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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aborto, direitos dos homossexuais e a igreja

Sua reputação entre os cristãos conservadores dependia de duas questões: o aborto e os direitos dos homossexuais. Concordo plenamente que as questões morais são importantes e que os cristãos devem discuti-las. Mas, quando examino o Novo Testamento, encontro muito pouca coisa relacionada com cada uma delas. As duas práticas existiam naquela época, de formas diferentes e mais notórias. Os cidadãos romanos não dependiam principalmente de aborto para o controle da natalidade. As mulheres davam à luz aos seus bebês e, então, os abandonavam à beira da estrada para os animais selvagens e abutres. De maneira igual, os romanos e os gregos também praticavam o homossexualismo: homens mais velhos utilizavam-se de garotos jovens como seus escravos sexuais, em pederastia.

Assim, no tempo de Jesus e de Paulo, essas duas questões morais faziam valer seus direitos de maneira que hoje seria considerada crime em qualquer país civilizado da terra. Nenhum país permite que uma pessoa mate um bebê que nasceu a termo. Nenhum país permite legalmente que se pratique sexo com crianças. Jesus e Paulo, sem dúvida, sabiam dessas práticas deploráveis. E, mesmo assim, Jesus não disse nada a respeito delas. E Paulo fez apenas referências ao transexualismo. Nenhum deles se concentrou no reino pagão que os rodeava, mas na alternativa do reino de Deus.

Por este motivo, fico pensando na enorme energia que está sendo gasta nos dias de hoje para a restauração da moralidade dos Estados Unidos. Será que estamos concentrando-nos mais no reino deste mundo do que no reino que não é deste mundo? A imagem pública da igreja evangélica atual está praticamente definida por uma ênfase em duas questões que Jesus nem mesmo mencionou. Como nos sentiremos se os historiadores do futuro olharem para trás para a igreja evangélica da década de 90 e declararem: "Eles lutaram bravamente nas fronteiras morais do aborto e dos direitos dos homossexuais", enquanto, ao mesmo tempo, contassem que pouco fizemos para obedecer à Grande Comissão e espargir o aroma da graça no mundo?

Philip Yancey em Maravilhosa Graça

5 comentários:

Anônimo disse...

Roger,

Concordo meio a meio com o Yancey. Na questão do homossexualismo, acho que a igreja se perde na sua militância. Erramos demais na dose.

Já quanto ao aborto, não creio que a igreja faça demais. Acho, que fazemos pouco. Não apenas ao denunciarmos a prática, mas especialmente ao não fazermos quase nada de positivo.

Em Cristo,

Clóvis
Editor do Cinco Solas

Anônimo disse...

Nós pastores precisamos ler este livro de novo.rrsrs Muito Bom o post. É uma grande iluminação.
Fabiano Feitosa

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Oi Clóvis,

acho que a postagem de hoje irá mais ou menos na direção de seu comentário. Valeu pela visita!

Eduardo Medeiros disse...

Jesus não foi um mestre moralista, os Fariseus, sim. Moralismo quando se torna um absoluto em si mesmo não funciona em produzir vida em abundância.

abraços

O Tempo Passa disse...

Muito bom e oportuno o texto do Yancey. Acho que os cristãos não precisam "fazer campanha" ou batalharem a favor ou contra qualquer assunto. Aos cristãos cabe serem cristãos e, como disse o autor, "espargir o aroma da graça". Só isso seria o suficiente para influir positivamente nos rumos das nações!