Ainda que Chesterton considero o clérigo como uma peça tão fundamental e ao mesmo tempo tão estranha, como um gato no jardim de sua infância, mantenho lá minhas reservas.
Dentre os principais motivos ocultos em eu escolher a primeira saída pela esquerda, no anel rodoviário da já tão pavimentada via da carreira ministerial, foi o horror de ter que participar obrigatoriamente de cerimônias formais e muitas vezes teatrais como casamentos, funerais e festas de quinze anos, e ali ter que desempenhar um papel repetitivo e, no mínimo, questionável.
A verdade é que nunca encarei como serviço pastoral ser mestre de cerimonias. Mas esse é um quesito indispensável no curriculum de um candidato ao púlpito.
Nunca engoli muito bem a autoridade eclesiástica no âmbito sacramental. Penso que a sociedade, seja famílias ou indivíduos tem outros mecanismos, verdadeiramente bíblicos e funcionais para oficializarem certos acontecimentos - e vou mais longe - para buscarem as bênçãos e proteções dos Deuses; mas isso é tema para outra postagem.
Restaria então ao cargo episcopal, seja ele exercido por um padre, apóstolo, bispo ou pastor, as pregações dominicais. E esse é o assunto no qual quero me deter. E para isso vou comparar o púlpito com um Blog, onde obviamente as diferenças são gritantes.
Primeiro, seguir um Blog, não envolve os benefícios, compromissos e chateações de se estar seguindo um pastor, sendo membro de uma igreja. Em contrapartida, ser o líder de uma igreja (e me restrinjo aqui somente à tarefa de pregar) não envolve os benefícios, compromissos e chateações de tocar um Blog. Ambos porém (Blog e púlpito) podem, nos dois sentidos, ser perigosos, com consequências perturbadoras.
Por isso mesmo, em um sermão, que geralmente é feito domingo após domingo por uma mesma pessoa, assume-se que “Deus está falando” à comunidade. E quando esse deus começa a falar besteira após besteira, de acordo com o sistema (episcopal, congregacional, presbiteriano, ou seja lá o que for), dá-se um jeito de jogar seu porta voz para escanteio. O mesmo pode acontecer, entretanto, se Deus começar a dizer coisas incômodas demais para a comunidade.
Todo o processo para se desocupar um púlpito é doloroso e traumático. Trocar de igreja também não é lá tarefa das mais agradáveis. Parar de seguir um Blog basta um ou dois clics.
De certa forma, uma vez membro de uma instituição religiosa, você se obriga a escutar semanalmente a mesma ladainha, com perdão da palavra. Seguir um Blog, não envolve obrigação nenhuma, ainda que você possa lê-lo todos os dias.
O poder intrínseco da palavra é das ideias está presente no discurso falado de um púlpito, como no escrito em um Blog. Isso é a grande e talvez única semelhança. Tanto um como outro pode alcançar públicos diferentes em circunstâncias, dimensões e ambientes diferentes. Ambos podem auxiliar pessoas em seus processos de mudança, em suas descobertas e e auto-descobertas, em seus relacionamentos com Deus e com o próximo (que no fundo é a mesma coisa).
Cabe lembrar que, dependendo do Blog, você poderá comentar ou não as pastagens. E isso é uma tarefa que, ainda que tida por incômoda e infrutífera por alguns, estimo-a altamente. Os comentários sobre um sermão sempre serão feitos após o estrago já estar em andamento, e dificilmente terão o mesmo efeito incômodo que de um comentário irreverente numa postagem. Da mesma forma um comentário pertinente enriquece o texto e proporciona uma certa interação que nas pregações nunca serão bem-vindas e a todo custo evitadas.
Alguém pode ainda lembrar, “você esqueceu do aconselhamento. Essa é a tarefa do clérigo”. Replico, será? Há controvérsias.
2 comentários:
O Titulo de sua postagem feriu meu pequeno ego srsrsrsrs, no final conduziu o texto para uma analise, ainda bem bem que vc naum me desmascarou ufaaaaaaaaaaaaa srsrsrssr.
Criei meu blog com uma unica e especial razão, pois eu sempre fui proibido de pregar nas igrejas a qual passei, a ultima fui convidado a me retirar.
A intenção era colocar meus sermões no blog.
Alguns sermões ja ate consegui pregar mais com outras palavras.
No blog tenho espaço de dizer o que quero sem nenhuma preocupação que as pessoas me chamem de herege, escrevo na intenção e alguem esbarre nele e o leia, ate por que meu portugues e uma vergonha mais to melhorando.
Na homilia, dependendo da intimidade que tem com os ouvintes, a mensagem tem que ser codificada, ou dita abertamente, mas no senso comum as pessoas estão atentas a te ouvir srsrsrs.
Abraços, feliz ano novo, que possamos desfrutar da teologia livre, sem parades, ou correntes para seguralas, como diz o titulo do novo livro do Gondin " Pensando fora da Caixa" pra mim é fazer teologia livre.
Graça e Paz Keiker OLivaira
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