Páginas

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A solidão é o mal

Já mesmo no paraíso o homem experimentava não somente o bem, mas também o mal, até mesmo antes de pecar. Por isso a observação de Deus: é má a solidão humana.

Após criar uma série de coisas e constatar que eram boas, há um hiato onde Deus cria o primeiro macho da espécie humana, observa-o e conclui: Isso não é bom… (que o homem esteja sozinho).

A solidão é o mal. Como as trevas são a ausência de luz, a solidão é a ausência do próximo, ausência da possibilidade do amor, portanto, a ausência do bem.

A solidão de Adão, embora não seja absoluta, pois na presença de Deus o homem não estava sozinho, era uma solidão relativa; pois na criação ele não tinha quem lhe correspondesse. Assim, só, o homem experimentava um mal que não poderia discernir nem conhecer como tal, pois seus olhos ainda estavam fechados para a malícia.

Esbarramos então no problema filosófico da origem do mal.

O problema filosófico do mal é que ele não pode possuir uma origem definida. Caso possuísse, não seria mal, mas mera fatalidade. E se sua origem se encontrasse no Criador, ou o mal não seria mal, ou o Criador não seria bom.

Quando, na parábola do Éden, aparece a serpente personificando o mal, o problema filosófico de sua origem não é resolvido, mas prorrogado, transferido. A aparição da serpente, ou de Satanás, não explica a origem do mal mas a transfere para o campo ético, da vontade individual.

No paraíso, a serpente está sozinha. Deduz-se que sua solidão seja opcional. A serpente não busca a companhia humana, mas tenta destruir os relacionamentos do homem com Deus, e do homem com a mulher. A solidão absoluta não vem do diabo, ela é o diabo.

No paraíso, a mulher, que foi privada do mal da solidão, é quem primeiro teve que encarar o mal da má companhia.

A mulher foi a solução divina para o mal da solidão. Um mal que Adão não poderia discernir. Por isso também não poderia entender o benefício da companhia. O homem experimentava um bem que também não poderia discernir nem conhecer como tal, pois seus olhos ainda estavam fechados para a benignidade.

O que concluímos é que o mal não entra no mundo com a desobediência. O mal já circulava pelas páginas pré-queda do Gênesis. O que entra no mundo, com a desobediência, é o pecado e a morte.

Nenhum comentário: