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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Estranho e misterioso sentimento

PaiEstava eu fazendo o trajeto costumeiro casa-trabalho, em minha velha bicicleta, quando me vi forçado a parar e sentar-me na calçada.

É que há poucos dias, ao ler sobre o falecimento do ex-vice presidente José de Alencar, um estranho sentimento me incomodou deveras, e não sabia exatamente o que era.

Fui surpreendido com a morte do ilustre conterrâneo, pois ele mostrava-se vitorioso em sua longa luta contra o câncer. Mas o fato nem tanto assim me condoeu, visto que os laços afetivos que me ligavam àquele reconhecido cristão quase inexistiam.

Mas senti um nó na garganta seguido de um profundo e obscuro vazio, que não entendia. Então desviei os pensamentos e me agarrei a outro tema qualquer. E os dias se seguiram em sua marcha rotineira.

Mas ontem, no caminho para o trabalho, como que do nada, fui assaltado pela ideia que explicava meu assombro frente ao falecimento de José de Alencar: É que - não sei como explicar isso sem me sentir um pouco ridículo - por alguma ou outra razão, numa conversa e outra com meu falecido pai, surgia a figura de Alencar. (Meu pai havia também há alguns anos lutado contra um câncer e vencido).

Pois é, de repente ficou claro o sentimento que me incomodava e não conseguia decifrar, um desejo natimorto de ligar para o Brasil. Uma vontade louca de pegar o telefone e papear com meu velho. Lamentar a morte do político mineiro, aproveitar para falar um pouco de política, futebol e religião. Contar do trabalho, contar das minhas filhas, da Tânia, e ouvir suas histórias… sobre sua saúde, sobre suas doenças. Ouvir sua voz…

Encostei a bicicleta, sentei-me ali, e as lágrimas foram pingando silenciosamente uma por uma na poeira do caminho.

2 comentários:

Volney Faustini disse...

Se foi no sentimento, ou no desejo, ou no sonho ...

Se foi no seu coração e na sua alma ...

Se foi por você, e em você ...

Então seu pai foi honrado, seus amigos se emocionaram, sua família abençoada, e suas palavras eternizadas.

volney via iPad

Waldir Martins disse...

É nossa vida é pura emoção e recordações, boas e más. Mas é assim que somos construídos ou desconstruídos. No seu caso, construído. Voce se lembrou de dois grandes homens.