Há quem creia num deus do futebol. E como todos os deuses, ele é um deus passional, que se ira, ciumento, um deus caprichoso.
A Alemanha é uma nação do futebol, como o Brasil, Itália ou Argentina. Uma das grandes.
Não há como comparar. Brasil e Alemanha, quanta diferença… Históricas, sociais, econômicas, culturais…
Aprouve ao Deus do futebol trazer os guerreiros alemães ao “pacífico” solo brasileiro para ensinar-nos uma dura lição, para nos dar um amargo remédio. Na hora e momento certo, do jeito certo, no lugar certo.
Enquanto os brasileiros tentam juntar os cacos do que sobrou de seu orgulho, de ser o melhor do mundo em alguma coisa, os alemães procuram acalmar os ânimos e não deixarem que a vaidade de um jogo e vitória históricas lhe roubem a humildade – ingrediente essencial para se manter de pé.
“O milagre de Belo Horizonte” entra para a história germânica. O Mineirasso, para a história tupinquim.
Um milagre, porque nem os mais otimistas e nem os mais pessimistas poderiam prever um 7 x 1. Um milagre porque o ciclo natural das coisas foi alterado.
O fracasso da Seleção Brasileira traz a tona, a verdade sobre uma sociedade que se alimenta do teatral, do show, do circo. Porque qual função teria esses senão o analgésico, alucinógeno, o alienador?
Se não houvesse tanta dor para ocultar, tanto fato duro para esconder, tanta ideologia para defender, o circo seria não mais que uma mera diversão. E é nessa medida que os alemães observam um jogo.
A conhecida frieza alemã contrastada com a pieguice brasileira ajuda a colocar as coisas no seu devido lugar. A dar-lhes o seu devido valor.
Valor que, obviamente, o esporte e o futebol possuem, mas que estão posicionados bem abaixo na escala de importância de um país.
As correntes e engrenagens capitalistas que alimentam e sustentam o sistema circense dos esportes, pelo mundo a fora, não são fáceis de serem rompidas. O Brasil não é o único a se aprisionar nelas.
Com um pouco de sobriedade o brasileiro saberá entender o humor do deus do futebol e saber o que ele lhe está dizendo. Com um pouco mais de hombridade e valentia o brasileiro saberá dar início, quem sabe, em uma nova era, em um novo país. Porque “nem só de futebol viverá um povo.”
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