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terça-feira, 16 de abril de 2019

Ele não foi assassinado

Desculpe-me meu amigo, mas Jesus não foi assassinado, não.

Engraçado como que em uma sentença, num ato falho, alguém expõe sua alma, sua teologia, suas convicções.

A análise marxista analisa a sociedade através de uma visão materialista. É o trabalho, a produção, a matéria que determina o campo das ideias. Não o contrário.

Não posso negar por completo a obra de um Karl Marx. Não obstante suas deficiências teóricas são notáveis. Há acertos inegáveis que explicam comportamentos da sociedade e até mesmo a ação da igreja.

Deus se fez carne. Jesus é Deus em carne e osso. Deus homem. O filho do homem e o filho de Deus.

Não se pode negar a encarnação. Isso é diabólico.

Mas negar a divindade do Cristo também não leva a lugar nenhum.

Em toda a trama que é revista por ocasião da Páscoa, onde Jesus é traído, julgado e crucificado fica uma forte impressão de uma derrota daquilo que há de mais nobre no ser humano. Seus sonhos, sua bondade, sua criatividade, sua divindade, sua vida, sua pessoalidade. Jesus é sepultado: um corpo. Materialismo puro e simples...

Tudo leva a crer que as forças do mal conspiraram e foram mais fortes. Um jovem inocente, como jamais existira, fora injustamente morto.

A ressurreição no terceiro dia desfaz, todavia, todas as dúvidas. O Cristo está vivo!

Como assim?

Jesus nos explica: era necessário.

Jesus foi preso como criminoso. Um perturbador da ordem. Mas mais do que isso, sua condenação em primeira instância foi por blasfêmia. Um blasfemador infame, cuja a pena só poderia ser a morte.

Impedidos de executar a pena, os judeus trazem Jesus ao governo secular, a segunda instância. Essa tenta conforme os padrões humanos oferecer um julgamento justo. Fracassa. O que estava em jogo era muito mais complexo e forte do que as leis de Roma pudessem abraçar. Ele é o Rei dos Judeus e usurpa o poder de César. Pena: morte de cruz.

Tendo em suas mãos todo poder argumentativo e sabedoria para se defender e toda retaguarda das hostes celestiais para lutar em seu favor, Jesus simplesmente se entrega. Se submete à vontade do Pai. O objetivo ali não era fugir da cruz a todo preço. Em outras ocasiões, quando os judeus queriam lançar Jesus pelo um precipício ou enviaram guardas para prendê-lo Jesus simplesmente evita a sentença. Sua hora ainda não havia chegado. Mas agora o ponto tinha sido atingido.

Sem correr ao encontro do sofrimento, mas também sem fugir dele, Jesus segue os passos que lhes são propostos um após o outro.

Uma pena de morte não é categoricamente um assassinato. Mas não é esse o ponto. Não se trata de uma questão puramente semântica, jurídica ou de direitos humanos.

Jesus derrama seu sangue, sua vida. Ele oferece o sacrifício substitutivo. Ele paga o preço do resgate, a nossa dívida. Ali é Deus. Filho, mas também Pai. Juntos sofrendo por nós. Pelos nossos pecados. Um sacrifício voluntário. A iniciativa, por mais incrível que pareça, vem de Deus; não dos atores em cena.

Na ressurreição e ascensão as coisas começam a voltar para os seus devidos lugares. Jesus é justificado em espírito. O corpo de Jesus sobe aos céus. Ele se assenta à direita do Pai, de onde a de vir.

Com todo o significado material, da física, e da sociedade, é a metafísica que traz o sentido último. E não poderia ser diferente, pois "Deus é espírito".

São as profecias, o plano e a soberania divina que explicam e definem o sacrifício do Cristo. É a perspectiva da fé, do crente, da Palavra de Deus, e portanto da verdade.

"Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.
Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la" João 10:17.18

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