Werner Künast deu um último trago, lançou a fumaça pelo canto da boca e atirou a gimba do cigarro no asfalto gelado. Obstinadamente ele a pisava com a ponta do sapato. Tentava assim apagar a brasa que esfumeava e os pensamentos que o atormentavam durante aquele prazeroso vício.
Doutor Künast lembrava, com um gosto amargo na garganta, do colega que, durante a fracassada investigação, que até então não levara a resultado algum, tirara a sua própria vida. Lembrava do maior teste de DNA já realizado no país com a participação de cerca 13.000 homens e jovens e que levara também a nenhuma pista.
Dez anos se passaram e não havia nenhum indício de solução para o assassinato violento de Tobias, um garoto de 11 anos, cujo corpo foi achado nas margens de um lago da cidade, com sinais de abuso sexual, 37 facadas e órgãos sexuais mutilados.
Há poucos meses a nação se comovia com caso semelhante.
Mirco, um garoto de 10 anos, filho de uma família evangélica pentecostal, havia em condições brutais sido assassinado. 115 dias Mirco ficou desaparecido. Várias buscas, que mobilizaram contingente enorme de policiais e soldados do exército levaram também a resultado algum. Uma série de pistas acabou conduzindo a Olav H., um pai de família, um cidadão aparentemente comum, que confessou o hediondo crime e conduziu ao corpo da vítima.
Para o cristianismo tais criminosos são homens que não podem ser tão rapidamente classificados como não humanos. Para a psicologia não existiria cura definitiva para tais pessoas com desvios sérios, ávidas por exercerem poder e controle em suas piores formas…
No caso do menino Tobias, policiais que vigiavam material pornográfico infantil na internet chegaram ao endereço IP do computador do culpado, Rolf H, um padeiro, que colecionava e comercializava material de pedofilia.
Parado, em frente àquela padaria da Hauptstrasse de Weil am Schönbuch, o experiente criminalista observava clientes entrarem e saírem com seu pacote de pães para um pacífico e familiar café da manhã. Mal sabiam que comeriam o pão preparado pelas mãos do próprio demônio.
Com um mandato policial em mãos o comissário pode investigar o sombrio apartamento do suspeito e encontrar ali material de sobra que o incriminaria, inclusive fotos do pênis amputado, que era ostentado como um troféu pelo feito.
Se os pensamentos, a fumaça ou o frio, não se sabe, mas os olhos do duro comissário estavam envoltos em uma tênue camada de lágrimas.
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