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sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Austria, Brüno e a teologia

Ontem saí para assistir Che Guevara e acabei vendo Brüno. Excelente, hilário, perverso e revolucionário.

Se você é mais velho que Sacha Baron Cohen sugiro que assista a versão para adolescentes, a versão longa, pode não caber em seu mundo. O filme não é uma apologia ao homossexualismo mas você será o tempo todo confrontado com cenas “românticas” e bizarras entre dois machos.

Um dos momento mais divertido do filme, em um Ring de Vale Tudo, onde a platéia clama por sangue e a testosterona impregna o ar, Sacha choca todo mundo com uma cena de erotismo explícito entre dois homens. A contradição é louca, os americanos tarados por sangue pagam para ver dois homens se agarrando como animais, desde que o objetivo final seja um matar o outro, caso contrário é ultrajante - não tem como não rir da reação do público.

Brüno não perde em nada para Borat. A fórmula funcionou novamente. Sacha é o ícone da pós-modernidade. Debochando de tudo e de todos, com seu sarcasmo inglês, nenhum valor deixa de pé. Na pele de um austríaco ele ri de Hitler austríaco, dos astros do cinema e na cara de terroristas do oriente médio.

Brüno, um gay austríaco vai buscar ajuda nos americanos puritanos. Não poderia dar outra, mais uma vez o zelosos evangelicais passam ridículo, por culpa própria.

Justamente a Áustria que foi palco de escândalos sexuais dos mais absurdos nos últimos anos, é a pátria eleita por Sacha para seu personagem Brüno. Às vezes as pessoas gostam de classificar países como Áustria de pós-cristão. Não entendo porque. Quando foi mesmo que a Europa se tornou cristã? Foi quando chovia bombas nazistas, ou quando os canhões de Napoleão marchavam até Moscou? Será que foi quando a Alemanha se dividia entre protestantes e católicos, uns degolando os outros? Ou talvez quando o povo comprava lugares no céu para seus avós mortos ou quando Inocêncio regia em Roma, ou será que foi quando os Bárbaros tomavam a cidade eterna ou quando Constantino se converteu?

Não. Não vejo a Áustria mais ou menos cristã que o Brasil. É uma nação que precisa de ajuda e precisa de ajudar, tal qual nosso país tropical, ou qualquer país do globo. Se lá você vê outdoors de prostitutas pelas ruas ou sexshops a cada esquina, no Brasil as crianças são abusadas e vendidas independente da força do capital estrangeiro, lá os índices de alcoolismo e suicídio são altos e no Brasil são altos os índices de homicídio e consumo de drogas e a miséria ainda reina não por falta de recursos.

O filme é revolucionário pois agride aos valores hipócritas da sociedade burguesa. Um Che hoje seria anacrônico, mas talvez Sacha consiga mostrar de forma mais eficaz que em meio a toda podridão possa existir ainda, esperança e algo por que não lutar.

“Bruno, o filme” está previsto para estrear no Brasil no dia 14 de agosto. Clique aqui e veja o trailer do filme legendado em português.

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