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sábado, 20 de dezembro de 2008

Um conto de Natal (2)

natal 72 A magia

Ali em minha “cidade natal” havia uma magia inexplicável. Talvez pura radiação das áreas monazíticas, talvez fosse o sol quente, talvez o mistério do mar…

Aquele movimento das ondas incomodavam descaradamente a certeza imóvel que as serras das alterosas nos ensinavam. O oceano provava que tudo poderia ser diferente do velho jeito rotineiro da capital mineira, com suas obrigações maçantes e previsibilidade.

O Mundo era outro, a rede Globo virava TV Gazeta e nos transmitia religiosamente a sua emocionante mensagem de que “hoje é um novo dia de um novo tempo que começou”!

Ali Papai Noel chegava de forma invisível, driblava nossas armadilhas e deixava um brinquedinho embaixo de nossas camas. Lembro-me até hoje da surpresa que tive ao achar pela manha uma sinuquinha, exatamente como lhe havia pedido em minha cartinha.

Pobres meninos… Pobre Papai Noel que desapareceu também como mágica no dia em que após um interrogatório sem fim, puxado por meus irmãos mais velhos e mais expertos, papai acabou confessando sua dupla identidade e nos desapontando profundamente por mentir, fingir e destruir de forma cruel e sem piedade aquele sonho gostoso do pobre velhinho generoso.

Acho que foi a partir de então que deixamos de ganhar presentes no Natal e passamos a ganhar uma quantia justamente homogênea, fixa e reajustável com a inflação, de 300 cruzeiros.

Mas havia ainda muita esperança, afinal aquele dinheiro poderia ser bem empregado nos fliperamas, nas barraquinhas, nos vendedores de picolé e água de coco, no parquinho e principalmente em meu hobby preferido: nossa coleção de selos.natal 73

Continua…

Leia também: Um conto de Natal (1)

3 comentários:

bete p.silva disse...

Lendo você me deu uma santa vontade de ter aquele dinheirinho pra comprar sorvete de casquinha de máquina (lembra, aquele vidrão com "tinta" vermelha de onde saia o sorvete?) e um chocolate que tinha uma vaquinha que esqueci o nome, e um vidrinho de esmalte porque claro eu sou menina.

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Pois é , Bete,

estou nessa santa vontade faz tempo...

bete p.silva disse...

O nome do chocolate era Falchi