Há 13 anos deixei o Brasil para ser missionário em uma Europa, dita, pós-cristã. Hoje meus conceitos mudaram: Missão? Pós-cristã? Islã? Igreja?
Sim, estou convicto, são crises pertinentes ao modelo messiânico, empreendedor e proselitista que abraçamos no passado. Não estou só nesta minha angústia.
Para o velho modelo só encontro saída (ou demanda) lógica, frente ao imigrante islâmico. Mas não seria só uma perpetuação do modelo, além de ser uma dura pedreira?
A alternativa apontada pelo sábio é a promoção da vida para além do modelo catequético, que viu num Centurião homem de enorme fé. Seria então esse nosso desafio no diálogo interreligioso?
Os ares brasileiros se diferem radicalmente dos ares europeus: No Brasil o turnover religioso é enorme, por isso a dinâmica da fé tende a ser mais aquecida, contudo mais efêmera. Na Alemanha a euforia é menor, a fé torna-se inerte, estática, porém mais sólida e substancial. Em uma outra ocasião gostaria de exemplificar isso.
Basta agora lembrar que a fé baseada no determinismo nos faz crer que Deus para tudo tem um plano hermético e detalhado. Toda boa surpresa deste divino destino parece corresponder a uma providência divina, afinal Deus é o o Jeová Jiré, o Deus da provisão.
Todo esse edifício teológico se desmorona entretanto quando as surpresas são desagradáveis. Jó, que viu seus filhos sucumbindo em uma catástrofe, não anda de mãos dadas com Abraão, que teve seu filho restituído das cinzas.
Europeus, acostumados a guerras e catástrofes, onde a fé e a cruz, desde os primórdios andaram abraçadas com a espada, não se iludem mais com um Deus soberano aos moldes gregos. Eles se sabem donos de seu próprio destino. Essa é certamente uma das razões porque o modelo ufanista Americano nunca achou solo fértil no velho continente. E nem achará.
Mais uma vez o sábio destaca que é preciso notar que a inércia religiosa europeia não é fruto da teologia que adotou mas dos movimentos sociais que a promove – materialismo. Portanto, no projeto protestante que autonomiza os indivíduos também existem perigos. E um dos perigos vem do consumismo materialista.
Sei que os desafios missionários na Europa são muitos. Não estão nem longe de serem transpostos. Agora faz-se necessário, porém, detectar quais variáveis que podem contribuir ou obstruir a expansão do Reino aqui.
Sei que Deus está no controle, mas sei mais ainda que Ele não nos trará de bandeja um modelo pronto, uma receita de bolo. A Bíblia não revelará nada de novo sobre o assunto. Em sua santa soberania Ele, Jesus, nos convida a desenvolvermos o novo juntos: o modelo do momento. Um modelo que é eficaz, mas frágil. Que é efetivo, mas passageiro. Que não é uma fórmula mágica, infalível e eterna, mas que seja Vida e a vida em si mesma.
Evidentemente a peteca está em suas mãos; ou, terrivelmente, nas minhas…
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