro exemplo, Martin, se autodeclarava líder nato; e não se sentia à vontade em igreja nenhuma pois sempre via-se podado pelo pastor. Suas grandes idéias nunca poderiam ser colocadas em prática.

E segue uma lista enorme de gente, na qual eu mesmo me incluiria num ponto ou outro, com um forte desejo de influenciar seu micro universo, para torná-lo melhor de acordo com um capricho qualquer:  um louvor melhor, uma pregação melhor, uma igreja melhor, uma comunidade melhor, uma doutrina melhor, etc, etc, etc.

Não poucas vezes, tais pessoas quando, de fato, assumem posição de autoridade passam por cima de tudo o que já foi realizado no passado para proclamarem em alto e bom som as virtudes do momento novo que agora, sob sua liderança, todos experimentam. Típico exemplo nesse sentido são os chavões de Lula: “nunca na história desse país” ou “herança maldita”.

Se esse nojento messianismo é uma constante tentação para leigos imaginem então o dano que não causa no clero!

(Continua…)

sábado, 27 de agosto de 2011

Sobre a soberania e missões

Há 13 anos deixei o Brasil para ser missionário em uma Europa, dita, pós-cristã. Hoje meus conceitos mudaram: Missão? Pós-cristã? Islã? Igreja?

Sim, estou convicto, são crises pertinentes ao modelo messiânico, empreendedor e proselitista que abraçamos no passado. Não estou só nesta minha angústia.

Para o velho modelo só encontro saída (ou demanda) lógica, frente ao imigrante islâmico. Mas não seria só uma perpetuação do modelo, além de ser uma dura pedreira?

A alternativa apontada pelo sábio é a promoção da vida para além do modelo catequético, que viu num Centurião homem de enorme fé. Seria então esse nosso desafio no diálogo interreligioso?

Os ares brasileiros se diferem radicalmente dos ares europeus: No Brasil o turnover religioso é enorme, por isso a dinâmica da fé tende a ser mais aquecida, contudo mais efêmera. Na Alemanha a euforia é menor, a fé torna-se inerte, estática, porém mais sólida e substancial. Em uma outra ocasião gostaria de exemplificar isso.

Basta agora lembrar que a fé baseada no determinismo nos faz crer que Deus para tudo tem um plano hermético e detalhado. Toda boa surpresa deste divino destino parece corresponder a uma providência divina, afinal Deus é o o Jeová Jiré, o Deus da provisão.

Todo esse edifício teológico se desmorona entretanto quando as surpresas são desagradáveis. Jó, que viu seus filhos sucumbindo em uma catástrofe, não anda de mãos dadas com Abraão, que teve seu filho restituído das cinzas.

Europeus, acostumados a guerras e catástrofes, onde a fé e a cruz, desde os primórdios andaram abraçadas com a espada, não se iludem mais com um Deus soberano aos moldes gregos. Eles se sabem donos de seu próprio destino. Essa é certamente uma das razões porque o modelo ufanista Americano nunca achou solo fértil no velho continente. E nem achará.

Mais uma vez o sábio destaca que é preciso notar que a inércia religiosa europeia não é fruto da teologia que adotou mas dos movimentos sociais que a promove – materialismo. Portanto, no projeto protestante que autonomiza os indivíduos também existem perigos. E um dos perigos vem do consumismo materialista.

Sei que os desafios missionários na Europa são muitos. Não estão nem longe de serem transpostos. Agora faz-se necessário, porém, detectar quais variáveis que podem contribuir ou obstruir a expansão do Reino aqui.

Sei que Deus está no controle, mas sei mais ainda que Ele não nos trará de bandeja um modelo pronto, uma receita de bolo. A Bíblia não revelará nada de novo sobre o assunto. Em sua santa soberania Ele, Jesus, nos convida a desenvolvermos o novo juntos: o modelo do momento. Um modelo que é eficaz, mas frágil. Que é efetivo, mas passageiro. Que não é uma fórmula mágica, infalível e eterna, mas que seja Vida e a vida em si mesma.

Evidentemente a peteca está em suas mãos; ou, terrivelmente, nas minhas…

domingo, 22 de maio de 2011

Ultimato, Hereges e perseguidos no Brasil

Ultimato – Assim que virei crente passei a ler a Ultimato. Algo há cerca de uns 20 e poucos anos atrás. Com o tempo passei a respeitar o não bairrismo da revista. O chamado à unidade, embarcando até católicos, e isso a contra gosto de outros leitores. Achava a revista uma peça interessante para a reflexão da fé. Informativa, ousada, mas equilibrada (segundo meu ponto de vista). Achava…

Hereges – De certo tempo para cá, algo em torno de 2 ou 3 anos. Deixei de ser evangélico. (Se morasse no Brasil, hoje, seria católico, se é que quem não é nada no Brasil, é católico). Faço minhas reflexões aqui no Blog, leio a minha Bíblia, faço as minhas orações (não necessariamente nessa ordem) e vou de vez em quando à missa ou culto. E todos, que estão por aqui, sabem as pessoas da Blogesfera que respeito. Gente como Lou, Rubinho, Alysson, Beto, e etc. E claro, os escritores famosos P. Brabo e R. Gondim. A maioria de nós (deles) com um Q de herege.

Perseguidos no Brasil – Tem um tempo que coloquei uma “inquiete” aqui na Teologia Livre, para saber o que o pessoal achava sobre a perseguição de cristãos no Brasil. A maioria 56% mostrou-se convencida, como eu, de que no Brasil não há perseguição. Um quinto pensou, como eu, e disse que somente às vezes (em situações especiais) há perseguição. E uma pequena parcela, 5%, marcou, como eu, que frequentemente há perseguição ao cristão.

Sobre essa minoria que eu quero falar.

De fato o cristão é frequentemente perseguido. Desde que, diferente de mim, e da grande maioria de nós, seja frequentemente coerente com aquilo que crê e com aquilo que de mais elementar Jesus pregou: o amor ao próximo.

Um bom mau exemplo é a atitude da revista Ultimato, frente a seu antigo parceiro, Ricardo Gondim. Ultimato, não se sente mais confortável em ter alguém no seu corpo de colaboradores, que não seja contra o casamento homossexual, que não acredite que Deus esteja no controle (por trás) de toda tragédia e maldades humanas, e tacha de humanista quem vê na justiça social e cidadania um importante aspecto do cumprimento do evangelho.

Se a coisa ficasse só no desconforto, seria nobre. O problema é que para o conforto de uns, um é sacrificado. O que mais me "assusta" é a pressão interna: imagino os caras orando e chegando a essa belíssima resposta e orientação "divina": Afinal, qual herege foi jamais queimado sem antes uma cerimônia religiosa? Depois se reúnem e planejam ir a São Paulo lhe comunicar a coisa (graças a Deus não foi por E-mail ou telegrama).

Claro que esse tipo de perseguição velada não se compara com a da família que foi assassinada na Turquia, nem com os que foram sequestrados na Indonésia. Mas estas não diminuem os danos morais daquela. Quando é você quem está na pele, debaixo de fogo cruzado, e vê amigos dizendo que não te conhecem, que nunca te viram e praguejando, você sente o desconforto, a chateação e a dor moral disso tudo.

É triste.

Mas é isso que se deve esperar, se é que a Bíblia tinha razão, e eram os deuses, não astronautas, mas simples homens de pele e osso, carne e sangue, como você e eu.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Wannsee: conversando que a gente se entende

Nada como um grupo de homens sérios reunidos para discutirem e buscarem uma solução final para um grande problema.

Assim foi o começo de uma trágica página da história: o Holocausto.

Acima a primeira parte do filme em inglês.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Como chutar um missionário para escanteio

Lá estávamos reunidos para decidirmos “o caso do pastor Mauro*”. Era uma reunião de emergência da liderança do grupo ministerial.

Então minhas suspeitas tinham se confirmado…Me lembrava bem do culto de despedida do Mauro. Não havia engolido aquele teatro de jeito nenhum. Ainda mais que ao final, quando fui me despedir de Mauro, ele me olhou bem nos olhos com um sorriso sem graça e balbuciou: Engraçado, não é? Não se mexe em time que está ganhando…

Durante a pregação ele havia, num tom para lá de triste, explicado como que o grupo de pastores, sob jejum e oração, havia chegado à decisão de seu retorno. Ele mesmo tinha sentido sua dívida moral com a igreja que o enviara, e agora precisava de ajuda. Era “muitíssimo importante” que alguém retornasse e acudisse a igreja (a saber o pastor titular) que havia caído em erro doutrinário. Pois é, Mauro sentiu que esse alguém era ele. E o enviariam de volta.

Estranho que uma peça, que inicialmente era tão essencial, tão rapidamente se tornara supérflua. Quando Mauro chegou era um homem de Deus. Tinha um projeto para um país asiático, e foi se desenvolvendo ali naquela comunidade. Aos poucos os holofotes se voltaram para ele. Não faltou quem dissesse que isso causaria ciúmes e inveja.

A verdade é que Mauro nunca teve o carisma do pastor sénior, mas suas pregações causavam impacto. Suas ministrações atingiam o coração das pessoas. Ele mostrava simpatia para com os feridos. Não que fizesse isso intencionalmente afim de roubar a cena. Era o jeito dele, que por sinal era bem simples.

Chegou a fazer uma primeira viagem à Asia. E estava encaminhando seus planos, quando foi chutado para fora de campo. Por que? Como pode ser isso?

Ali ouvindo sua pregação, me despedindo dele, fui embora para casa indignado e furioso. Como pode uma encenação dessas? E tudo com um pano de fundo espiritual… Se o Mauro não voltar até abril, para mim, isso é tudo uma farsa. (A despedida tinha sido algo em torno de outubro ou novembro).

Não demorou muito e aquele que tinha sido enviado para ajudar é quem agora “estava precisando de ajuda”. Agora de peça supérflua era promovido oficialmente a empecilho. E a reunião tinha sido convocada para estudarmos o seu caso.

- Foi meu mentor, que tem olhos de águias, quem me alertou, “o que este homem faz aqui?” Expliquei que ele liderava uma célula, que pregava vez ou outra e tinha seu projeto para a Ásia. “Olha, meu querido, que esse homem se encosta aqui e vocês não se livram mais dele”.

Essas foram as palavras com que o pastor sénior abriu a reunião.

A frigideira estava no fogo, o óleo estava quente, e o homem iria ser fritado. Esses filhas da mãe nunca mais vão trazer o Mauro de volta, pensei.

Um outro pastor, parente do sénior, atacou logo em seguida.

- Ele nos falou que não concorda em tudo com o senhor… eu perguntei a ele em que não concordava, e ele se esquivou dizendo que eram coisas não essenciais. Veja só! [E eu pensando que mal haveria nisso…]

- O projeto dele para Ásia nunca foi muito claro. Primeiro tinha o chamado para o país, depois queria formar missionários, uma escola missionária. Disse um outro missionário. [Tive que por um momento concordar, mas tudo parecia suspeito, por que chegar a essa conclusão assim tão tardiamente e justamente naquela hora?]

Fiquei ouvindo tudo aquilo calado. Talvez meu erro… Mas o que adiantaria interromper o circo? Já me sentia fora daquilo tudo. Queria era achar um pretexto para me debandar, para sair de vez daquela bolha sufocante. Aliás, tudo indicava que em breve eu seria a bola da vez. Para quê então catalisar as coisas? Fiquei calado, boquiaberto.

Mais tarde pude com certa distância e um pouco mais de maturidade entender a fraqueza daqueles pretextos: O plano missionário não seria uma construção conjunta? Quantos de nós não chegara ali com um projeto inacabado que com o tempo foi se moldando e se consolidando? Qual de nós que não havia misturado os sonhos de Deus com os seus próprios e vice-versa?

- Agora o pastor titular (aquele que tinha caído em erro doutrinário) tinha ligado e precisávamos dar uma resposta. O homem (o Mauro) tá lá dando problemas… Não sabem o que fazer com ele.

- O melhor é deixar ele inativo. Aplicarmos uma castigo.

E assim puseram uma pedra no caso.

Depois disso não demorou muito saí também daquela comunidade. Ao sair fiz questão de levantar a poeira sobre o caso. O que provavelmente acelerou meu desligamento.

Depois também encontrei-me uma série de vezes com meu amigo Mauro, que me recebeu sempre bem e me contava como sua caminhada ia evoluindo.

De fato ele voltou mais uma vez àquela comunidade e foi enviado à Ásia para uma curta visita. Acho que foi uma maneira de tentarem repararem o erro. Mas o estrago já havia sido feito.

Até onde eu sei o jogo deles ainda continua, afinal ele é o mesmo que acontece aí mesmo, na igreja mais próxima de sua casa.

O problema é que bolas jogadas para escanteio sempre voltam ao jogo e podem causar mais perigo de gol ainda.

[*nome mudado]

Leia também Bem aventurados ou bem sucedidos?

quinta-feira, 31 de março de 2011

Meio evangélico ou evangélico íntegro?

Convencionou-se, especialmente nos últimos anos, rebaixar a moral do assim chamado “meio evangélico” – como se tal coisa existisse.

Críticas que outrora voavam em enxames de fora para dentro, agora confluem de dentro da própria aldeia protestante brasileira.

Apenas duas pequeninas coisas gostaria de aqui refletir.

Uma é que - acho que já bati o suficiente nessa tecla - o problema não é das instituições evangélicas, mas generalizado em todas instituições, ou organizações sociais: escolas, hospitais, empresas, repartições públicas, grêmios, escolas de samba, e o diabo a quatro, onde se reúnem pessoas para estabelecerem regras, estruturas e formalidades.

Sobre isso Jacques Ellul e Ivan Illich já escreveram o suficiente, ainda que nada de surpreendente, pois afinal nós todos intuitivamente já estávamos cansados de saber que quase tudo que a sociedade atual angariou como progresso não passa de uma farsa. E com a igreja ou “meio evangélico”, católico, espírita, ortodoxo, mórmon, ou seja lá qual parcela você queira incluir (ou excluir - não importa) não será diferente, ela estará contaminada por essa tendência maldita das instituições engessadas.

Segunda, é que não se pode apressadamente – como todos nós geralmente fazemos - puxar o chavão, “onde tem gente tem problemas”, e cairmos na resignação. Não, no fundo, problemas tem em todo lugar, até onde mesmo não tem gente. Mas queremos pensar no outro lado, lá, onde tem gente e não necessariamente tem problemas. Sim é possível. Por mais incrível que pareça existem lugares onde as pessoas até mesmo contribuem para a resolução de problemas.

Recapitulando, onde geralmente se diz pejorativamente que o “meio evangélico” é isso ou aquilo, as queixas são aplicáveis a qualquer outro meio. Na associação de bairro não será diferente, na paróquia católica eles passam pelos mesmos problemas, e na creche da esquina, ou no botequim da praça estará ali a sina das organizações humanas – com suas hierarquias, tomadas de decisões, jogos de poderes, distribuição de tarefas, e etc. Coisas que roubam a espontaneidade da vida.

Nossa ilusão é acharmos que só porque dizermos-nos santos, acharmos que assim é ou será.

Por outro lado é sempre importante encararmos os desafios locais, os problemas localizados, e de forma honesta e corajosa rever as lógicas dos relacionamentos em jogo e tentar reinventá-los, para que se tornem mais humanos e menos mecanizados.

Ness ponto a integridade proposta pelos evangelhos pode contribuir muito. Desde que colocada em prática.

Mas quem é idôneo para essas coisas?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Seu Blog não é um Púlpito

Ainda que Chesterton considero o clérigo como uma peça tão fundamental e ao mesmo tempo tão estranha, como um gato no jardim de sua infância, mantenho lá minhas reservas.

Dentre os principais motivos ocultos em eu escolher a primeira saída pela esquerda, no anel rodoviário da já tão pavimentada via da carreira ministerial, foi o horror de ter que participar obrigatoriamente de cerimônias formais e muitas vezes teatrais como casamentos, funerais e festas de quinze anos, e ali ter que desempenhar um papel repetitivo e, no mínimo, questionável.

A verdade é que nunca encarei como serviço pastoral ser mestre de cerimonias. Mas esse é um quesito indispensável no curriculum de um candidato ao púlpito.

Nunca engoli muito bem a autoridade eclesiástica no âmbito sacramental. Penso que a sociedade, seja famílias ou indivíduos tem outros mecanismos, verdadeiramente bíblicos e funcionais para oficializarem certos acontecimentos - e vou mais longe - para buscarem as bênçãos e proteções dos Deuses; mas isso é tema para outra postagem.

Restaria então ao cargo episcopal, seja ele exercido por um padre, apóstolo, bispo ou pastor, as pregações dominicais. E esse é o assunto no qual quero me deter. E para isso vou comparar o púlpito com um Blog, onde obviamente as diferenças são gritantes.

Primeiro, seguir um Blog, não envolve os benefícios, compromissos e chateações de se estar seguindo um pastor, sendo membro de uma igreja. Em contrapartida, ser o líder de uma igreja (e me restrinjo aqui somente à tarefa de pregar) não envolve os benefícios, compromissos e chateações de tocar um Blog. Ambos porém (Blog e púlpito) podem, nos dois sentidos, ser perigosos, com consequências perturbadoras.

Por isso mesmo, em um sermão, que geralmente é feito domingo após domingo por uma mesma pessoa, assume-se que “Deus está falando” à comunidade. E quando esse deus começa a falar besteira após besteira, de acordo com o sistema (episcopal, congregacional, presbiteriano, ou seja lá o que for), dá-se um jeito de jogar seu porta voz para escanteio. O mesmo pode acontecer, entretanto, se Deus começar a dizer coisas incômodas demais para a comunidade.

Todo o processo para se desocupar um púlpito é doloroso e traumático. Trocar de igreja também não é lá tarefa das mais agradáveis. Parar de seguir um Blog basta um ou dois clics.

De certa forma, uma vez membro de uma instituição religiosa, você se obriga a escutar semanalmente a mesma ladainha, com perdão da palavra. Seguir um Blog, não envolve obrigação nenhuma, ainda que você possa lê-lo todos os dias.

O poder intrínseco da palavra é das ideias está presente no discurso falado de um púlpito, como no escrito em um Blog. Isso é a grande e talvez única semelhança. Tanto um como outro pode alcançar públicos diferentes em circunstâncias, dimensões e ambientes diferentes. Ambos podem auxiliar pessoas em seus processos de mudança, em suas descobertas e e auto-descobertas, em seus relacionamentos com Deus e com o próximo (que no fundo é a mesma coisa).

Cabe lembrar que, dependendo do Blog, você poderá comentar ou não as pastagens. E isso é uma tarefa que, ainda que tida por incômoda e infrutífera por alguns, estimo-a altamente. Os comentários sobre um sermão sempre serão feitos após o estrago já estar em andamento, e dificilmente terão o mesmo efeito incômodo que de um comentário irreverente numa postagem. Da mesma forma um comentário pertinente enriquece o texto e proporciona uma certa interação que nas pregações nunca serão bem-vindas e a todo custo evitadas.

Alguém pode ainda lembrar, “você esqueceu do aconselhamento. Essa é a tarefa do clérigo”. Replico, será? Há controvérsias.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Pode dar certo [ou não]

Parabéns para os corajosos.

É uma trilha difícil, se se quer atingir alvos nobres.

Creio que as decisões, “menos instituição”, menos "classe média", e etc. são acertadas. Nós brasileiros precisamos de alguma forma exercitar esse tipo de cidadania que nos foi roubada por anos afim.

Espero que esse Movimento denominado Aliança Evangélica floresça de baixo para cima: saiba promover e concentre seus esforços na unidade em nível local, em bairros, municípios e em cidades.

E vou além, que ela não se limite só aos grupos evangelicais. Quiçá participem católicos, espíritas, mórmons, seitas ou seja lá o que for que venerem e honrem o Espírito de Jesus.

Assim a tão sonhada unidade e representatividade nacionais surgirá automaticamente.

Como eu digo aqui, isso exige muita coragem. Caso contrário a história se repetirá mais uma vez, com mais uma organização evangelical, hierárquica, longe das massas, presa a estatutos, com escândalos financeiros, sexuais, e sem voz na opinião pública brasileira.

A unidade só pode vir do nome Jesus, e não do nome já tão debilitado "Evangélico".

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais administradores mais tomadores de decisão

Classifico como curioso o esforço de alguns para dar um humilde começo para uma Aliança Cristã Evangélica Brasileira.

No fundo tudo não passa de uma doce ilusão. O nome evangélico já foi sequestrado e criou raízes fora dos arraiais protestante e reformado e mandou recado que não volta mais.

Na Alemanha, com uma porcentagem de 2% de evangelicais e uma Aliança Evangélica que engloba a maioria dessa minoria, a coisa “funciona” pois o rebanho não é tão grande e diverso como o nosso. Os resultados práticos são que uma instituição ajuda nos tramites burocráticos frente a outras instituições...

No contexto brasileiro dentro da salada de manifestações religiosas que vivemos estabelecer vínculos nacionais onde nem a união nem a unidade funcionam no plano local de uma bairro ou município não é somente pretencioso mas cheira a desfile de vaidades – que perdoem a franqueza.

A verdade é que o cristianismo no Brasil precisa de líderes. De líderes que sejam servos e não administradores ou tomadores de decisão. Não sei se estou completamente errado mas não consigo ver Jesus como um gerenciador de um movimento ou grupo.

Nem consigo enxergar aquele Galileu fazendo aconselhamento ou pregando sermões (da forma que entendemos isso hoje). Por todos ângulos que observo vejo nele um rebelde, que cuspiu no chão para abrir os olhos de quem queria enxergar e sempre que pode quebrou protocolos para dar a mão a prostitutas.

Não sei…

Prefiro ficar com a informalidade de um anarquismo cristão.

domingo, 15 de agosto de 2010

Gerencia do movimento evangélico

Sobre a inquietação e a intenção de Caio Fábio em partir para este tipo de crítica frenética não me cabe julgar. Sei que foi toda passional e típico CF, mas sei também que não foi correta.

Não que eu ache baixaria, não. Acho que ele pode chamar de bundão quem ele quiser, e de fato há muitos bundões por aí a fora, especialmente no meio religioso. São pessoas que não querem mudar o status quo e se beneficiam dele. De certa forma já fomos todos bundões, e Caio Fábio já foi o bundão mor quando estava à frente da AEVB.

Quando a turma conservadora dá chiliques ao ver nomes progressistas ganhando destaque frente à opinião pública nacional, não há nada para se estranhar. Pelo contrário isso é só um respaldo, uma confirmação de que tudo está indo no rumo certo. Mas quando a essas vozes soma-se a de Caio Fábio, fica um ponto de exclamação, ou de interrogação.

Não me cabe julgar se é algum tipo de ressentimento, com as pessoas que lhe “abandonaram” no episódio de sua queda. Paul Freston, por exemplo, questionou sua atitude em demorar em tornar a coisa pública enquanto faturava com seus títulos. Todos sabemos que críticas não faltaram ao fundador da “Fábrica de Esperança”. Caio certa vez debochou (justamente?) de R. Cavalcanti querer buscar sua linhagem episcopal pela história anglicana a dentro. Sem dúvida os colaboradores da Ultimato não foram os melhores colaboradores do caído cacique evangélico brasileiro.

Não me cabe julgar se Caio Fábio foi tomado por algum sentimento tão humano como a inveja, ao ver os holofotes da Globo lançados sobre outros nomes; ou pelo duro golpe de ver outros sendo escolhidos como voz representante do movimento frente à mídia.

O que me cabe é avaliar se o que ele fala é correto ou não, de acordo com meus princípios e valores (que como já disse, não são universais, e quando muito funcionam somente em minha vida).

Pois bem, Caio diz que não há nada de novo no protestantismo brasileiro. Mas o fato, e a reportagem mostram bem, é que há. [Quem quer apostar comigo que o Caio é capaz de apontar “o Caminho” como sendo “a única coisa verdadeiramente nova” no cenário brasileiro?] Ainda que conservadores se contorçam e tentem propor que o elemento novo está do lado do neo-pentecostalismo, o fato é que a reportagem da Época trás de forma pertinente aquilo que a Pós modernidade tem trazido de positivo para a engessada instituição protestante. Ricardo Gouvea salientou bem, todas as instituições sérias se vêem frente a este desafio: achar o seu papel no mundo de hoje, se reinventar frente à nova sociedade que está aí. Claro que isso não significaria abandonar todas as tradições, mas a mudança de paradigma é inevitável. Daí a cautelosa percepção de Gondim ser corretíssima.

“Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”

Isso pra mim significa que não haverá um Caio Fábio, Edir Macedo, Nicodemus, um Kwitz, um Gondim, um Brabo ou um Lou ou quem quer que seja para apontar a trilha a percorrer. As respostas serão construídas pelo rebanho, na prática do dia a dia, pois a igreja não acontece nos domingos nos cultos, nem na internet, ele acontece em casa, na cozinha, no trânsito, nas fábricas, no campo, no escritório, na escola, no dia a dia de cada cristão. Essa é a pós-modernidade na qual pessoas como Caio Fábio ainda não ousaram entrar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Reforma de emergência

neo2.1Todos lemos o artigo de Época sobre os evangélicos. Um post aqui e outro ali comentaram a reportagem. Cada um a partir de seu próprio ponto de vista. No geral a repercussão foi positiva.

Pude ver o vídeo de um pregador americano profetizando o fim da igreja emergente.

Como já tem mais de um ano que desliguei-me de qualquer igreja evangélica, no fundo pouco me importo se a igreja emergente vai durar ou não. Mas alguns elementos que ela trás certamente deveriam permanecer e são eles que vejo em destaque na reportagem de Ricardo Alexandre, por isso achei também a reportagem super relevante.

Vou valer-me de uma tabela que roubei lá no Blog Temporas que ilustrava a particular opinião daqueles caras sobre a igreja emergente, para eu também analisar o assunto.

Há dois anos escrevi um série intitulada A Reforma é anti-bíblica (1), (2), (3) e (4) e (5), que passava pelos 5 Solas da reforma protestante. Lá eu argumento, em resumo, que os tempos são outros e já passou da hora de diminuirmos a ênfase nesses pontos. E isso de fato vem de encontro com essa brilhante análise que os “Strongs opinios” fazem da Neo Ortodoxia e com o cerne da reportagem “Novos Crentes”, pois aparentemente há uma tendência no Brasil por parte de alguns grupos, igrejas e pastores justamente nesse sentido.

Não sou nenhum neo-ortodoxo. E nem sei se essa tabela se aplicaria bem a um Karl Barth ou Brian Mc Laren, como pretende os autores daquele Blog. Certamente o sentido que eles dão a ela seria completamente diferente da interpretação que faço. Mas achei interessante aproveitar esse material.

  1. Objetividade X Subjetividade das Escrituras – Quando a Reportagem da Época começa citando Rani Rosique que “prega” por 15 minutos; ou que em outra igreja a “A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda”; ou em outros exemplos, ela, destaca que as pessoas não querem mais o formalismo ou dogmas, isso só vem reforçar que esse “padrão objetivo” tornou-se flexível. Não porque as escrituras perderam sua força, mas porque sua força está justamente na subjetividade, na capacidade de penetrar na particularidade da alma humana. Infelizmente o que acontece no protestantismo é um abuso do texto sagrado e cada “autoridade pastoral” tenta impor a SUA objetiviade. Por isso meu pedido era Menos Bíblia (e parece que vem sendo atendido).
  2. Unicidade X Pluralidade em função da pessoa de Cristo e sua Mensagem na salvação do homem – Esse é um ponto que não é tratado diretamente na reportagem. Quando eu fiz meu apelo Menos Jesus estava chamando atenção justamente para o abuso que existe em nome de “Cristo” e do nome de Cristo, e isso é tratado amplamente na matéria da Época. O fato é que quando tenta apossar-se e patentear a pessoa de Cristo ocorrerá abusos. Por isso posso deduzir sem medo de errar que a tendência apresentada na Revista indica que há também mais tolerância para outras tradições e espiritualidades, portanto um passo em direção à pluralidade.
  3. Graça dom soberano X Modo de vida – o que enfatizei é que Graça é muito mais para ser vivida e menos a ser teologizada. Nada melhor do que as duas expressões da revista ilustra a busca mais prática e menos teórica da graça: Os novos evangélicos fundaram “uma igreja para quem não gosta de igreja”, “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Isso romperia com a tentativa do protestantismo em monopolizar a Graça, sob o pretexto de ser Deus quem soberanamente a distribui, mas na prática traduz-se como sendo as Autoridades Eclesiásticas são quem determinam quem são os agraciados ou não, ou os quesitos para tal. E é justamente esse “patenteamento” que gera uma lista de pessoas que não gosta da igreja, e outra de quem a igreja não gosta.
  4. Fé objetiva X Fé subjetiva: Reflexo dos pontos acima o protestantismo (seja ele neo pentecostal ou não) vem tentando há anos fechar a cartilha do catecismo do Know-how espiritual, seja ele para assuntos morais ou para assuntos sobrenaturais, ou seja lá o que for. A máxima dessa fé é a famosa “única regra de fé”, como se existisse uma “regra” para a fé… Tudo desemboca num pragmatismo morto, faça isso para alcançar aquilo (que como bem diz Gondim o interesse real e único dessa corrente seria, “Alcançar prosperidade ou resolver problemas existenciais”). Como esse autor bem falou é preciso “coragem [para] romper com dogmatismos e com os anseios de resolver os problemas da vida pela magia”. É dessa emergente coragem que Época fala.
  5. Glória a Deus X Glória do homem: Mais uma vez vejo a ressonância do que a revista publicou, com a análise da tabela e sobre o que escrevi: a estrutura monstruosa que se ergueu em função de uma suposta “Glória de Deus” precisa ser desconstruída, pelo simples fato de ela não trazer glória para ninguém, nem para o homem e muito menos para Deus. Alguém pode pensar que isso glorifica alguns poucos líderes, bobagem! Tudo não passa de um grande vexame. Quando porém, através de RELACIONAMENTOS amorosos e verdadeiros, por mais combustível que isso venha a ser, o homem recupera a glória da qual foi destituído, Deus é glorificado. E não através da repetição de mantras piedosos, não importando quantos Aleluias ou versículos bíblicos eles contenham.

Gostaria de crer que a reportagem reflete a realidade e trás uma amostra representativa dos fatos no Brasil evangelical. De fato creio, mas ajudem-me em minha incredulidade.

domingo, 8 de agosto de 2010

A nova reforma Protestante

CAPA_escolhida

É uma matéria excelente!

Tomara seja profética e ajude a catalisar as boas mudanças que aponta como nascente.

Parabéns ao Ricardo Alexandre do Causa Própria por tanta sobriedade ao tratar do assunto. Parabéns por ir às pessoas certas e selecionar o conteúdo de forma, se não representativa da realidade que já existe, pelo menos da realidade que tanto sonhamos.