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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dividir o coração e entregar sorrindo

25112008004 Desde que voltei à Universidade uma pergunta que minhas coleguinhas jovens sempre me fazem é se é verdade que a mãe gosta igualmente de todos os filhos.

Respondo-lhes que não. Que mãe gosta sempre diferente de cada um dos filhos. Aliás seria injusto gostar igual de pessoas tão diferentes. Li, certa vez, a resposta de uma mãe a essa pergunta, gostei muito e assino embaixo.

"A mãe gosta sempre mais do filho ausente, enquanto ele não volta; do que está doente enquanto ele não sara; do que está triste até que ele volte a sorrir; do menorzinho enquanto ele é o menorzinho."

Até aí, eu li. Agora acrescento: Como tem um que fica sempre o menorzinho, fica o mais querido muito tempo, ele mesmo começa a achar a mãe muito chata, que "não larga do pé"e aí a mãe tem de girar a roda.

E isto não é difícil pois haverá sempre um que viaja, outro que tira uma nota menor que o esperado, um que perde o emprego, ou que pega um resfriado, ou que briga com a namorada ou briga com a mãe mesmo. Este é mais perigoso porque a mãe logo pensa: "Mas logo ele que ama tanto...Acho até que gosto um tantinho mais dele que dos outros..."

Mas a roda continuará a girar. Porque ser mãe, apesar da informática e do ônibus espacial tripulado por russos e americanos juntos, da engenharia genética, do bebê de proveta, continua sendo "dividir o coração e entregar sorrindo um pedaço a cada filho".

DURANTE O VELÓRIO A RAQUEL, muito emocionada,  FEZ A LEITURA DESTE  TEXTO ESCRITO POR MAMÃE.

Foto: Reencontro dos irmãos após 10 anos. Da esquerda para direita Paulo, Maria Elisa, Denise, Raquel, Roger.

7 comentários:

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Roger, escuta aqui. Quantos filhos você tem?
Um? Entao vc nao terá como saber essa resposta, rs.

Mas eu tinha muito medo de nao saber amar o segundo filho. Por eu ter esperado muito tempo pelo Daniel, achei que só seria capaz de amá-lo.
Quando a Vivi chegou, foi uma luta, pois ela nao era nada carinhosa como o daniel sempre foi. Os filhos sao diferentes e pelas diferencas passamos a amá-los cada um a sua maneira.

E entao já fizeram biscoitos de natal? Nós já fizemos muitos por aqui.

Bom dia!!!

Felipe Fanuel disse...

Roger,

Comecei a ler o post sem saber a autoria. Só no final pude voltar e reler tudo, com muita calma. Afinal, texto de mãe é sagrado e exige tirar os sapatos, com atenção litúrgica a cada letra.

Um abraço.

Felipe Fanuel disse...

Família bonita!

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Querida Georgia,

minha sogra normalmente fica com a parte dos biscoitos, mas minha mulher já está a olhar os livros de receitas!

Minha esperança é que um dia em breve terei como responder essa pergunta! hehehe

No mais um beijo para você e sua família!

Roger

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Oi Fil,

gostei de sua reverência litúrgica! Você nem imagina como eu e o Alysson falamos de você em BH!! hehehe Então você é também um mineirim e de Itabira?! E eu crente que tínhamos dois cariocas na roda... doce ilusão... só falta o Vítor revelar que é de Montes Claros :S

Um forte e saudoso abraço, mano,

Roger

Alysson Amorim disse...

Roger,

Há velórios e velórios. Ao que me parece, o de sua mãe foi um genuíno rito de passagem; a leitura de um texto como este, da pena de sua mãe, talvez tenha provocado nos presentes aquela sensação transcendental de que a morte é sim uma despedida, mas uma despedida apenas do corpo, do instrumento. A música continuará ressoando, ressoando...

E a família é mesmo bonita.

Um abraço

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Obrigado, Alysson!

Já tenho saudades de nosso próximo encontro. Leve nossa saudação ao Fanuel!

Roger