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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Uma questão de autoridade

Quero trabalhar um pouco mais essa idéia do contraste “graça barata” X “legalismo”.

Estou aqui apenas a escrever um ensaio, como o Alex bem expressou em um de seus textos.

Pesemos alguns pontos práticos, como:

  1. Pregar o evangelho em meio a uma cultura pós-moderna
  2. Viver o evangelho nessa cultura
  3. Preservar a unidade da igreja na igreja
  4. Convívio com outras religiões e crenças

A graça barata é uma clara deturpação do estilo de vida levado por Jesus de Nazaré que convivia com pecadores, ia à procura deles e não estava ali a condená-los, mas, pelo contrário, a perdoá-los.

O legalismo, por outro lado deturpa um estilo de vida mais rígido, mais regrado onde temos em João Batista um dos melhores exemplos. Pelo fato de João Batista viver separado da sociedade, no deserto, e abster-se de vinho e uma série de outras coisas, seu estilo de vida pode muito bem ser (falsamente) interpretado como "o" ideal de vida santa. E o segredo (interpretado de maneira falsa) dessa santidade estaria nessa disciplina rígida, abstenção de prazeres e autocontrole.

Apesar de terem estilos de vida quase que opostos, tanto Jesus como João eram homens que possuíam autoridade, a qual era reconhecida pelas multidões, mas não pelos lideres judeus. Eles tinham autoridade, pois tinham a unção do Espírito, pois levavam uma vida coerente entre discurso e prática, pois Deus confirmava essa autoridade mostrando aos seus seguidores os resultados verdadeiros de seus discursos e ações.

Como aquela sociedade conhecia somente a lei, o legalismo mostrava-se uma barreira especialmente difícil de transpor. E foi fortemente combatido por Jesus. Em contrapartida os legalistas estavam a todo tempo atacando o mestre.

A graça, como era um elemento novo, não sofreria ainda tantos abusos. Não obstante já até houvesse casos isolados mas escandalosos de barateamento da graça, como o de Judas Escariotes, Ananias e Safira e outros. Também vimos que Jesus começou a ser mal interpretado e blasfemado com base em sua atitude mais graciosa.

Parece-me que a maneira de se tratar com esses dois extremos é também bem oposta. E isso veremos em outros ensaios.

3 comentários:

Alex Esteves da Rocha Sousa disse...

Prezado e valoroso Roger,

De fato "a virtude está no meio termo", como disse certo filósofo, que, salvo melhor juízo, teria sido Aristóteles. Veja que do Gnosticismo saíram duas correntes opostas, uma que pregava a abstenção dos prazeres e outra que pregava o enaltecimento dos mesmos prazeres. Ambas partiram do princípio de que a matéria é ruim, só que, enquanto a primeira não queria satisfazer a "carne" com os prazeres do mundo, a outra queria justamente destruir a "carne" com os prazeres do mundo. E assim caminha a humanidade, entre perigosos extremos. João, o Batista, pode ter sido essênio, é o que dizem alguns, e seu ministério personalíssimo não serve de modelo - ele era o precursor do Cristo, e pronto. Mas o ministério de Jesus é aquele que atravessa a cidade de Jericó, por exemplo (Lc 19.1), e que sabe dialogar com "publicanos e pecadores", beberrões e comilões, meretrizes, doutores, viúvas e órfãos.

Lou H. Mello disse...

Sei que o Mestre está em algum lugar, em meio a essas duas pontas, ou seja a beleza contida em qualquer imagem, dependendo de quem vê. Às vezes, quando estou meio sem esperança ou mais eufórico, tenho a sensação de que há algo por trás de tudo que estou vendo. Deve ser culpa dos extremos, sei lá.

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Caros Lou e Alex,

eu, mineiro, não sinto nenhuma dificuldade em ficar em cima do muro... o que às vezes chega a ser também uma posição um tanto quanto extrema.