Se Marina não fosse evangélica eu até que votaria nela.
Se os evangélicos não estivessem misturados com gente fundamentalista tipo George W. Bush, Malafaia, Edir Macedo e outros que desvirtuam e comercializam a fé.
Se os evangélicos não fossem aquela minoria estranha, que saem com a Bíblia debaixo do braço, que cantam alto (e às vezes desafinado), que tem um linguajar próprio e um comportamento diferente do da sociedade em geral. Se Marina não fosse um deles...
Se ela tivesse permanecido no lado católico da política, ligada a Betto a Boff se tivesse em sua comunidade de fé nomes como Francisco e Elder Câmara. Ou se ela fosse simplesmente como a maioria dos brasileiros.
Mas Marina é evangélica, protestante. Como foram Calvino, Lutero, Martin Luther King, e os abolicionistas...
Se Marina não fosse negra eu até votaria nela.
Não que eu seja racista. Não! Mas a maioria brasileira é branca. Nossas elites são brancas. Na faculdade, no trabalho, no clube, na família, na televisão, na política, no hospital estou acostumado com gente branca a meu lado. Olhem os outros candidatos, são todos brancos, por que eu teria que votar logo na negra?
Uma negra presidente? Olhem o Obama, ele foi melhor do que os brancos?
Mas Marina é negra. Como Machado de Assis, como Nelson Mandela, como Joaquim Barbosa...
Se Marina não fosse de origem pobre, eu até votaria nela.
Como eu poderia votar numa ex-empregadinha doméstica?
Percebemos que Marina não faz parte da elite social, não faz parte da elite econômica. Se ela pertence a uma elite, é aquela da qual Chico Mendes fez parte, das pessoas que dão sua vida por uma causa, por um ideal, por um valor, por uma comunidade, por um povo… Que não se preocupam com fama, dinheiro ou poder (comportamento típico de pobre).
Tudo bem que ela não continuou pobre. Ela subiu na vida. Mas ela não nega sua origem. Você percebe sua humildade no falar, na postura, no olhar. Marina tem a fibra e a dignidade de quem nunca teve vida fácil.
Mas Marina é de origem pobre. Como tantos que construíram o Brasil, e as grandes nações, e morreram no anonimato…
O brasileiro até poderia votar nela. Mas Marina é evangélica, é negra e é de origem pobre.
2 comentários:
Você não votaria porque distante estás da primeira urna por aí, estou certo? Ou não votaria por uma confusão mental de escolhas e conceitos?
O que é que Bush tem a ver com as eleições no Brasil, só uma leitura misteriosa em mentes que confundem a natureza das coisas. A fé cristã, seja ela onde aparecer, terá sempre o quinhão de ora ser justa e soberana, moral e generosa, e motivo de angústia de tristeza. A Alemanha que o diz.
Há hoje no Brasil há evangélicos de todos os tipos e naipes. Não se pode desejar uma uniformização (e nem uma pureza) como se o evangélico --- qualquer que seja o significado neste nome --- seja um modelito de adoração de uma certa ordem de interesses e desejos bem ao gosto do freguês. Marina é um deles. Mas tem outros e tantos outros como se quiser no balcão da feira evangélica. Qual seria o seu, meu jovem?
Você quer Marina para ver se ela se encaixa em seus desejos políticos? Bem, nesse caso você sonhará com uma figura platônica. Afinal, se você tivesse que apertar a tecla de CONFIRMAR, você votaria em quem? A rigor, seu arrazoado não vai nem para a esquerda, nem para a direita e nem para o centro! Provavelmente votarias para o Senador paulista Gilberto Kassab?
Tens título de eleitor? Já votaste alguma vez na vida? Ou anulaste sempre!
"Não que eu seja racista. Não! Mas a maioria brasileira é branca. Nossas elites são brancas. Na faculdade, no trabalho, no clube, na família, na televisão, na política, no hospital estou acostumado com gente branca a meu lado. Olhem os outros candidatos, são todos brancos, por que eu teria que votar logo na negra?" (Brandão).
Falso como nota de três.
Leio o artigo anterior do rapaz aí, e este. Comparo. A ironia impera em ambos, mais aqui. Eu gosto de ironia. "A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de zombar de alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor", diz a definição. Aqui não se trata de literatura, mas de um simples artigo.
Ironia é coisa de gente inteligente. Mas refiro-me à ironia fina, e não nota de três.
A maioria brasileira é branca? Ironia? Dado estatístico? Seja um o outro é nota de três. Se fato, cheira a racismo. Os alemães nazistas eram bons nisso. Se ao contrário, ironia, é ruim mesmo.
As elites brasileiras são brancas? Ironia? Certamente seria do tipo PeTista. Lula, um homem rico, gosta de usar essa expressão caprichada que ele chama de 'aszelite'. E se for fato? Bem, nesse caso, nota de três de novo porque nem o IBDGE ou o IPEA aparelhado tratam disso.
Conta outra, Brandão.
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